16 de março de 2025
QUEDA DE BRAÇO • atualizado em 17/02/2025 às 18:08

Médicos confirmam suspensão de atendimentos e Ipasgo Saúde abre credenciamento para substituir ausentes

Enquanto médicos paralisam por 48 horas em protesto, Ipasgo Saúde anuncia credenciamento de novos profissionais
Sem entendimento: Sindicato confirma suspensão de atendimentos e Ipasgo diz que desconhece reivindicações e ameaça descredenciar - Foto: divulgação
Sem entendimento: Sindicato confirma suspensão de atendimentos e Ipasgo diz que desconhece reivindicações e ameaça descredenciar - Foto: divulgação

A crise entre médicos credenciados ao Ipasgo Saúde e a administração do plano de saúde atingiu um novo patamar de tensão nesta segunda-feira (17). O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (SIMEGO) confirmou a paralisação dos atendimentos eletivos por 48 horas a partir das 7h desta terça-feira (18), enquanto o Ipasgo Saúde ameaça descredenciar os prestadores que aderirem à suspensão e inicia de imediato o credenciamento de novos profissionais.

A decisão da categoria médica foi anunciada após Assembleia Geral Extraordinária realizada em 10 de fevereiro, como mostrou o Diário de Goiás na sexta-feira (14). Segundo o sindicato, o movimento ocorre em caráter de advertência, devido à falta de resposta da administração do Ipasgo Saúde às reivindicações apresentadas.

O SIMEGO não divulgou quantos profissionais e estão envolvidos na suspensão dos atendimentos e também não enviou cópia da pauta de reivindicações que teria sido enviada para a direção do Instituto, como solicitou a reportagem. O Ipasgo afirma que se trata de um grupo de insatisfeitos e garante que não recebeu essa pauta.

“O Ipasgo Saúde nunca foi procurado ou recebeu um documento oficial do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) para tratar de pauta reivindicatória e desconhece qualquer falta de pagamento à rede credenciada, uma informação que tomou conhecimento por meio da imprensa”, divulgou o instituto em nota.

Plano de saúde reage ameaçando rescindir contratos e credencia novos profissionais

A direção do instituto reagiu duramente ao anúncio da paralisação, classificando a medida como “injustificada e unilateral”. Em comunicado oficial, a instituição afirmou que a suspensão dos atendimentos fere as regras contratuais e pode resultar na rescisão dos contratos e no descredenciamento dos médicos envolvidos.

Além disso, o plano de saúde também reforçou que os profissionais são autônomos e que, caso desejem encerrar a relação com a instituição, devem seguir as cláusulas contratuais, incluindo a prestação dos serviços durante o período de aviso prévio.

Entre os pontos de discordância entre as partes estaria a questão dos pagamentos. O SIMEGO teria alegado que há pendências financeiras e falta de reajustes adequados, enquanto o Ipasgo Saúde nega qualquer atraso e afirma que repassou quase R$ 1 bilhão à rede credenciada desde setembro de 2024. “Apenas nos dias 31 de janeiro e 14 de fevereiro de 2025, foram pagos R$ 18,2 milhões”, segundo o comunicado oficial da instituição.

Credenciamento começou nesta segunda

Diante do impasse, o Ipasgo Saúde anunciou a abertura de um novo processo de credenciamento para médicos de todas as especialidades a partir desta segunda-feira (17), véspera do protesto. O plano de saúde cita a intenção de ampliar a assistência aos beneficiários, e não aborda abertamente que a intenção é também garantir que o atendimento não seja prejudicado pela paralisação, como sugere o momento escolhido para a iniciativa.

Os médicos interessados poderão realizar o cadastro de forma digital, apresentando documentos como registro no Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), comprovantes fiscais e informações sobre sua formação acadêmica e experiência profissional. O presidente do Ipasgo Saúde, Vinícius Luz, destacou que o credenciamento representa uma “oportunidade para os profissionais que desejam integrar a maior rede assistencial do Estado de Goiás”.

A decisão do Ipasgo Saúde de abrir o credenciamento agora, que pode ser vista como uma tentativa de enfraquecer o movimento e pressionar a categoria a recuar na paralisação, não foi comentada ainda pelo SIMEGO.

Paralisação é intenção de um grupo e não da maior parte dos profissionais, sustenta Ipasgo

A paralisação anunciada pelos médicos não afetará toda a rede credenciada do Ipasgo Saúde, garante o plano de saúde. Segundo a instituição, o plano conta com quase cinco mil profissionais credenciados, entre médicos, odontólogos, hospitais e clínicas, garantindo o atendimento regular a aproximadamente 600 mil beneficiários.

A queda de braço entre médicos e Ipasgo Saúde levanta preocupações entre os usuários do plano, que temem um impacto na qualidade e continuidade do atendimento.

O SIMEGO reforça que a paralisação é temporária e tem o objetivo de sensibilizar o Ipasgo Saúde para a necessidade de diálogo e negociação. Além disso, a presidente do sindicato, Franscine Leão, garante que os atendimentos classificados como sendo de urgência e emergência serão mantidos, conforme a lei determina.

Até o momento, não há previsão para que ocorra uma reunião formal entre as partes. Enquanto isso, o Ipasgo Saúde informa que segue monitorando a situação e promete tomar todas as medidas necessárias para garantir o atendimento aos seus beneficiários.


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