O governador Ronaldo Caiado (UB) disse que havia uma asfixia imposta pelo grupo de partidos do Centrão para concentrar a decisão sobre candidatura a presidente em 2026 e que a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro causa impacto positivo ao romper esse processo. A declaração foi em entrevista coletiva nesta terça-feira (9).
“O Centrão queria concentrar em um candidato só. Essa candidatura do Flávio Bolsonaro foi extremamente positiva no sentido de dizer que cada partido vai cuidar do seu. Não venha querer achar que todo mundo é massa de manobra de alguém para ser caudatário de uma decisão, inibindo os pré-candidatos”, afirmou Caiado, que também tem pré-candidatura confirmada.
Caiado definiu o lançamento de Flávio como “uma coisa maravilhosa, porque esse negócio de candidatura de bolso de colete, ninguém aguenta mais. Cada um que toque sua candidatura, na verdade. E cada um que tem a competência para tocar. O cara que der conta de chegar lá, ótimo, vai construir o apoio dos outros no segundo turno. Agora, esse garroteamento partidário, isso é o que tem de mais nocivo do mundo, isso destrói a condição. Você não pode viver uma ditadura partidária”, apontou.
O governador disse que em sua visão isso o que fez a família Bolsonaro é que é o o correto. “Isso é que é salutar. Não é você querer fazer um garroteamento nos partidos e dizer, o candidato é só um, o candidato é só ele. (…) Vamos reunir todo mundo aqui, vamos tirar a condição de todo mundo ser candidato e vamos comprar a candidatura dele. Era o que estavam fazendo. Era uma asfixia dos partidos, desrespeitando as lideranças políticas”, reforçou.
Para Ronaldo Caiado, não procedem especulações de bastidores indicando que o lançamento de Flávio – que não aparece bem nas pesquisas, enquanto outros do Centrão, como Tarcísio Freitas, de São Paulo, aparecem -, seria só uma estratégia para depois consolidar apoio a outra candidatura. “Não acredito nisso”, comentou.
Sobre Tarcísio, que vinha dizendo ser candidato à reeleição ao governo de São Paulo, apesar de flertar com a família Bolsonaro, Caiado lembrou que na segunda-feira (8), Tarcísio disse apoiar a decisão de lançar o filho mais velho do ex-presidente. “Por que ele não se lançou ontem? Porque declarou apoio ao Flávio”, questionou para completar em seguida: “A candidatura do Flávio rompeu essa concentração de poder dos partidos em estrangularem os pré-candidatos”.
Bolsonaro não dividirá espólio fora da família, aponta Caiado
Na visão de Ronaldo Caiado, o que ficou claro é que Jair Bolsonaro não transfere seu espólio a ninguém. “Isso é do sistema político. Ele [Jair] acha que aquilo que ele construiu durante os anos de mandato dele, o Flávio vai dar conta de tocar e que outros não dariam. Ou, se outros dessem, ele não teria confiança porque não vão ter a lealdade com ele amanhã”, avaliou.
Ele exemplificou com as expectativas do ex-presidente com apoio de líderes que ajudou a eleger para o projeto de anistia para evitar a condenação na ação penal do Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado, que não avançou. “Acumula nele [Jair] um sentimento de dizer, olha, é preferível eu ir para um debate com o meu filho, que é senador, do que eu entregar [o apoio político] a alguém que vai usufruir do meu espólio, e que amanhã vai me largar lá, esquecido, e que nada vai acontecer”, analisou Caiado.
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