09 de fevereiro de 2025
ESCOLA DE PAPEL

MPGO deflagra operação contra venda de diplomas e carteiras de estudantes falsos que começou por Perolândia

Investigação usou técnicas inéditas como a interceptação telemática e a infiltração virtual, realizada pela primeira vez em investigações do MPGO
Documentos falsos apreendidos durante operação Foto CyberGaeco MPGO
Documentos falsos apreendidos durante operação Foto CyberGaeco MPGO

Um grupo que vendia carteiras de estudante e diplomas falsos em todo o país, inclusive para profissões da saúde, e que atuou em ao menos uma cidade goiana, Perolândia, foi desarticulado nessa terça-feira (21). O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Cibernético (CyberGaeco) do Ministério Público de Goiás (MPGO), em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de Pouso Alegre (MPMG), realizou a Operação Escola de Papel, mirando a organização criminosa cibernética.

Segundo divulgou o CyberGaeco, os investigados venderam milhares de carteiras de estudantes e diplomas com informações ideologicamente falsas a pessoas de todo o País. Os nomes dos envolvidos na fabricação dos documentos falsificados e dos compradores ainda não foram divulgados.

Prisões, mandados de busca e bloqueio de dinheiro por produção de carteiras e diplomas falsos

​Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e oito mandados de busca, todos na cidade de São Lourenço (MG). Houve ainda o cumprimento de medidas de alcance em ambiente virtual, como a autorização de coleta automatizada de dados em servidor virtual, que significa uma busca e apreensão feita em ambiente virtual de provas ligadas à produção das carteiras de estudante e diplomas falsos

​Também houve, por ordem da 1ª Vara das Garantias de Goiânia, a determinação do bloqueio de todos os bens móveis e imóveis dos investigados, incluindo eventuais valores existentes em contas bancárias ou aplicações financeiras, no montante de R$ 17,3 milhões de cada um dos representados.

Investigação teve início em Perolândia, no Sudoeste Goiano

A investigação teve início quando servidores públicos de Perolândia, no Sudoeste de Goiás, apresentaram diplomas falsos visando ao recebimento de gratificação de 30% de incentivo profissional por aperfeiçoamento ou capacitação. Todavia, todos os diplomas, das mais variadas áreas possíveis, pertenciam a uma mesma instituição, localizada a mais de 1mil km de distância da cidade, o que levantou suspeita.

​Ainda segundo o divulgado pelo MPGO, a investigação prosseguiu e foi descoberta a organização criminosa cibernética responsável pela venda de diplomas e carteiras de estudantes, por meio de dois sites. Milhares de pessoas tiveram contato para obter os documentos falsos, “incluindo diplomas em áreas sensíveis, relacionadas à medicina e outras ciências correlatas, sempre com carga horária escolhida por quem adquiria a certificação e incompatível com a realidade”.

Técnicas inéditas de investigação

No curso da investigação, foram empregadas diversas técnicas investigativas, algumas inéditas, como, por exemplo, a interceptação telemática e a infiltração virtual, realizada pela primeira vez em investigações do órgão. 

Nesta operação, houve ainda a determinação de medidas judiciais atípicas, como a coleta automatizada de dados, com o uso de softwares para coletar documentos falsos como as carteiras de estudante e os diplomas, existentes em ambientes virtuais, em uma espécie de busca e apreensão virtual por meio de dados obtidos em interceptação telemática.

Exclusão das buscas e patrocínios dos envolvidos na produção de carteiras e diplomas falsos

​Também determinou-se a desindexação das instituições envolvidas na fabricação e fornecimento de carteiras de estudante e diplomas falsos em buscador da internet, derrubada de patrocínios, suspensão de perfis de redes sociais e takedown (derrubada) de seis sites ligados ao grupo.

As investigações continuam em andamento pelo CyberGaeco do MPGO, segundo o órgão, com previsão de ser oferecida denúncia em breve, após a análise do material apreendido.

A operação contou com a participação de 49 agentes, entre promotoras e promotores de Justiça, servidores públicos e policiais militares dos Estados de Goiás e de Minas Gerais.


Leia mais sobre: Geral