30 de abril de 2025
Esportes

Saf´s no futebol: sonhos realizados e pesadelos confirmados

Foto - Reprodução: BahiaVascoBotafogo
Foto - Reprodução: BahiaVascoBotafogo

Por conta de más gestões de dirigentes no futebol brasileiro, clubes entram em uma crise financeira tremenda. Vale lembrar do Santa Cruz e do Paraná. Até pouco tempo atrás ambas as equipes estavam disputando a elite do futebol brasileiro. Em 2015 e 2017, respectivamente. Hoje, onde essas equipes estão? Nem Série D disputam. O que seria a solução para esses times? Virar SAF igual a Portuguesa de São Paulo virou esse ano? Com isso, a ideia de transformar clubes em SAF’s tem se tornado uma alternativa para os torcedores aqui no Brasil. Para muitos times, a SAF surge como uma solução mágica, capaz de tirar os clubes da crise financeira e trazer uma estabilidade. Olha o Botafogo. Quase falido em 2020, disputava a Série B em 2021. Chega Textor em 2022 e em 2024, é campeão da libertadores e do Brasileirão. Parece até simples

Porém, é preciso olhar mais de perto e entender que o caminho até esse futuro não é tão simples quanto parece. A solução pode não ser tão rápida ou garantida quanto imaginam os que esperam por títulos imediato. Segundo o Globo Esporte, em 2013, a dívida do Flamengo era de mais de 750 milhões de reais. O time carioca era um dos clubes mais endividados do país, seus rivais faziam chacota. Nenhum jogador queria jogar lá , o rubro-negro quase foi rebaixado. Passou anos sem conquistar nada, nem brigava por grandes coisas. Segundo o UOL, atualmente a dívida do Mengão é cerca de 300 milhões de reais. Hoje, graças a competência de seus dirigentes, a realidade é completamente diferente. Porque os clubes querem se tornar SAF, mas não tentam ser um Flamengo da vida? Sem um sócio majoritário por trás. De acordo com estudo do Football Money League, o rubro-negro é o clube mais rico do mundo fora da Europa. Esse é um modelo que devia ser seguido. Sem necessariamente se vender para uma empresa ou para um bilionário.

É importante notar que o investimento de uma SAF possa parecer uma resposta para os problemas financeiros de um clube, não há garantias de sucesso. A experiência de outras agremiações que tentaram adotar o modelo mostra que não é todo dinheiro do mundo que se transforma em ganhos. Um clube precisa de muito mais do que apenas dinheiro, precisa de planejamento estratégico, paciência, e administração. A pressão por resultados rápidos pode ser perigosa e acabar prejudicando mais do que ajudando. A SAF no Vasco, por exemplo, até atrasou salários dos jogadores. Segundo o site lance, a dívida do clube carioca depois da chegada da SAF aumentou para mais de 1 bilhão. Torcedores vascaínos pedem a saída da 777 Partners, dona da SAF cruzmaltina. Assim, a mudança de gestão exige tempo e uma visão de longo prazo, algo que o futebol nem sempre tem a paciência. O torcedor brasileiro exige por resultado imediato.

Vale ressaltar que a SAF deve ser tratada com paciência , com uma visão estratégica de longo prazo, que considere não só a modernização da gestão, mas também a preservação da identidade do clube. Afinal, não basta ter um novo modelo de gestão se ele não refletir o real potencial do clube, e que não seja responsável. A SAF do Bahia segue esse exemplo. Comprado pelo Grupo City, a SAF do clube baiano é pensado a longo prazo.

Fair play financeiro

Devemos considerar que essa nova onda no futebol brasileiro, surge um outro tema a ser discutido. Recentemente, Leila Pereira, Presidente do Palmeiras, propôs aos clubes, o fair play financeiro. Essa ideia foi adotada nas ligas ao redor do mundo e busca evitar que clubes gastem mais do que arrecadam. Para times brasileiros, que lidam com dívidas históricas, o fair play é uma espécie de um “guarda-chuva” que ajuda a evitar uma crise ainda maior no futuro.

O fair play, aliado à SAF, pode se tornar um obstáculo. Por um lado, ele traz a garantia de que os clubes não se endividem e que as finanças sejam mais transparentes com seus torcedores e mídia. Por outro, pode limitar a ação de investidores que desejam fazer grandes movimentos financeiros para melhorar o time mais rápido e alcançar resultados a curto prazo.


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