O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a deputada federal e presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, cargo com status de ministério. A pasta é responsável pela articulação política do governo e era ocupada por Alexandre Padilha que vai para o Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade. A posse da nova ministra está marcada para o dia 10 de março, mas já é alvo de críticas da oposição.
O martelo da troca foi batido após reunião na manhã desta sexta-feira (28) entre o presidente e Gleisi. Com a escolha, que já rondava o Palácio do Planalto, Lula contorna a crise interna do seu partido diante da eleição para um novo presidente da legenda, deixa o Centrão na sala de espera por um novo ministério, e ainda dá créditos a críticos de Fernando Haddad, como Gleisi tem sido.
A indicação foi confirmada pelo Planalto, em nota. Depois, o presidente também se manifestou pelas redes sociais e desejou um “bom trabalho” à nova ministra.
Também pelas redes sociais, a deputada agradeceu a “confiança e o estímulo” do presidente Lula. “Sempre entendi que o exercício da política é o caminho para avançarmos no desenvolvimento do país e melhorar a vida do nosso povo. É com este sentido que seguirei dialogando democraticamente com os partidos, governantes e lideranças políticas”, escreveu.
Repercussão no Congresso
Em nota, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que foi comunicado por Lula da mudança e desejou sucesso à nova ministra.
“Desejo muito sucesso nessa importante missão de dialogar com o Parlamento. Em nome do Congresso Nacional, reafirmo nosso compromisso em trabalhar sempre em defesa do Brasil”.
Lula também telefonou para o presidente da Câmara, Hugo Motta. Também em nota, o parlamentar lembrou da sua boa relação com Gleisi e foi mais um a desejar sucesso.
“Recebi ligação do Presidente Lula comunicando a indicação da deputada Gleisi para o cargo de Ministra das Relações Institucionais. Sempre tive boa relação com ela no parlamento. Desejo pleno êxito na nova função e continuaremos o diálogo permanente a favor do Brasil”.
Reação da oposição
Do lado dos oposicionistas também teve nota sobre a indicação de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais, mas criticando a escolha e considerando um “acirramento da radicalização do governo”.
O líder da oposição da Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), emitiu nota oficial contra a nomeação da deputada. Segundo o portal Congresso em Foco, ele destacou que a parlamentar, “é uma figura cuja trajetória política é marcada por conflitos, radicalização ideológica e dificuldades na construção de consensos”.
Além disso, ele chamou a indicação também de um “sinal preocupante”. Zucco defende que a articulação política do governo deve estar baseada nas soluções concretas para os desafios nacionais. Para a oposição, a escolha demonstra que o governo prioriza interesses partidários em detrimento do bem comum.
“A oposição seguirá firme em seu papel de fiscalizar e cobrar responsabilidade do Executivo, defendendo sempre os interesses da população brasileira. O país precisa de união e equilíbrio, não de mais polarização e instabilidade”, afirmou a nota do líder da oposição.
Trajetória
Nascida em Curitiba (PR), em 6 de setembro de 1965, Gleisi é formada em direito e tem especialização em Gestão de Organizações Públicas e Administração Financeira. Como informou a Agência Brasil, ela iniciou sua trajetória política no movimento estudantil e, em 1989, filou-se ao PT. Foi secretária no governo de Mato Grosso do Sul e secretária de Gestão Pública na prefeitura de Londrina (PR).
Em 2002, no primeiro governo Lula, assumiu a Diretoria Financeira de Itaipu Binacional. Entre 2008 e 2009, presidiu o diretório estadual do PT no Paraná e em 2010 foi eleita senadora pelo estado. Em 2011, a então presidenta Dilma Rousseff convidou-a a assumir a chefia da Casa Civil da Presidência da República, função que desempenhou até fevereiro de 2014, quando, então, retornou para sua vaga no Senado Federal.
Gleisi foi eleita, em 2017, para a presidência nacional do PT e, em 2018, para uma cadeira na Câmara dos Deputados, pelo Paraná. Em 2022, foi reeleita como deputada federal.
Leia mais sobre: Gleisi vai compor ministério de Lula / Geral / Política