24 de março de 2025
REDUÇÃO DE DANOS

Hugo Motta busca apagar fogo no STF após dizer que atos do 8/1 não foram tentativa de golpe

Novo presidente da Câmara telefonou para Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes após a repercussão das declarações sobre os atos e sobre anistia aos participantes
Hugo Motta telefonou para ministros do STF após repercussão das falas - Foto: Kayo Magalhães Câmara dos Deputados
Hugo Motta telefonou para ministros do STF após repercussão das falas - Foto: Kayo Magalhães Câmara dos Deputados

O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB), procurou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tais como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, após a repercussão das falas em que ele minimiza os ataques golpistas contra os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Moraes é relator dos processos envolvendo os ataques.

A informação sobre os telefonemas de Motta foi divulgada nesta segunda-feira (10) pela colunista do jornal O Globo Bela Megale, a partir de fontes aliadas do presidente da Câmara.

As fontes informaram que Hugo Motta decidiu ligar diretamente para Moraes e outros ministros do STF “para não deixar o ruído crescer”, reconhecendo o mal-estar gerado entre os dois poderes com a declaração dada e a sua grande repercussão.

Justificativa

“Na conversa, Motta disse que as condenações de parte dos envolvidos nos ataques golpistas têm criado um sentimento de vitimização em relação aos condenados e defendeu que as penas duras fossem aplicadas a quem vandalizou e depredou os prédios dos Três Poderes”, informou a colunista.

Na mesma linha da declaração polêmica em que fala de “exagero” ao citar as punições, o parlamentar teria justificado que pessoas que estavam presentes nos atos, mas não vandalizaram os locais, pudessem ter penas mais amenas. Motta teria explicado aos magistrados que foi isso que buscou defender na entrevista que concedeu à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, na sexta-feira passada (7).

O assunto repercutiu nacionalmente uma semana depois da eleição, em que contou com o apoio de governistas, a favor de penas duras, e da oposição, contrária à condenação dos manifestantes do 8/1. O deputado assumiu a presidência há apenas dez dias.

A jornalista informou que dois ministros confirmaram à coluna que foram procurados pelo presidente da Câmara: “Eles elogiaram sua disposição em dar explicações e dialogar sobre o tema”.

Maioria concorda com sentenças, responderam ministros

Em resposta, os magistrados teriam enfatizado a Motta que os condenados vandalizaram os prédios dos Três Poderes e que uma ampla maioria concorda com as sentenças já aplicadas.

O presidente da Câmara destacou ainda que, apesar dos ruídos provocados pelas suas falas, seguirá com a promessa de buscar a pacificação entre os poderes.

O motivo dos ruídos é porque assim como os governistas criticaram duramente as declarações, a ala oposicionista, ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), comemorou as falas, apostando que Motta colocará logo em pauta um polêmico projeto que propõe anistia aos participantes dos atos golpistas. Mas ele não deu mais sinais de que o assunto é prioridade, especialmente depois do desgaste gerado pelas declarações de sexta.


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