14 de fevereiro de 2025
Relatório

Sandro Mabel contesta déficit de R$ 389 milhões e reforça ‘calamidade pública’ nas finanças

Segundo Mabel o déficit total é de cerca de R$ 4 bilhões. O número inclui o resultado negativo de 2024, dívidas com fornecedores, na saúde e de órgãos como a Comurg e o Imas
Mabel também questionou a discrepância nos valores divulgados, afirmando que a dívida da Saúde pode ser muito maior do que a mencionada no relatório. Foto: Altair Tavares
Mabel também questionou a discrepância nos valores divulgados, afirmando que a dívida da Saúde pode ser muito maior do que a mencionada no relatório. Foto: Altair Tavares

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (5), o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), se posicionou contra os números referentes à dívida da Prefeitura, que apontam um déficit de R$ 389 milhões. Os dados, divulgados pelo jornal O Popular na terça-feira (4), fazem parte do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) referente ao 6º bimestre de 2024, publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de 30 de janeiro.

Em entrevista ao O Popular, o atual secretário municipal da Fazenda, Valdivino Oliveira, classificou o déficit de R$ 389 milhões como “palatável”, argumentando que os números registrados no balanço fiscal são fáceis de gerir. Contudo, ele destacou que as dívidas fora do balanço, como as relacionadas à Comurg, ao Imas e à Saúde, são mais desafiadoras.

Mabel, no entanto, contestou os dados apresentados. “Bom, as situações de calamidade pública, quem achar que não tem, senta ali na cadeira do secretário da Fazenda e você vai ver, quando você tem quase R$ 4 bilhões de reais para pagar”, afirmou, sublinhando a gravidade do cenário financeiro da Prefeitura. A crítica se estendeu à análise do Tribunal de Contas, que considerou apenas as dívidas registradas no balanço e excluiu as não empenhadas, como as da Saúde e do Imas, que, segundo o prefeito, representam desafios ainda maiores.

O prefeito também questionou a discrepância nos valores divulgados, afirmando que a dívida da Saúde pode ser muito maior do que a mencionada no relatório. “Não existe essa conta que hoje eu vi no jornal, um antigo gestor dizia que a conta era de R$ 300 e poucos milhões, deve ser de R$ 160 para a maternidade, vai lá na Fundadora e vai falar que deve ser de R$ 160 só”, ironizou. “O custo da cidade teria que ir mais de R$ 240 milhões no Imas, tudo fora do padrão”, ressaltou, reforçando que a situação financeira de Goiânia é mais grave do que o relatório indica.

Em nota, a assessoria de Rogério Cruz destacou que o ex-prefeito entregou a gestão com um caixa de R$ 653,5 milhões, sendo R$ 81,4 milhões de recursos não vinculados e R$ 572,1 milhões destinados a áreas essenciais, como Saúde e Educação. “Essas informações oficiais refutam as alegações incorretas que atribuem à gestão de Rogério Cruz passivos históricos da Comurg (Companhia de Urbanização de Goiânia) e do Imas (Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia), dívidas acumuladas ao longo de várias décadas”, afirmou a nota.

Decreto de calamidade

O decreto de calamidade, publicado em janeiro pela Prefeitura, foi um ponto de discussão, sendo aprovado pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) apenas para a Saúde, e não para as finanças. Apesar da decisão, Mabel defendeu a importância da medida, que considera essencial para enfrentar a crise financeira. “Isso daí é que nós temos que dar uma conscientizada, que nós estamos numa calamidade e precisamos ter isso daí para podermos gerir melhor a cidade”, afirmou, destacando que a gestão precisa de instrumentos administrativos eficazes para lidar com a situação.

Segundo a coluna Giro, o secretário enviou ofício à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em que reiterou o pedido para que os parlamentares reconheçam a calamidade financeira em Goiânia. Oliveira reconheceu que a votação na Alego é uma questão burocrática, mas destacou a importância institucional.

Por fim, Mabel afirmou que, independentemente das divergências, a administração municipal continuará trabalhando com os recursos disponíveis. “Agora, você vai fazer o seguinte, aí se não decretar, decretou, vamos fazer com os instrumentos que nós temos”, concluiu.


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