O prefeito Sandro Mabel anunciou que pretende adjudicar (expressão jurídica que implica na transferência de um imóvel para um credor) o Jóquei Clube de Goiânia para usar o espaço como centro de games e centro cultural, entre outros. A intenção de absorver o clube já fazia parte do projeto Centraliza, como mostrou o Diário de Goiás, em outubro de 2023, mas agora o atual prefeito disse que vai implementar o projeto por partes e já encaminhou questões relativas ao Jóquei, embora os associados desconheçam (leia ao final).
“Já mandei adjudicarmos o Jóquei Clube porque eles devem para a Prefeitura. Vamos dar uma arrumada e fazer um grande centro de games e cultural também, junto com a iniciativa privada”, afirmou o prefeito. A fala veio durante entrevista à Tv Anhanguera nesta quarta-feira (26) sobre um balanço dos dois primeiros meses, comentando a aguardada revitalização do Centro de Goiânia.
Mabel não explicou se via para assumir Jóquei Clube será judicial ou extrajudicial
Mas o prefeito não detalhou se vai ser uma transferência (adjucação) judicial ou extrajudicial. O clube deve milhões em impostos municipais, mas existem outros credores.
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Mabel disse que já decidiu implementar o Centraliza, proposto na gestão anterior, por partes. Esse ano, quando Goiânia será ponto central das comemorações do Centenário da Art Déco no Brasil, ele disse que vai determinar a pintura de todas as fachadas construídas nesse estilo.
Já na rua 8, um ponto atrativo da região, ele disse que espera que os bares fiquem nas vielas e avisa que vai revitalizar a iluminação, além de reforçar a segurança e a limpeza. “Ali vai virar um ponto turístico”, prevê.
Mabel também disse que pretende autorizar a abertura de bares e restaurantes na Avenida Goiás. “Vamos revitalizar o Centro por partes”, o quê, segundo ele, inclui um “plano audacioso de habitação, para colocar 25 mil moradores”.
Além disso, o prefeito disse que até 30 de março serão criados 6 mil novos pontos de estacionamento em área azul no Centro. Além disso, que vai buscar aprovação na Câmara Municipal na parte que envolve incentivo (isenções de impostos por exemplo) previstos no centraliza para abrir estacionamentos na região.
Camelôs saem da 44 até 30 de março
Mabel também disse que a Avenida 44 também está no radar. “Dia 30 de março não tem mais camelô na 44. Estamos fazendo um plano e vamos colocar eles dentro das lojas, das galerias e eles vão pagar aluguel, condomínio, até virar um comerciante normal”, declarou.
Por fim, Mabel repetiu que até o final desse ano não vai ter “nenhum morador de rua em Goiânia”. Pessoas que querem ir embora estão recebendo roupa, passagem e assistência se estiverem doentes. “Vão ser cerca de 500 nessa situação [indo embora nos próximos dias]”, segundo ele. Além disso, Mabel afirmou que está disponibilizando atendimento em comunidades terapêuticas para os dependentes químicos que vivem nas ruas de Goiânia.
Sócios não foram procurados
Até o momento os cerca de 2 mil sócios do Jóquei Clube desconhecem a intenção do prefeito de adjudicar o imóvel, mas provavelmente ele não terá muita resistência. Isso desde que a Prefeitura assuma ou encontre outra saída para as centenas de ações judiciais envolvendo o clube, mergulhado em uma crise que já dura cerca de duas décadas.
Último presidente do Jóquei, o médico Fausto Gomes, deixou o cargo há dois anos e até hoje não encontrou substituto. Por isso continua mediando alguns assuntos sobre o clube. Em entrevista ao Diário de Goiás nesta quarta-feira (26), ele disse que “ninguém da gestão procurou nenhum membro do Jockey, da diretoria, ninguém”. Mas afirmou que existe interesse da maioria dos sócios em encerrar o imbróglio porque ele envolve também dívidas e ações judiciais.
“Eu acho que se o Centraliza começasse pelo Jóquei Clube, ali já seria um foco de radiação de progresso para todo o centro”, declarou.
Em seguida ele reiterou que ainda não houve proposta sobre o Jóquei Clube vinda da gestão de Mabel. “Mas a gente pode conversar e fazer a coisa, inclusive, de uma forma mais fácil, para resolver o problema do Jóquei, resolver o problema da cidade, do Centro, o problema dos joqueanos, que são quase 2 mil sócios, e sócios remidos, que não têm o clube e ficam com essa pendência na vida, a vida toda”, disse.
Adiante, falou sobre a expectativa dos sócios. “Se a prefeitura realmente assumisse o Jóquei e fizesse alguma coisa boa ali, eu acredito que os próprios donos, que são os sócios, ficariam até felizes. Mas acho que a primeira coisa que deveria acontecer seria realmente o prefeito procurar, nos procurar, para fazer uma coisa aberta, uma coisa bem feita, para que os associados pudessem participar”, afirmou o médico.
Ele sugere um entendimento envolvendo o Poder Judiciário, a Câmara Municipal, o Ministério Público, para uma saída juridicamente legal, “para que ninguém tivesse problema no futuro. Até porque nós temos centenas de ações na Justiça. A prefeitura vai assumir nossas ações? Vai passar por cima delas?”, pergunta ele.
“Estamos realmente dispostos a sentar com ele, negociar, até quem sabe, passar o Jóquei para a prefeitura, se ela pretende fazer uma coisa boa lá. E assim os associados também vão resolver esse problema crônico, que não resolve nunca”, pontuou dizendo que todos entendem que o clube jamais vai voltar a ser o que era. “Aquele local será um mocó no centro da cidade, o maior mocó no centro de Goiânia”, lamentou.
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