Em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, o secretário da Saúde de Aparecida de Goiânia, Alessandro Magalhães, apontou o balanço referente ao primeiro quadrimestre de 2025. Segundo ele, o município reduziu em 30% o quadro de profissionais da área.
O secretário destacou, ainda, a busca de recursos para investimentos na área que visam à ampliação de atendimentos, bem como a manutenção do abastecimento de insumos e medicamentos para a oferta da assistência adequada ao paciente no município.
Confira, abaixo, a entrevista em sua íntegra:
Altair Tavares
Secretário, ao fim de 2024 havia aí uma situação de muitas dívidas na saúde, dívidas com a HMAP, o balanço desse quadrimestre agora mostra o quê?
Alessandro Magalhães
Bom, nós estamos tentando corrigir os rumos da Secretaria, do HMAP nós estamos apurando efetivamente o quanto nós devemos, até porque no final do ano passado deixaram de repassar e algumas metas não foram atingidas, então a comissão de acompanhamento do convênio nosso junto com a HMAP está ajustando isso para que a gente tenha um número real efetivo. Além disso, nós estamos começando a normalizar o abastecimento da Secretaria, a parte de urgência a gente já conseguiu, mas a parte ambulatorial ainda está para chegar os medicamentos, os insumos, para que a gente consiga fazer assistência adequada ao paciente hipertenso, diabético, que tem problema de saúde mental, então isso acredito que agora até o final desse mês a gente consiga equalizar.
Altair Tavares
Nesse período, a rede, em termos de profissionais, teve algum tipo de ajuste?
Alessandro Magalhães
Teve, devido à crise financeira da Prefeitura, dentro da Secretaria de Saúde nós precisamos cortar 30% do nosso quadro, e aí estamos trabalhando muito ajustado, além disso, nós tivemos aí alguns déficits de profissionais na área de enfermagem, que a gente está equalizando agora, a parte médica está equalizada, nós não estamos tendo dificuldades, mas a sobrecarga dos serviços está posta aí. Por exemplo, em um dia só de segunda-feira, na UPA Buriti, nós atendemos mais de 700 pessoas, então o volume é muito acima da capacidade dessa UPA, mas devido ao atendimento prestado, a resolutividade do serviço, muita gente procura, inclusive de outras regiões do Estado, então isso sobrecarrega os nossos serviços.
Altair Tavares
Isso, de certa forma, limitou a oferta de exames, que é o acompanhamento para o tratamento?
Alessandro Magalhães
A gente não limitou, mas se tivesse mais recursos, daria para ampliar, então nós estamos trabalhando nesse limite, então algum tempo de espera para alguns exames que a gente não via no passado, hoje, aumentou, então nós estamos trabalhando junto ao Ministério da Saúde, eu e o prefeito tivemos algumas vezes em Brasília, temos conversado com a bancada de deputados federais, de senadores, para que a gente possa trazer um novo recurso e assim investir mais na Secretaria de Saúde e na Saúde Pública aqui de Aparecida.
Altair Tavares
Qual o volume da demanda da saúde em Aparecida?
Alessandro Magalhães
É difícil medir a demanda de saúde, até porque necessidade de saúde, cada um que sabe, mas hoje a gente tem, por exemplo, uma UPA nossa trabalhando, atendendo até 15 mil pacientes por mês, que é um volume muito grande. As UBS também estão tendo uma procura maior, nosso centro de especialidades, as nossas consultas, por isso que a gente realiza mutirões. Então, assim, aferir o tamanho dessa demanda, ela é hipotética. A gente tem um planejamento, mas ela, na maioria das vezes, extrapola. Um exemplo, num planejamento do Ministério da Saúde, eu precisaria em torno de 8 mil ultrassons, não teria demanda nas portarias do Ministério. A gente já faz 10 mil e tem pacientes esperando.
Altair Tavares
Ou seja, a demanda avaliada, então, está subdimensionada.
Alessandro Magalhães
Na realidade, é aquilo que eu falei, trabalhar com necessidade é difícil. A minha necessidade de saúde é uma, a sua é outra. Então, muitas vezes, a gente trabalha com parâmetros que a população não se encaixa. Exemplo: tomografia. O Brasil é um campeão de tomografias. No HMAP.
Altair Tavares
Não é necessário?
Alessandro Magalhães
Não. Muitas vezes, não. Por exemplo, no HMAP, é feito quase 3 mil tomografias por mês.
A gente fez um levantamento, de cada 100 tomografias, apenas 30 tinham alterações importantes que justificavam a solicitação. As outras 40% ou 40 tomografias não tinham indicação para nada. Veio normal.
E as outras 30, foi um achado pontual que não tem significado clínico.
Altair Tavares
Tomografia virou um estepe em virtude de outros procedimentos que podem identificar o que o paciente precisa?
Alessandro Magalhães
Isso. E aí, a gente tem trabalhado para qualificar nosso atendimento, nosso profissional médico, nosso profissional de enfermagem, para evitar esses desperdícios. Que, para mim, é um desperdício.
Mas, como hoje, a gente tem todas as regulamentações e a gente não pode limitar a solicitação, então, nós temos esse cenário.
Altair Tavares
O senhor disse que o HMAP tem uma comissão de acompanhamento. O que ela faz? O que ela controla?
Alessandro Magalhães
Ela controla as metas, a aplicação do recurso e a execução disso dentro do HMAP.
Altair Tavares
Ela afere uma prestação de contas também?
Alessandro Magalhães
Isso. Mensalmente, trimestralmente e semestralmente.
Altair Tavares
Isso, internamente, é suficiente para a gestão entender claramente hoje?
Alessandro Magalhães
Sim. Além dessa comissão, nós temos um verificador independente que é uma auditoria nossa, externa, que verifica as metas, as prestações de contas e apura qualquer irregularidade ou qualquer não alcance de metas e como que a gente vai conduzir isso para frente.
Altair Tavares
Se um prestador de serviço lá está com preço diferente, a comissão sabe, consegue controlar, consegue intervir?
Alessandro Magalhães
Consegue. Consegue indicar para o HMAP que esse valor não é de mercado e aí eles podem renegociar os valores.
Leia mais sobre: Aparecida de Goiânia / Aparecida de Goiânia / Cidades