14 de outubro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 18/04/2024 às 17:25

Explorando o ridículo na internet e o abuso de conteúdo nas redes sociais

Imagem: reprodução/Tiktok
Imagem: reprodução/Tiktok

As redes sociais já são, hoje, o palco principal para a disseminação de conteúdo no mundo, moldando não apenas nossas interações diárias, mas também influenciando nossas percepções, opiniões e até mesmo nossos comportamentos. Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), 5,4 bilhões de pessoas, ou 67% da população mundial, têm acesso à internet. No entanto, em meio ao vasto oceano de postagens, vídeos e, claro, memes, surge uma tendência preocupante: o abuso do ridículo para garantir engajamento.

Produtores de conteúdo em diversas plataformas estão se utilizando de estratégias cada vez mais extremas para capturar a atenção do público. Desde títulos sensacionalistas até desafios perigosos, o objetivo final parece ser um só: gerar cliques, curtidas e compartilhamentos a qualquer custo, mesmo que isso signifique explorar o lado mais obscuro do humor e da sensacionalização.

Um dos exemplos mais evidentes dessa prática é o surgimento de desafios virais que desafiam os limites do bom senso e da segurança. Jovens e adolescentes são incentivados a participar de atividades que vão desde danças arriscadas até ingestão de substâncias perigosas, tudo em busca da fama instantânea proporcionada pela viralização nas redes sociais. O resultado? Um aumento alarmante nos casos de lesões e até mesmo mortes relacionadas a esses desafios.

Além disso, a disseminação de informações falsas, sensacionalistas ou até com erros ortográficos e gramaticais feitos de propósito também se tornamram uma prática comum. Manchetes exageradas e notícias fabricadas são compartilhadas sem qualquer verificação de veracidade, alimentando um ciclo de desinformação que pode ter consequências graves para a sociedade. No caso dos erros propositais, eles são feitos por “influenciadores” de diversas formas para que o seu público perceba e comente, apontando o erro e, assim, gerando ainda mais engajamento.

Há ainda, uma das “estratégias” ainda mais preocupantes: o desperdício de comida. Muitos usuários gravam vídeos desperdiçando comida em meio a roteiros “cômicos”, o que também gera muito engajamento, seja qde quem acha isso engraçado e de quem tira um tempo para criticar tais atitudes. A busca incessante por cliques e visualizações muitas vezes se sobrepõe à responsabilidade ética dos produtores de conteúdo, levando a um ambiente online cada vez mais tóxico e polarizado.

Outro aspecto preocupante é a exploração do ridículo em busca de entretenimento a qualquer custo. Vídeos e memes que ridicularizam indivíduos ou grupos com base em características físicas, étnicas ou sociais são compartilhados amplamente, perpetuando estereótipos e preconceitos. O humor ofensivo e o bullying virtual se tornaram uma parte aceita da cultura online, contribuindo para um ambiente hostil e alienante para muitos usuários.

Diante desse cenário, é crucial que os usuários das redes sociais na internet adotem uma postura crítica em relação ao conteúdo que consomem e compartilham. Questionar a veracidade das informações, recusar-se a participar de desafios perigosos e denunciar conteúdo abusivo são passos importantes para combater essa tendência preocupante.

Além disso, as plataformas de mídia social têm a responsabilidade de implementar medidas eficazes para combater a disseminação de conteúdo prejudicial. Isso inclui políticas rigorosas de moderação de conteúdo, algoritmos que priorizem a qualidade sobre a quantidade e a promoção de uma cultura online mais inclusiva e respeitosa.

Em última análise, o abuso do ridículo na internet é um reflexo da sociedade em que vivemos, onde a busca por fama e reconhecimento muitas vezes se sobrepõe aos valores éticos e morais. Como usuários e como sociedade, é nosso dever resistir a essa tendência e promover uma cultura online mais saudável e responsável. Somente assim poderemos verdadeiramente aproveitar o potencial positivo das redes sociais como ferramentas de comunicação e conexão.

Carlos Nathan Sampaio Silva é formado em comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista em SEO, comunicação corporativa e mídias digitais

A opinião deste artigo não necessariamente reflete o pensamento do jornal.