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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira (17) o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o deputado Alexandre Ramagem, todos do PL, no inquérito que investiga o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar adversários e disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral. O caso ficou conhecido como “Abin Paralela”. Diferente do divulgado anteriormente, o ex-presidente não está na lista dos mais de 30 indiciados.
A investigação aponta que o esquema teria ocorrido durante o governo Bolsonaro, quando Ramagem era diretor-geral da Abin. A PF viu indícios suficientes de autoria para que os investigados se tornem réu em um processo penal se a Procuradoria-Geral da República (PGR) entender por oferecer denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). Cabe ao Supremo decidir se prossegue com uma ação após a demanda da PGR.
Mais de 30 pessoas foram indiciadas no caso da “Abin paralela” pela PF, que já enviou o relatório final ao STF.
Conforme a BBC, entre os indiciados estão autoridades que integram a atual gestão da agência, como os delegados Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega e o corregedor-geral José Fernando Chuy. Todos são delegados de carreira da PF nomeados ao cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Corrêa, por exemplo, lembra a BBC, é suspeito de ter autorizado uma ação hacker da agência contra autoridades do governo do Paraguai.
Conforme a investigação, Ramagem teria sido responsável, quando ainda diretor-geral da Abin, por estruturar um esquema de espionagem ilegal que mirava, entre outros, em adversários políticos do governo.
Já Bolsonaro teria se beneficiado do esquema de espionagem ilegal montado na Abin, mas não foi indiciado.
O filho, Carlos, por sua vez, teria usado as informações obtidas pela agência de inteligência para alimentar uma rede de perfis em redes sociais com ataques a adversários do governo.
Bolsonaro e Ramagem têm negado a existência de estruturas paralelas na agência e a participação em espionagens ilegais.
Carlos Bolsonaro ironizou o indiciamento em postagem na rede social X (antigo Twitter): “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”.
Já a Abin divulgou nota sobre o assunto no início do ano onde afirma: “A atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”.
Papel de Alexandre Ramagem:
- Estruturou rede de espionagem ilegal na Abin, segundo a PF.
- Usou a agência para monitorar adversários e proteger aliados.
- Teria repassado informações sigilosas ao núcleo político de Bolsonaro.
Ligação de Carlos Bolsonaro:
- Apontado como integrante do “núcleo político” da Abin Paralela.
- Teria requisitado dados sigilosos à Abin para atacar adversários.
- Usou informações obtidas para alimentar perfis em redes sociais.
O que foi apurado sobre Jair Bolsonaro, que acabou não sendo indiciado:
- Teria se beneficiado da espionagem ilegal durante seu governo.
- Sua estrutura produziu dossiês e espalhou fake news contra autoridades.
- Monitoramento ilegal atingiu ministros do STF, políticos e jornalistas.
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