13 de maio de 2025
CORDA BAMBA

Saída de Lupi é tida como certa no governo federal

Pressionado por escândalo no INSS, mesmo sem ser investigado, apesar da omissão, Carlos Lupi está de saída do Ministério da Previdência, informa Folha de S. Paulo
Avaliação de fontes do governo é de que Lupi pode sair a qualquer momento porque situação ficou insustentável - Foto: divulgação / PDT
Avaliação de fontes do governo é de que Lupi pode sair a qualquer momento porque situação ficou insustentável - Foto: divulgação / PDT

O jornal Folha de S. Paulo divulgou nesta sexta-feira (2) que a saída do ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) está sendo articulada para acontecer entre esta sexta (2) e segunda-feira (5) por causa do escândalo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Lupi não teria resistido à pressão após ter sido revelado publicamente um esquema dentro do INSS sob o controle de pessoas que ele indicou, e que lesou milhares de aposentados e pensionistas.

Apesar de ter sido blindado até agora por autoridades do governo, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, por vários dias, Lupi não conseguiu se distanciar do problema, embora não haja acusações e provas de que ele estivesse envolvido.

O que agravou contra a permanência dele é a ideia de que o ministro não tomou providências para deter o problema sobre o qual chegou a ser alertado internamente meses antes. Além disso, passou uma imagem de omisso também porque “não reagiu como deveria após a explosão do caso”, aponta a Folha.

O jornal informou que ao menos dois auxiliares do governo, apontam que Lupi pode deixar o cargo ainda nesta sexta.

Origem foi durante governo Bolsonaro

Aos meios de comunicação, interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm distanciado o problema do governo atual. Eles enfatizam que o esquema revelado pela Polícia Federal (PF) foi instalado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além disso, os governistas destacam que coube à gestão de Lula fazer as investigações e afastar suspeitos. Um deles foi o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi indicado por Lupi e demitido em meio ao escândalo.

Para somar nos argumentos que buscam afastar o escândalo das condutas do governo atual, Lula escolheu pessoalmente o novo presidente do Instituto, Gilberto Valle Júnior. Ele é corregedor da Procuradoria-Geral Federal e apontado como um perfil investigador apropriado ao cargo.

Apesar de aparentar abatimento visível nos últimos dias, Carlos Lupi não dá sinais de que pretenda se afastar espontaneamente, mas segundo as fontes do jornal, a expectativa é que, sob pressão, o próprio ministro entregue o cargo. “A ministra Gleisi Hoffmann está encarregada dessa articulação, segundo fontes”.

O assunto é muito delicado para o PT porque Lupi é presidente licenciado do PDT, um partido aliado, e uma saída que cause ruptura enfraqueceria ainda mais a base do governo.

Agente da PF suspeito de envolvimento

Entre os investigados por envolvimento em fraudes que levaram ao desvio de milhões de reais de aposentados e pensionistas está o agente da PF Philipe Roters Coutinho. Segundo a Folha, ele aparece com pessoas investigadas pelo esquema em situações fora do perfil da atividade, dentro do Aeroporto de Congonhas. Por exemplo, ele transportou os suspeitos no carro da própria corporação.

Na casa do agente a PF encontrou US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) em espécie durante uma operação de busca e apreensão, segundo o jornal.

O relatório da PF sobre a investigação listou vídeos do agente conduzindo dois investigados em área restrita do Aeroporto de Congonhas, no final de 2024. Os investigados são Danilo Berndt Trento e Virgilio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, procurador-geral do INSS.

O relatório aponta ainda que Oliveira Filho e pessoas ligadas a ele teriam recebido R$ 11,9 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, que é conhecido como “careca do INSS” por atuar como lobista de empresas dentro do instituto, cooptando funcionários para o esquema.

Em nota enviada à Folha, o advogado de Philipe Roters Coutinho, Cristiano Barros, afirmou que o cliente “não possui qualquer vínculo com nenhuma questão relativa à investigação envolvendo o INSS” e que não conhece Vírgilio de Oliveira Filho, mas sim Danilo Trento. Disse ainda que o dinheiro apreendido com o agente não guarda “qualquer relação com a referida investigação” e que as explicações sobre a origem do numerário “serão fornecidas às autoridades competentes no momento oportuno”.


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