Em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, o prefeito Leandro Vilela (MDB) confirmou que a cidade sequer possui nota CAPAG, indicador fundamental para avaliação da capacidade de endividamento dos municípios. “Hoje o município de Aparecida não tem nem nota CAPAG, nem nota. E era nota A”, afirmou. Segundo ele, esse rebaixamento drástico reflete a grave crise financeira herdada da gestão anterior.
De acordo com Vilela, a prefeitura enfrentou dificuldades para quitar os salários de dezembro, que haviam sido deixados em aberto. “Parcelamos o salário de dezembro em três vezes e vamos cumprir a última parcela agora em março”, destacou. No entanto, essa não é a única pendência. “Temos ainda que pagar as rescisões dos contratos encerrados em dezembro, que não tinham recursos aportados em caixa”, acrescentou.
O endividamento da cidade, segundo o prefeito, é altíssimo, chegando a R$ 500 milhões. Além disso, há compromissos de curto prazo que somam mais de R$ 400 milhões. “Temos o HMAP, o subsídio do transporte com R$ 26 milhões, a Aparecida Prévia com R$ 50 milhões, o prestatório do serviço de coleta urbana de lixo com R$ 35 milhões, e vários outros fornecedores que não foram pagos”, listou.
Recursos do Banco Andino e a necessidade de ajustes
A crise também afetou obras financiadas pelo Banco Andino, obrigando a prefeitura a tomar medidas emergenciais. “Tivemos que colocar R$ 13 milhões no caixa do Banco Andino, que foram desviados de sua função original, sob risco de perdermos mais de R$ 100 milhões em investimentos”, explicou Vilela. Ele reforçou que essa operação foi uma devolução, pois os recursos deveriam ter sido utilizados exclusivamente nas obras financiadas pelo banco.
A administração municipal também enfrenta dificuldades com os pagamentos mensais de empréstimos. “Toda semana passada, pagamos mais de R$ 11 milhões da parcela do empréstimo do Andino. Todo mês, temos que desembolsar R$ 5 milhões com outros empréstimos”, pontuou o prefeito.
Cortes e planejamento para reestruturar a cidade
Para reverter a crise, Leandro Vilela afirma que sua gestão tem adotado medidas de austeridade. “Estamos trabalhando com seriedade, com planejamento, com transparência e aplicando os recursos públicos de forma correta”, garantiu. Entre as decisões duras, estão o corte de contratos e redução de despesas.
O prefeito reconhece que a situação é delicada e impacta diretamente a qualidade dos serviços prestados à população. “O cobertor fica muito curto, e precisamos tomar decisões que não tragam consequências danosas para a cidade”, ponderou.
Diante desse cenário, a meta da atual gestão é estabilizar as finanças e retomar a credibilidade do município. “Espero que possamos, dentro de um período, requalificar a situação financeira, econômica e fiscal da cidade”, concluiu Vilela.
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