Na quinta-feira desta semana, dia 26, fez cinco anos da primeira morte por Covid-19 registrada em Goiás. Também foi a primeira a ocorrer na Região Centro-Oeste. Coube a uma idosa de 66 anos, que tinha retornado recente de Brasília para Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, ser a vítima inicial.
Sua morte chamou a atenção dos goianos para a tragédia que viria no transcorrer dos picos da pandemia em cidades de Goiás e ainda com mais força em outros estados e regiões, como São Paulo, Amazonas e Nordeste.
Morte no HDT
A idosa, que representa o marco da doença em Goiás, morreu 14 dias apenas depois da primeira vítima a ser registrada no Brasil. Trazida do isolamento em uma UPA de Luziânia para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia, ela não resistiu.
Também mulher, de 57 anos, a primeira a morrer por causa da Covid estava internada em São Paulo. Morreu em 12 de março de 2020. No ano seguinte, o país passou a registrar cerca de 3 mil mortes por dia.
Era uma época em que alguns governantes estavam mais envolvidos em preservar a população e estabelecer medidas de isolamento, até a chegada de uma vacina. Foi o que ocorreu com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB). Na outra ponta, outros se ocupavam em negar, minimizar os riscos sanitários e vacinas, e focar na economia, como o então presidente da República, Jair Bolsonaro (hoje no PL). Enquanto isso, o coronavírus não via fronteiras e se espalhava.
Perdas chegaram a mais de 630 óbitos por dia
Apenas de 2020 a 2023, a Covid matou quase 700 mil pessoas no Brasil. Foram precisamente 696.809 mortes em 1.095 dias. Ou seja, o país perdeu 635,77 brasileiros por dia, durante três anos, conforme os registros do Ministério da Saúde. Registros estes que foram cuidadosamente acompanhados por um pool inédito de grandes jornais brasileiros, atentos em ajudar na luta contra a doença. O que esse pool fornecia era informação, replicada por mais veículos, como o Diário de Goiás e tantos outros.
Pessoas mais fragilizadas foram vitimadas com mais intensidade, sofrimento e rapidez. Foi o caso da moradora de Luziânia que marcou tristemente a história. Foi internada no dia 24 de março de 2020 e morreu no dia 26 daquele mês.
Além de ter se recuperado havia pouco tempo de uma dengue forte quando foi contaminada pelo coronavírus, “ela era hipertensa, tinha diabetes e doença pulmonar obstrutiva crônica”, alertou na época o governador Caiado, lamentando o óbito.
Números dobravam com os meses
Confirmando o perigo da doença, apenas quatro meses depois da primeira morte, o Diário de Goiás registrava: “Em Goiás, média móvel de mortes por Covid-19 cresce em julho e passa de 40 pela primeira vez”. Era o dobro do registrado um mês antes.
Atualmente, sob aparente controle no país, a Covid ainda preocupa. De acordo com o Informe Epidemiológico do Ministério da Saúde, até a semana epidemiológica 7 de 2025 (encerrada em 15 de fevereiro), foram notificados 108.410 casos e 511 óbitos causados pela Covid-19 no Brasil. Alguns estados, entre eles Goiás, nem atualizaram seus dados devido a uma instabilidade no sistema, fazendo crer que o número pode elevar.
Por isso a necessidade de atualizar a vacinação a cada ano é sempre enfatizada pelas autoridades. Inclusive porque, a despeito do tamanho da tragédia nacional e mundial causada pela pandemia, há quem até hoje evite a imunização ou resista a sanções quando ela é cobrada dos responsáveis por crianças.
Prova disso, há poucos dias, um casal recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra uma punição por não ter vacinado a filha de 11 anos durante a pandemia. Perderam, por unanimidade.
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