Em uma cerimônia que durou menos de 30 minutos, o presidente Michel Temer deu posse na tarde desta terça-feira (10) a Caio Vieira de Mello como ministro do Trabalho. O nome do novo titular foi anunciado na noite de segunda (9), quatro dias depois de o ocupante anterior do cargo, Helton Yomura, ter sido afastado por determinação judicial.
O ministro não fez discurso da cerimônia de posse, mas concedeu entrevista ao final. Questionado sobre se fará uma limpeza na pasta, envolvida em escândalos da Operação Registro Espúrio, que apura fraudes em registros de sindicatos. “Se for necessário será feita (a limpeza)”, respondeu.
Participaram do evento parlamentares de Minas Gerais, seu estado de origem, e representantes da indústria como o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade. O ex-presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Grandra Filho, um dos principais defensores da reforma trabalhista, também compareceu.
Mello afirmou que é um nome técnico e que acredita que poderá contribuir com a pasta devido aos seus 50 anos de experiência. Ele atuava no escritório de Sergio Bermudes, função da qual diz ter se desligado ao aceitar o convite de Temer, e já foi desembargador do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 3ª Região.
“O que sentimos hoje no Brasil é uma tensão muito grande entre capital e trabalho, e nossa ideia é justamente não só valorizar o trabalho como também diminuir, através de medidas, essa tensão existente hoje entre as duas forças”, afirmou ao ser perguntado sobre qual será sua missão.
Em tom de brincadeira com o fato de ser mineiro, Mello disse que vai agir como os naturais de Minas e estudar a estrutura do ministério antes de fazer alterações em seu quadro. “Se tiver capacidade técnica a pessoa fica”, afirmou sobre servidores que tenham ingressado por meio de indicação política.
A escolha do ministro teve como base conversas do presidente Temer com magistrados com quem tem relação de amizade, como Ives Gandra e o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O presidente buscou ainda um nome de Minas Gerais, que há tempos vinha contestando o fato de o estado não ter até então nenhum representante na Esplanada dos Ministérios. Além de Mello, o advogado João Avelar, também é mineiro.
O Ministério do Trabalho foi alvo de uma série de escândalos recentemente envolvendo seus titulares. Yomura foi alvo, na última quinta (5) de nova fase da Operação Registro Espúrio, que apura irregularidades envolvendo registros de sindicatos.
Temer enfrentou uma batalha judicial depois de tentar nomear a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para comandar a pasta. Ela foi impedida por decisão da Justiça e também é alvo da Registro Espúrio.
Na noite de quinta, o presidente nomeou um de seus principais aliados, ministro Eliseu Padilha, para ocupar o cargo. A escolha se deu depois de o governo avaliar que os secretários que ocupam o ministério também podem estar envolvidos no esquema apurado pela Polícia Federal. O ex-secretário-executivo da pasta, Leonardo José Arantes, estava fora da função depois de ter sido preso em junho. (Folhapress)
{nomultithumb}