O prefeito de Caldas Novas, Kléber Marra (MDB), se queixou nesta terça-feira (11) dos recursos recebidos pela cidade para a saúde pública. Caldas é o maior destino turístico goiano, classificada na categoria A do ranking de cidades turísticas do Brasil, divulgado pelo Ministério do Turismo. Por conta disso, estima ele, tem um público flutuante que pode chegar a 5 milhões de pessoas, mas só recebe recursos para os 104 mil habitantes.
Em entrevista ao editor-geral do Diário de Goiás, jornalista Altair Tavares, o prefeito analisou o cenário, apontando as dificuldades para dar uma resposta à altura de uma cidade turística. Por exemplo, o paradoxo de promover uma festa de carnaval e prestar um atendimento nas unidades que satisfaça os turistas, com o volume incompatível de recursos. Esse ano, mesmo sem uma programação organizada pela Prefeitura, o Carnaval levou mais de 700 mil pessoas para Caldas Novas. O prefeito comentou também o recuo na cobrança da Taxa do Turismo.
Leia a entrevista abaixo!!!
Altair Tavares – Como a saúde é administrada em Caldas Novas, considerando que o senhor me informou que recebe 5 milhões de turistas por ano, que tem que dar assistência para esses turistas, mas não tem receita?
Kléber Marra – Nós temos um déficit muito grande na saúde em função da questão procedimental dos recursos do Ministério da Saúde do SUS para os municípios. Então, em Caldas, nós recebemos recursos de acordo com os dados do IBGE, para tratar uma população de 104 mil habitantes. Nós temos uma população flutuante, que chega a 5 milhões de turistas por ano, onde muitas vezes o turista está ali, precisa da unidade de saúde e nós temos que atendê-lo bem. Nós temos que levar ali um tratamento de primeira qualidade para que também o turista leve uma boa impressão da nossa cidade. Com isso, temos que investir R$ 25 milhões por ano de recursos municipais, dos tributos municipais e também de recursos vindos de emendas federais.
Ainda tivemos aí um processo em relação às emendas, em relação ao STF, [ao ministro] Flávio Dino, onde por seis meses nós tivemos as emendas federais travadas. Isso trouxe um certo desconforto à questão dos profissionais, mas em nenhum momento os profissionais pararam.
Altair Tavares – Então, a prefeitura usava o dinheiro das emendas Pix para pagar a saúde?
Kléber Marra – Para complementar 25 milhões por ano para o tratamento de [pessoas] flutuantes nas unidades de saúde. Dinheiro esse que nós não recebemos do Ministério da Saúde, nós recebemos emendas Pix, emendas também de bancada. Nós temos lá também vários deputados nos ajudando estaduais. Nós temos lá [os deputados estaduais] Amaurí Ribeiro e Lucas Calil. Temos a Flávia Moraes que também tem nos ajudado como deputada federal. A deputada Magda Moffato tem contribuído bastante por ser deputada da cidade. Tem levado muitos recursos também para a cidade, tanto para a saúde quanto para as outras áreas.
Altair Tavares – Nessas cidades turísticas que têm essa população flutuante, Pirenópolis, Alto Paraíso, digamos que é a mesma realidade?
Kléber Marra – A mesma realidade, inclusive nós já chegamos a reunir prefeitos das cidades turísticas do Brasil, em Brasília, em torno mais ou menos de 400 e tantos prefeitos, e cobramos uma resolução por parte do Ministério da Saúde. [pedimos] Alguma lei por parte do Congresso que ajuste essa situação, para que os municípios possam receber recursos para bancar o tratamento dos flutuantes enquanto ali estão.
Altair Tavares – Nesse caso, por exemplo, no Carnaval, agora, qual foi a demanda na saúde em com a cidade cheia?
Kléber Marra – Foi imensa, imensa a demanda. Os feriados é que realmente demandam mais cuidado aos nossos turistas e um maior investimento. Nós tivemos lá a cidade cheia, graças a Deus. Não produzimos evento público, porém os clubes fizeram vários eventos particulares e a cidade lotou de família, lotou de criança, lotou de jovem e foi um Carnaval muito abençoado, onde o comércio também agradeceu. Houve aí um faturamento muito bom por parte do comércio e Caldas cada dia mais aumentando o número de turistas. A gente está lá também montando as estruturas, as infraestruturas.
Altair Tavares – E sobre aquela polêmica em relação à taxa do visitante turista, ela foi implantada e ‘desimplantada’… o senhor já reavaliou essa situação?
Kléber Marra – Inclusive a Taxa do Turismo, a TPA, a Taxa de Proteção Ambiental, nós estávamos implantando ela justamente para compensar esses recursos que nós investimos na rede pública de saúde ao tratamento ao turista, ao flutuante. Mas nós refluímos da taxa, achamos que não era a hora certa e nós vamos futuramente estar avaliando novamente a questão da taxa. Mas, por enquanto, ela está revogada, foi mandado o projeto de lei por nós para a Câmara Municipal e nós estamos com ela revogada nesse momento.
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