15 de maio de 2025
Saneamento • atualizado em 08/05/2025 às 08:53

Mabel critica plano estadual e aposta no novo prazo de um ano para resolver lixões

Mabel comemorou o novo prazo de um ano para a adequação dos aterros sanitários, aprovado pela Assembleia Legislativa
Segundo Mabel, a reunião com o governo estadual e o BNDES serviu para apresentar o esboço do modelo de leilão para as três microrregiões de saneamento. Foto: Reprodução.
Segundo Mabel, a reunião com o governo estadual e o BNDES serviu para apresentar o esboço do modelo de leilão para as três microrregiões de saneamento. Foto: Reprodução.

Em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, comentou os avanços e desafios na regularização dos lixões da capital e reforçou seu posicionamento crítico em relação ao modelo de concessão de resíduos proposto pelo Governo de Goiás. Mabel comemorou o novo prazo de um ano para a adequação dos aterros sanitários, aprovado pela Assembleia Legislativa, que, segundo ele, dá fôlego aos municípios para buscar soluções eficientes.

Segundo Mabel, a reunião com o governo estadual e o BNDES serviu para apresentar o esboço do modelo de leilão para as três microrregiões de saneamento. No entanto, ele deixou claro que não concorda com o formato proposto. “Nós temos muitas dúvidas em cima desse modelo”, afirmou. “Como é que eu posso deixar alguém na minha cidade mandar no meu lixo? Amanhã, se eu pegar quem está coletando o lixo, andar mal, o que eu faço? Eu não sou o chefe dele”.

O prefeito destacou que Goiânia já tem feito investimentos importantes para aprimorar a gestão dos resíduos. “Estamos caminhando bem com o nosso aterro sanitário, já comprando as máquinas novas, colocamos engenheiros, estamos comprando também equipamento ultramoderno para o tratamento de chorume, que é uma das coisas principais”, detalhou.

Além disso, Mabel revelou que sua meta é implementar tecnologias de lixo zero, inspiradas em modelos europeus. “A nossa ideia não é ter mais aterro. É fazer uma concessão para implantar uma tecnologia que eu vi na Europa, que tem na Alemanha, que é resíduo zero. Os caminhões depositam tudo numa usina que processa, recicla 67% daquela matéria-prima e o que não é reciclado vira energia. E o que sobra lá no fundo? Nada, nem um quilo de lixo para jogar em aterro”, explicou.

Resistência da Semad

O prefeito também criticou a resistência da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) ao modelo defendido por ele. “A SEMAD continua com resistência. Existem outros interesses, existe um interesse econômico muito grande. Tem grupos aqui dentro que querem se colocar como os grandes depositários desse lixo todo, e isso vai onerar demais os municípios. Hoje o meu aterro custa R$34 por tonelada, vai custar R$170 por tonelada. Como é que eu posso ter um fluxo desse de dinheiro? Isso é literalmente jogar dinheiro no lixo”, afirmou.

Mabel aproveitou para alertar sobre os riscos ambientais do modelo proposto pelo governo estadual. “Esse aterro que eles queriam que nós depositássemos em Aparecida de Goiânia é um aterro que nem segurança tem. Esses dias vazou um monte de chorume lá, foi para um córrego. Então que segurança tem depositar lá?”, questionou.

Diálogo com Caiado

Sobre o diálogo com o governador Ronaldo Caiado, Mabel admitiu que as conversas têm sido tensas. “Tenho dialogado com ele, ele tem ficado bravo porque ele acha que esse assunto tem que passar de todo jeito, que isso já foi resolvido lá atrás. Mas eu não era o gerente aqui não, e os outros prefeitos também não. Então nós precisamos opinar nisso daí”, disse. Para o prefeito, o governo estadual deveria priorizar outras frentes:

Acho que o governador deveria se preocupar em fazer a água e o esgoto, isso é importante. A questão do lixo e drenagem, eu acho que ele deveria deixar de lado.

Com o novo prazo para regularização, Goiânia deve ganhar tempo para avançar em soluções sustentáveis e evitar problemas ambientais e financeiros. “Goiânia vai evoluir muito e nós vamos ser um bom exemplo de aterro”, concluiu Mabel.


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