10 de dezembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Signates analisa: Haverá uma candidatura petista a governador de Goiás em 2014?

A indagação despontou no site Diário de Goiás como uma temática de interesse, pois cogita-se o enfraquecimento do governo Marconi, após o episódio Cachoeira e as visíveis dificuldades estruturais que a administração estadual tem enfrentado. Análises prévias nesse sentido apontam para uma provável derrota marconista em 2014, o que assanha a oposição em Goiás.

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Na contrapartida desse processo, evidenciou-se nas eleições deste ano um destaque aos prefeitos petistas reeleitos de Goiânia e Anápolis, que, além do eterno candidato do PMDB, passaram a ser cogitados como eventuais pré-candidatos a governador, numa disputa contra Marconi Perillo, caso se candidate à reeleição. A pergunta estimulada pelo Diário de Goiás é nesse sentido direta: haverá uma candidatura petista a governador de Goiás em 2014?

Uma análise dessas não pode deixar de levar em consideração uma série de condicionantes que concorrerão para definir quem e como a oposição, seja PT, seja PMDB, seja uma coligação de ambos, definirão suas candidaturas a governador.

Do lado peemedebista, se não houver nenhuma surpresa, o nome será o de sempre: Íris Rezende. No lado petista, de fato, despontaram, a partir destas eleições, os nomes de Paulo Garcia e Antonio Gomide. Isso, além de um antigo pré-candidato, o deputado federal Rubens Otoni.

O nome de Garcia surge em primeiro lugar apenas porque Goiânia é a Capital do Estado. Nem sua administração, nem os resultados eleitorais que obteve superam os resultados relativos do prefeito de Anápolis. O que demonstra que ser prefeito de capital é, por si só, uma indicação de pré-candidatura ao governo estadual.

O nome de Gomide advém de seu resultado eleitoral fora do comum. Afinal, numa cidade como Anápolis, obter algo próximo de 90% dos votos válidos não é para qualquer um. Trata-se, sem dúvida, de um político diferenciado.

Ocorre que Gomide tem um obstáculo de monta: seu irmão, o deputado federal Rubens Otoni,apesar do pequeno desgaste sofrido com o caso Cachoeira (digo pequeno desgaste porque ele agiu acertadamente, na defesa da própria imagem: explicou-se rapidamente aos seus pares dentro do partido, efetuou apenas uma declaração pública e silenciou depois, sendo em seguida completamente protegido pelo partido – tanto que o nome dele sequer foi citado no Relatório da CPMI).

Quem conhece os irmãos Otoni Gomide sabe bem que ambos convivem em clima de forte disputa política, mas, na hora do vamos ver, pelo menos até então, um nunca se coloca em colisão pública com o outro. Ao contrário, Rubens Otoni compartilha poder com o irmão dentro da Prefeitura de Anápolis e obtém dele o apoio que precisa para ser um dos políticos mais votados de Goiás. Nesse sentido, pelo menos até hoje, o prefeito Gomide não demonstrou qualquer intenção pública de disputar com o irmão e aliado a pré-candidatura a governador.

Entre Garcia e Gomide, porém, há algo em comum: ambos assumiram compromissos de mandato. Mas, vejamos a relatividade disso.

Garcia deixou de ser o continuador de Íris e começa agora a exercer o mandato que é especificamente seu, o que, até certo ponto, limita suas pretensões em 2014. Contudo, é de política que estamos falando. Não se deve deixar de cogitar na hipótese de ser visto como natural ele, após ter recebido de Íris a prefeitura no meio do mandato, devolver a outro peemedebista profundamente ligado a Íris a segunda parte do seu próprio mandato. Isso é viável? Somente o tempo dirá.

E Antonio Gomide, além de também ter um mandato a cumprir, não gosta pessoalmente da ideia de abandonar uma administração recebida pela metade. Houve, inclusive, quem me dissesse que ele, no discurso comemorativo de sua reeleição, prometeu em palanque permanecer na prefeitura até o último dia dos quatro anos… Contudo, dificilmente ele resistiria a um pedido unificado de seu partido ou da coligação para disputar o pleito estadual e, mais ainda, pode-se duvidar que algum eleitor seu em Anápolis o repreenderia por isso ou, menos ainda, deixaria de votar nele por esta razão.

Onde ficamos, depois de todos estes elementos avaliados? Penso que, neste ponto, é preciso considerar o elemento fundamental que tem faltado às análises em geral sobre a possível candidatura de oposição em Goiás: o elemento Brasília. Sim, o interesse específico de Dilma, indiscutivelmente candidata à reeleição em 2014, no jogo pesado do PT com a base aliada.

Em outras palavras, uma candidatura petista em 2014 depende, radicalmente, do interesse do Governo Federal e de sua repercussão em Goiás. Até as eleições de 2010, a decisão nesse sentido tem sido invariavelmente a mesma: em troca do apoio do PMDB à candidatura petista à presidência da república, o PT goiano tem aberto mão de suas ambições estaduais e apoiado a candidatura peemedebista ou, pelo menos, não a atrapalhado.

Logo, Garcia, Gomide ou Rubens Otoni podem não ter chances, se Íris Rezende fechar com o governo federal o apoio do PT regional à sua candidatura. Simples assim. Em outros termos, salvo se houver a remotíssima possibilidade do PMDB romper com o PT a nível federal, a fim de lançar candidatura própria contra Dilma e Lula, quem deverá decidir a candidatura petista ao governo do Estado de Goiás deverá ser Íris Rezende. E, caso isso aconteça, por razões até de relacionamento pessoal, Paulo Garcia talvez tenha as melhores chances.

 


LuisSignatesPor Luis Signates, Doutor em Comunicação. Professor da UFG. Diretor da Rádio Universitária

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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