15 de fevereiro de 2025
EM TRAMITAÇÃO

No Congresso, “PL Véio da Havan” mira empresários que financiam golpes

Proposta do deputado federal Guilherme Boulos prevê que empresas que financiem tentativas de golpe fiquem proibidas de participar de licitações
Delação que cita envolvimento de empresário bolsonarista em tentativa de golpe foi motivo de batizar o projeto com nome dele - Foto: redes sociais
Delação que cita envolvimento de empresário bolsonarista em tentativa de golpe foi motivo de batizar o projeto com nome dele - Foto: redes sociais

Empresários que financiaram a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, ou outras situações semelhantes, podem perder o direito de participar de licitações ou contratos com entes públicos, entre outras punições. Essa é uma das propostas contidas em um projeto de lei protocolado na quarta-feira (4) na Câmara dos Deputados.

O autor do projeto é o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) que batizou de “PL Véio da Havan”, em alusão ao empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. O empresário, bolsonarista radical, é acusado por Boulos de ser um dos incentivadores dos atos golpistas de 2023.

O texto, protocolado na Câmara, estabelece que empresas que apoiem ou financiem esses movimentos ficarão proibidas de participar de licitações e de celebrar contratos com a administração pública por até 20 anos.

Exemplo a ser apontado

“O Véio da Havan é um exemplo didático e cristalino desse perfil que queremos combater, e daí o nome do projeto”, disse Boulos, justificando o nome dado ao projeto de lei.

O parlamentar afirmou que sua intenção é criar uma medida para combater o “golpismo bolsonarista” e citou o suposto envolvimento do empresário, revelado em depoimentos colhidos pela Polícia Federal: “O Véio da Havan foi citado na delação de Mauro Cid como um dos empresários que pediram para Bolsonaro ‘virar a mesa’. Suas lojas também foram pontos de concentração de golpistas. Isso é inaceitável”, informou uma nota divulgada por Boulos.

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid detalhou na delação que Hang participou de um grupo de empresários favoráveis a impedir a posse de Lula. Citou, inclusive, que a reunião teria acontecido em 7 de novembro de 2022, uma semana após a vitória de Lula no segundo turno.

Cid afirmou que Hang e outro empresário pediram que o ex-presidente exigisse do Ministério da Defesa um relatório “mais maduro” sobre as supostas existências de fraudes nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral para que pudessem “virar o jogo”.

Versão de Hang contra “PL Véio da Havan”

À coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, Luciano Hang classificou as declarações do deputado como infundadas. “A proposta intitulada “Véio da Havan” é um absurdo e totalmente descabida, porque vem carregada de falsas e graves acusações. Jamais atentei contra o Estado de Direito”, se defendeu.

Ele seguiu questionando a capacidade do parlamentar: “Me causa espanto que alguém com essa mentalidade ocupe um cargo de deputado federal”. Também disse que nunca participou e jamais participará de licitação pública. Por outro lado, não comentou o envolvimento do nome dele na delação de Mauro Cid.


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