10 de dezembro de 2024
Pedido não atendido

Líder yanomami diz que pediu a Mourão a retirada de garimpeiros mas “nada aconteceu”

Segundo o líder a disseminação da Covid-19 na comunidade se agravou por conta da chegada de garimpeiros nas Terras Indígenas
Dário Kopenawa , líder yanomami. (Foto: Reprodução / Globo).
Dário Kopenawa , líder yanomami. (Foto: Reprodução / Globo).

Após exposição da crise comunitária vivenciada pela comunidade yanomami, em Roraima, o líder Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Associação Hutukara, que representa o povo, disse em entrevista ao Jornal da Globo, nesta segunda-feira (23), que em conversa com o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, solicitou a retirada de garimpeiros da Terra Indígena, mas que diante disso ”nada aconteceu”.

De acordo com o líder, a situação foi se agravando ainda mais ao longo dos últimos anos, principalmente com o avanço do garimpo ilegal na região.

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“Eu conversei pessoalmente com o vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Não aconteceu nada e não foram tomadas as providências do que eu pedi na presença do vice-presidente Mourão”, disse Dário.

Ainda de acordo com Dário, os casos de Covid-19 durante a pandemia de 2020, se agravou mais por conta dos garimpeiros que chegaram na região, assim, segundo ele, disseminando ainda mais a doença que afetou vários indígenas.

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Atualmente, o vice-presidente da Associação Hutukara, diz que diante da situação, é urgente a presença de mais profissionais da saúde no local. “É mais urgente [a presença] de mais técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionistas e medicamentos”, finaliza.

Nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) se manifestou sobre a grave situação de saúde e segurança alimentar sofrida pelos povos Yanomami e disse que a tragédia sanitária é resultado da omissão do estado brasileiro em assegurar a proteção do território frente ao aumento de garimpos ilegais na reserva.

Como adiantado pelo Diário de Goiás, em cartas encaminhadas para a Organização das Nações Unidas (ONU) e para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o governo Bolsonaro garantia que atendimento a comunidade e que os integrantes dos povos indígenas estavam sendo atendidos e que foram criados programas de saúde específicos.

Além disso as cartas apontavam que o governo estava presente na região para conter também o garimpo ilegal. Em março de 2021, uma carta de seis páginas encaminhada a ONU o governo Bolsonaro indicava que continuava ”completamente comprometido” em assegurar os direitos humanos dos grupos indígenas.

Portanto, no documento não havia nenhuma referência ao desmonte das estruturas do estado ou da Funai. O governo ainda destacava que o Ministério da Saúde mantinha um “departamento especializado dedicado à saúde indígena”.


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