15 de maio de 2025
1º de maio

Lutas históricas marcam a data que deu origem ao Dia do Trabalhador; entenda

Trabalhadores reivindicavam uma jornada de 8 horas e faziam manifestações contra espaços de trabalho insalubres
Foto: Divulgação
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O Dia do Trabalhador, celebrado neste 1º de maio, marca uma data histórica de luta, visto que foi instituída em função de uma greve que ocorreu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886. Na ocasião, trabalhadores que reivindicavam a redução de jornadas diárias, que duravam até 14 horas, foram agredidos, presos e até mesmo executados.

Uma reportagem da Agência Brasil diz que o episódio é conhecido como a “tragédia de Haymarket”, conforme explicação do historiador e professor da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, Samuel Fernando de Souza.

“Esses trabalhadores foram duramente reprimidos, e vários líderes foram condenados à morte, por conta dessa revolta. E, durante a Internacional Socialista de 1889, decidiu-se a data de 1º de maio como dia de luta da classe trabalhadora, bem como de homenagem aos trabalhadores”, explicou o historiador.

A data começou a ser comemorada no Brasil por volta de 1891, em algumas cidades do Rio de Janeiro e, na sequência, em Porto Alegre. “Sempre foi um símbolo do movimento dos trabalhadores organizados, mas posteriormente a data foi bastante disputada, na tentativa de reapropriá-la simbolicamente”, disse o historiador Samuel Fernando de Souza.

De acordo com Samuel, a ideia era a de dar ao 1º de maio uma conotação mais comemorativa ao trabalho do que em defesa do trabalhador, “a ponto de, logo após o golpe de 1964 ter esvaziado o movimento sindical, ser transformada em uma data de comemoração, uma data festiva, esvaziada do conteúdo político naquele momento que era de luta da classe trabalhadora”.

A reportagem explica que, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, o 1º de maio, até então Dia do Trabalhador, passou a ser apropriado como Dia do Trabalho, data em que, inclusive, Vargas apresentou as leis de proteção ao trabalho e, em especial, a própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Segundo o historiador, na década de 1950, quando Vargas voltou ao poder, continuou se utilizando da data, normalmente para anunciar o aumento do salário mínimo. O uso da data volta a ser revertido no final dos anos 1970, quando ocorreu, no Brasil, um amplo movimento conhecido como Novo Sindicalismo.

“Foi ali que foram retomados muitos dos símbolos da classe trabalhadora, em meio aos movimentos do ABC e dos metalúrgicos, que fizeram surgir o Lula [posteriormente eleito presidente do Brasil] como uma figura principal e liderança naquele momento de lutas pela classe trabalhadora. A data voltou a ser reapropriada durante vários atos contra ditadura e em prol da abertura da política”, detalhou Samuel.


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