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Múltiplas candidaturas bolsonaristas ao Senado em Goiás favorecem Marconi Perillo

Por 2 anos atrás

Especialistas e analistas políticos ouvidos pelo Diário de Goiás após a publicação da pesquisa Diagnóstico/DG nesta quarta-feira (10/08) pontuam que múltiplas candidaturas bolsonaristas podem acabar favorecendo o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) que pode herdar votos de eleitores que costumam votar em candidatos posicionados à esquerda. No levantamento, o tucano aparece com 24,8% da intenção de votos enquanto Soares tem 19,4% na segunda posição. Clique aqui para ver a pesquisa na íntegra.

Na disputa da ala bolsonarista estão o empresário e ex-senador Wilder Morais (PL), o deputado federal João Campos (Republicanos), o deputado federal delegado Waldir (União Brasil-GO) e o presidente do Progressistas em Goiás, Alexandre Baldy. Waldir apesar de ter se descolado do bolsonarismo ainda tem uma forte imagem associada ao presidente da República e o segundo está em um partido que tem bases entranhadas no Palácio da Alvorada. 

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Comentaristas destacam que apesar da alta rejeição, essa possibilidade de expansão de votos para além do tucanato – aqueles que já votariam em Marconi Perillo, pode ser uma carta na manga do ex-governador. Vai depender, claro, de sua estratégia ao longo da campanha eleitoral, que começa para valer, no dia 16 de agosto. “Com exceção do Vilmar Rocha que não apareceu na pesquisa, todos os outros são candidatos do polo bolsonarista. Você tem a Denise à esquerda mas falta uma alternativa à centro-esquerda mais viável. O Marconi tem um espaço de crescimento na esquerda. Ele pontua com 24% mas basicamente ele apareceu como candidato sem nem ter colocado o carro na rua”, destaca o professor de Ciências Políticas, Guilherme Carvalho.

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“Dos candidatos bolsonaristas como um todo e eu elenco também o próprio Waldir que apesar de não estar na base do presidente é associado ao bolsonarismo por toda a campanha que fez em 2018. Temos ali João Campos, o Wilder, o Waldir que são bem postados vão começar a bater cabeça um com os outros. Eles tem o mesmo núcleo bolsonarista para disputar votos, diferente de Marconi Perillo que tem um eleitor de centro, de direita e à esquerda. Vai depender da estratégia dele”, crava o professor.

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Apesar das adversidades, Marconi tem grande capacidade de se rearticular

O professor de História Política, Cristian de Paula Júnior avalia o poder que o ex-governador Marconi Perillo tem de se articular e sair fortalecido de situações dificeis. Ele lembra que mesmo diante de conduções coercitivas, investigações e delações que levavam o tucano a ser relacionado em possíveis casos de corrupção, Perillo consegue se manter fortalecido. 

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Eu considero impressionante a forma como o nome do ex-governador Marconi Perillo é um nome consolidado na política em Goiás, independente do que aconteça. Ele já foi conduzido coercitivamente, investigado, o nome já foi citado em delações, já vazaram situações de possíveis casos de corrupção. Apesar de tudo isso e do alto índice de rejeição, ele consegue ainda ter uma margem de apoiadores que conseguiram levar ele ao Senado”, avalia Cristian.

Mesmo diante de um contexto onde os eleitores buscam novos nomes para o voto, Cristian destaca que o potencial de voto que Marconi Perillo tem é algo a ser observado. “Uma eleição para o Senado Federal não é fácil. É uma eleição de difícil alcance e ele consegue ainda manter um padrão de eleitores, mesmo com todos esses problemas. A capacidade que ele tem de se rearticular e de lançar candidatura ao Senado é impressionante. Ainda mais nesse contexto atual, onde os eleitores estão optando geralmente por novos nomes ou outsiders da política tradicional”, destaca. 

Wilder Morais e João Campos podem crescer ao longo da campanha

De todos os que estão disputando a corrida, o empresário Wilder Morais é o que mais pode se tonar competitivo, ao lado de João Campos. “Ele [Wilder] tem histórico de ter vencido Marconi Perillo”, relembra o doutor em Sociologia, José Elias Domingos. “Na última disputa, ele ficou em terceiro lugar, numa disputa muito dificil, com Kajuru praticamente reeleito. Vanderlan pegou a outra vaga”, contextualiza.

Como se auto-proclama candidato de Bolsonaro em Goiás, Wilder deve conseguir uma parcela significativa dos votos bolsonaristas. “Se ele conseguir converter esa bolha bolsonarista para o seu eleitorado, isso poderia o cacifar para uma vaga ao Senado Federal. Ele tem afirmado e alardeado que o próprio presidente Bolsonaro o incentivou a participar nessa disputa”, avalia.

Agora, apenas o eleitorado bolsonarista não garantirá sua eleição. “O risco que ele corre é se ver fixado num desses polos que possa haver uma rejeição automática”, destaca. “Para ele ir além da bolha bolsonarista, ele vai ter de pegar em pautas e temas que não fiquem presos a essas pautas de costumes e moralidade que o bolsonarismo tanto gosta de alardear”, explica. Qual a estratégia então? “É debater projetos vinculados na área da educação. Ele inclusive já foi apelidado de senador da leitura e poderia tentar incorporar isso na sua campanha. É dificil mas não é impossível”, pontua.

Já João Campos poderá crescer se souber explorar o possível crescimento da campanha de Gustavo Mendanha. “Como eleição para o Senado as vezes tem essa dobradinha com o governador, ele e Gustavo podem explorar esse avanço ao longo do debate eleitoral. Se o Mendanha crescer nas pesquisas, é possível que o João Campos acabe se beneficiando”, destaca.

Marconi Perillo e Waldir são favorecidos por um sistema político “personalista” e que dificulta análise de propostas

Com partidos enfraquecidos, o eleitor acaba votando na figura personalista do candidato e não em suas propostas. Como o ex-governador Marconi Perillo e o deputado federal Delegado Waldir são os nomes mais conhecidos do eleitorado, eles acabam liderando tanto na intenção de voto como na rejeição, avalia José Elias.

“O Marconi Perillo, por exemplo, apesar dos escândalos, ele foi governador durante quatro mandatos. Ele já tem um nome inscrito na história de Goiás. Ele nutre uma certa admiração por várias pessoas e grande parte da população que direta e indiretamente foram beneficiados com obras durante o seu governo”, destaca Domingos. “O delegado Waldir vem logo na rabeira vinculando-se a chapa do governador Ronaldo Caiado. Os dois despontam porque já tem um nome consolidado. Delegado Waldir é deputado federal e o eleitor já fica direcionado a votar nesses candidatos”, complementa.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.