07 de julho de 2025
RESPINGOS PERIGOSOS

Pesquisa Quaest: escândalo das fraudes no INSS afeta avaliação de Lula

Quaest mostra que 31% acreditam que responsável pelas fraudes no INSS foi o governo Lula mesmo tendo iniciado no anterior; comunicação falha
Fraudes no INSS esbarram na avaliação e atrapalham governo, apontam Quaest - Foto: arquivo
Fraudes no INSS esbarram na avaliação e atrapalham governo, apontam Quaest - Foto: arquivo

A Genial/Quaest divulgou nesta quarta-feira (4) a terceira rodada de pesquisas de 2025 contemplando a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com cenário de dúvida que o escândalo das fraudes no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) pode explicar. Em relação à economia, caíram de 56% para 48% os brasileiros que veem piora nesse quesito; a percepção sobre alta de preços de alimentos caiu de 88% para 79%, e a de combustíveis passou de 70% para 54%, mas a desaprovação está alta.

O problema da desaprovação estar elevada é porque ela contradiz os outros números revelados na pesquisa, que em grande parte são positivos.

Os números mostram alta desaprovação, mas estabilidade. Em relação à pesquisa Quaest anterior, a parcela que não aprova o governo do petista oscilou um ponto percentual para cima – de 56%para 57%. A aprovação caiu em igual patamar, passando de 41% para 40%.

A pesquisa, que ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios entre os dias 29 de maio e 1º de junho, é a primeira realizada após o escândalo de fraudes no INSS, revelado em abril, e teve um bloco sobre o assunto.

A fraude, envolvendo descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas, teve ampla repercussão: 82% dos entrevistados disseram estar cientes do episódio. Para 31%, o principal responsável pelo esquema é o próprio governo Lula; 14% apontaram o INSS, e 8%, o governo anterior, de Jair Bolsonaro.

Desse modo, embora as apurações indiquem que teria sido no governo anterior que os desvios iniciaram, a pesquisa sinaliza a dificuldade do governo atual para esclarecer os fatos à população. Nem a mudança no comando da Comunicação Social do governo, no início do ano, contornou esta tendência seis meses depois.

Leia também: AGU pede bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 entidades investigadas por fraudes no INSS

Em entrevistas nesta quarta-feira o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, destacou entre os motivos para essa contradição está a ampla repercussão de notícias negativas. Comentando uma “guerra de narrativas” ele observou: “A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo”.

Para o pesquisador, a narrativa da oposição está vencendo com maior eco nos meios de comunicação e redes sociais. “O eleitor está mais difícil de ser convencido e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição. O governo está perdendo tempo”, completa.

Mais sobe a pesquisa:

  • Lula é desaprovado por 54% das mulheres, 47% dos que têm até o Ensino Fundamental e 49% dos que ganham até 2 salários mínimos – componentes da base tradicional de apoio do presidente.
  • Pela primeira vez, a desaprovação supera a aprovação entre os católicos: 53% a 49%.
  • Para 45%, governo Lula está pior do que o esperado.
  • 61% avaliam que o Brasil está na direção errada. Em janeiro eram 50%.
  • Governo é apontado por 31% como responsável pelo desvio do dinheiro do INSS.
  • Avaliação geral do governo: a pesquisa mostra uma piora de dezembro de 2024 a maio –  negativa para 43%, regular para 28% e positiva para 26%.
  • Para 61%, o Brasil está na direção errada, contra 56% em março e 50% em janeiro.

Escândalo das fraudes no INSS

O esquema de fraudes no INSS que foi objeto de um bloco da pesquisa, como mostram os números citados anteriormente, foram revelados por reportagens do portal Metrópoles. As apurações sobre os desvios levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram a Controladoria-Geral da União (CGU). “Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi”.


Leia mais sobre: / / / Geral / Política