Alô, amigos.
“Eu tenho um preço.” Há frases que revelam mais do que o autor imagina. Esta, dita pelo Flávio Bolsonaro, o presidenciável preferido do papai, expôs um caráter em liquidação: honradez, dignidade e ética viraram mercadorias na prateleira da conveniência política.
Quando alguém que pretende governar o país admite ter “preço”, admite também que seus valores são negociáveis. E um líder sem valores é terreno fértil para chantagens, recuos e barganhas que desonram a vida pública. Não surpreende, então, que a frase tenha caído como uma bomba no colo do próprio clã, já desgastado pela dificuldade de unir a direita.
Paira no ar a leitura de chantagem: desistência em troca de anistia. Mas é preciso dizer com todas as letras — e repetir, para não haver dúvida: essa tal anistia é um embuste, um cheque sem fundos. Ainda que aprovada, é inconstitucional e juridicamente inválida. Não apaga crimes, não reescreve a história, não purifica culpas. É pura ilusão embalando conveniências.
Num país sedento por decência, ouvir um pretendente ao Planalto declarar “eu tenho um preço” é mais do que constrangedor: é um diagnóstico. E o diagnóstico é grave, porque quem coloca preço em si, coloca preço no Brasil e isso, definitivamente, não podemos aceitar.
Luiz Carlos Bordoni, paulista de Monte Aprazível, que se tornou um comunicador admirado na televisão, rádio e jornais do estado de Goiás. Filho de Aristides Bordoni e Maria Zapolin cursou Ciências Jurídicas e Política, radicando-se em Goiânia na década de 1970.

Rogério Paz Lima
Rafaela Veronezi