15 de março de 2025
Opinião
Publicado em • atualizado em 14/03/2025 às 10:47

A taxação de Trump exige “nervos de aço”

Foto: Reprodução/CNN
Foto: Reprodução/CNN

Nessa quarta-feira, a contragosto dos países exportadores de aço e alumínio, entrou em vigor a tão falada taxa sobre os produtos, que o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, vinha anunciando. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a medida tende a gerar uma queda de mais de 11% das exportações do aço brasileiro, de 700 mil toneladas na produção anual, superior a 2% no setor de metais ferrosos e uma perda de 1,5 bilhões de dólares em exportações.

Embora a queda represente apenas 0,03% das exportações totais do Brasil, o setor exportador vai sofrer com essa política. No curto prazo, a tendência é de que o aço tenha que ser absorvido internamente, abaixando os preços dentro do país. Contudo, se a política se mantiver no médio prazo, desorganizando as cadeias globais de produção, o quadro pode se reverter e o preço do aço voltar a subir, uma vez que o preço do produto depende da produção em escala, que, nesse cenário, será reduzida com a queda da demanda. O setor demoraria um bom tempo para se recuperar, dependendo de novos acordos e rearranjos do Brasil com outros países.

Nesse sentido, o governo brasileiro não deve cair em provocações e ser o mais cauteloso possível. Assim como em seu primeiro governo, Trump muda posicionamentos como troca de roupa. Isso significa que é preciso aguardar as tratativas diplomáticas, pois é possível que ele troque as taxações por quotas, por outras condições, ou até suspenda a taxação. Ao mesmo tempo, é o momento do Brasil acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), para que, em conjunto com outros países, tente conter a crescente protecionista. Por fim, é fundamental se aproximar mais ainda da União Europeia e dos países asiáticos, onde também se encontram grandes importadores do aço brasileiro como Alemanha e China.

Caso os EUA mantenha essa política, darão mais um passo no sentido de um isolamento político e econômico. Seria dar mais um passo rumo a uma economia que nos lembra uma economia de guerra, que é caracterizada pela renacionalizarão da produção, como é a da Rússia atualmente, o que é extremamente perigoso, pernicioso e antiquado.

Os desafios são significativos, mas também representam uma oportunidade para o Brasil repense sua inserção no comércio internacional. O governo deve agir com firmeza e tranquilidade, explorando as vias diplomáticas, diversificando os mercados e fortalecendo sua indústria. Assim, com uma estratégia bem estruturada, o país poderá minimizar os danos e manter sua posição como um importante player no mercado global de aço.

Fábio Júnior é Economista, membro da Liga Acadêmica de Estudos Políticos da PUC Goiás e mestrando em Ciência Política e Relações Internacionais pela UFG

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