Quantas vezes você já se perguntou por que faz o que faz? Não “o que você faz” — isso está no crachá. Mas por quê? Para quem trabalha com gestão de pessoas, saúde, educação, indústria ou qualquer outro campo, essa pergunta é mais que filosófica — é estratégica. Porque profissionais conectados ao seu propósito transformam ambientes, processos e, principalmente, pessoas.
Durante um evento realizado pela Secretaria de Administração Pública do Governo de Goiás (SEAD/GO), que reuniu servidores públicos para celebrar o Dia do Profissional de Recursos Humanos de 2025, um conceito se destacou: o propósito é o ponto de virada na gestão pública — e ouso dizer, na gestão em qualquer setor. Ele é a ponte entre o que nos move por dentro e o que o mundo precisa por fora. É o alinhamento entre talento, paixão e contribuição. Quando encontramos esse ponto de conexão, o trabalho deixa de ser mecânico para se tornar significativo.
Não é utopia. É potência. Imagine um técnico que entende que sua função vai além de “tramitar papéis” e passa a enxergar seu trabalho como viabilizador de políticas públicas que impactam vidas. Ou uma psicóloga que vê seu atendimento não apenas como rotina, mas como oportunidade de restaurar a dignidade de alguém. O cargo é o mesmo. O impacto, não.
Essa mudança de mentalidade — do cargo para o propósito — é o que diferencia profissionais que cumprem função daqueles que deixam legado. Em tempos de sobrecarga, burocracia e desânimo generalizado, o propósito é o que sustenta. É ele que mantém viva a esperança de que nosso trabalho importa, mesmo quando os aplausos não vêm.
Mas o propósito não nasce pronto. Ele se constrói nas perguntas que nos desafiam: que valor pessoal você não abre mão no seu trabalho? Quando foi a última vez que se sentiu genuinamente útil? Se sua função desaparecesse hoje, o que a sociedade perderia? Essas respostas revelam não só a identidade do profissional, mas também sua relevância na engrenagem coletiva.
E aqui está o convite mais potente: alinhe o seu “porquê” com o nosso “pra quê”. A música mais transformadora da gestão é aquela em que o instrumento pessoal se harmoniza com a partitura institucional. Um servidor, um colaborador, um gestor conectado ao seu propósito se torna um multiplicador. Inspira, propõe, acolhe, transforma.
Não importa se você atua em um hospital, numa escola, numa linha de produção ou em um escritório de Gestão de Pessoas. Gente com propósito muda o sistema — começando pelo seu crachá, sua sala, sua equipe. O ponto de virada pode ser você. E talvez, sem perceber, já tenha começado a ser.

Rafaela Veronezi é neurocientista, palestrante, pesquisadora e Superintendente da Escola de Saúde de Goiás