25 de abril de 2025
Esportes

Lateral Wesley celebra “sonho realizado” com convocação para Seleção Brasileira

Lateral Wesley - Seleção Brasileira (Foto - CBF TV)
Lateral Wesley - Seleção Brasileira (Foto - CBF TV)

Há cinco anos, Wesley se dispôs a ajudar sua família, que vivia as incertezas da pandemia de COVID-19. Sem jogar futebol, ele foi trabalhar no estacionamento do restaurante em que sua mãe era chefe de cozinha em Florianópolis. Estacionou, lavou e cuidou dos carros dos clientes. Nesta segunda-feira (17), sua história de superação o levou à Brasília, onde se apresentou para iniciar sua trajetória com a Seleção Brasileira.

Em entrevista à CBF TV, o jogador de 21 do Flamengo, eleito o melhor lateral-direito do Brasileirão de 2024, revelou as horas de ansiedade no trajeto até Brasília antes de se juntar a seus companheiros e afirmou que seu objetivo é se manter nas listas de convocação do treinador Dorival Jr.

“Confesso que estava muito ansioso. Quando eu acordei e estava me arrumando, passou um filme na minha cabeça, fiquei perguntando para mim mesmo: será que isso é real? É um sonho que eu estou realizando e quero muito vestir a Amarelinha, o que é sonhado por todo jogador. Estou muito ansioso para dar continuidade no trabalho.”

“Lembrei de quando saí do meu bairro apenas com um sonho. O ápice do jogador é botar a camisa do seu país. Fiquei pensando em tudo e falei: Cheguei até aqui, agora o mais difícil é me manter, é isso que passou pela minha cabeça, da minha história toda. E já que eu cheguei, vou fazer de tudo para me manter.”

Sonho realizado

Estou vivendo um bom momento na minha vida. Não posso dizer que não imaginava, eu imaginava porque trabalhei para isso. Ver a torcida do Flamengo, até mesmo os torcedores de outros outros clubes pedindo minha convocação, eu ficava sem palavras, só olhava e (pensava:) será que vai acontecer mesmo? Acabou de entrar na minha cabeça. Eu trabalhava para que todo dia a convocação chegasse e enfim chegou.

Companheiros de equipe na Seleção

É bom, porque não me sinto tão sozinho. Cumprimentei todo mundo, estava sentado ali perto do Rodrygo, do Léo Ortiz e do Gerson. Pelo que o Gerson me falou, é um grupo unido, fechado, os caras são resenha, não ficam de cara fechada para quem chega e já deu para perceber isso.

Amizade com Gerson

O Gerson é um paizão pra mim, porque no momento mais difícil ele me abraçou. Eu tava indo pro caminho errado, fui diversas vezes, mas ele não desistiu (de mim) e ficou me puxando: ‘vem pra cá, é por esse caminho’. Às vezes eu não enxergava e saía pra um caminho errado de novo. Aí eu falei: ‘ele se importa mesmo comigo’. E comecei a escutá-lo, a ser mais de família, já comecei a fazer a minha (família) também, e as coisas foram começando a acontecer.

Recebi a notícia de que ia ser pai. Esperei o aniversário, entreguei um presente pra ele contando sobre a gravidez, falei que, como ele foi um pai pra mim, queria que ele fosse um pai pra minha filha também e se ele aceitaria ser o padrinho.

Ele me ajuda em tudo o que eu peço e até brincou comigo esses dias. Perguntaram a ele: ‘cadê teu filhão?’ E ele disse: ‘meu filho já cresceu, agora está com a família dele’. Mas sei que se eu precisar dele, ele vai estar comigo.

História

Saí de São Luís, no Maranhão, com um ano de idade, e fui para Florianópolis, onde fiquei 16 anos. Aí comecei a escolinha de futebol com oito anos, fui para o Figueirense, (mas) fui reprovado três vezes, aos 12, 13 anos. Fui para o Tubarão e fui reprovado também. Treinei mais um ano com meu empresário e voltei para o Figueirense, fui aprovado no começo de 2018 e na metade do ano fui para o tubarão. Aí teve a COVID-19, e falei: logo na minha vez, quando fui aprovado, acabou o futebol, né? Na minha cabeça estava assim, até (o futebol) voltar. Eu já tinha entregado e falado para minha família toda que não queria mais e que queria trabalhar.

Eu tinha parado de jogar futebol e falado que queria trabalhar. Minha mãe é chefe de cozinha e lá tem um restaurante com um estacionamento grande, e eu ficava ajudando lá. Com 16 anos, eu estava trabalhando pra estacionar, cuidar e lavar os carros e não tinha nenhum emprego na cabeça, como virar um doutor ou outra coisa. Meu foco era só o futebol e, como não tinha dado certo, só olhei a oportunidade de estar no estacionamento com a minha família.

Voltaram os trabalhos com máscara, e falei: ‘vou trabalhar para ajudar vocês em casa’. A minha irmã: ‘não, vai treinar porque a gente dá conta’. A condição não era tão difícil, mas era difícil. A gente se mantinha, só que minha mãe sempre dava o jeito dela: trabalhava, fazia faxina, era chefe de cozinha, dava o jeito dela. Eu ficava sem fazer nada e falo: ‘O que que eu vou fazer agora?’ Aí minha irmã me mandava todo dia uma frase motivacional.

No final de 2020, a minha irmã mandou uma frase e depois eu falei: ‘Vou voltar’. Treinei um, dois meses, e o Tubarão-SC me ligou, me chamando para cinco jogos da Copa Santa Catarina. Liguei para o meu empresário, que me falou que era bom para voltar no ritmo. Dos cinco jogos, joguei três como titular, e fizemos um vídeo com meu empresário que chegou no Sávio e no Guilherme Siqueira. O Sávio mandou para o Flamengo, que para mim já era um mundo fazer teste no Flamengo. Eu chego no Flamengo no dia 22 de fevereiro de 2021, era uma segunda-feira. Fiquei uma semana, fui aprovado e fui subindo: Sub-20, titular Sub-20, um jogo no profissional e estreia no profissional no final de ano. E hoje estou aqui.

Colômbia e Argentina

Espero mostrar o que eu estou fazendo no Flamengo. Sei que é um um jogo diferente, é seleção, tem diversos craques. Eu vou seguir o plano do Dorival, o que ele falar para fazer, eu vou fazer. Minha expectativa é a melhor, vamos treinar para, se Deus quiser, a gente conseguir essa vitória.

Quem está aqui para para esses jogos é porque merece. Não chega a ser um peso, os jogadores que estão aqui são acostumados a jogar esses jogos grandes. Eu não sei porque (ainda) não joguei, mas estamos aí, vamos ver.

(Informações – CBF News)


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