09 de dezembro de 2024
Crise • atualizado em 01/11/2023 às 19:26

Há um mês em greve, administrativos da educação de Goiânia não chegam a acordo com Prefeitura

Escolas e CMEI da rede de ensino da SME sentem de formas diversas o impacto
Servidores alegam que greve foi a última alternativa na busca por valorização profissional. (Foto: Sintego)
Servidores alegam que greve foi a última alternativa na busca por valorização profissional. (Foto: Sintego)

Nesta quinta-feira (2) completa 1 mês da greve dos trabalhadores administrativos da Rede Municipal de Educação de Goiânia. A greve foi deflagrada em 2 de outubro e a cada semana, a adesão por parte dos servidores continua alta. Até o momento, duas propostas foram apresentadas pela Secretaria Municipal de Educação (SME), porém não contemplam as reivindicações da categoria. Uma nova assembleia será realizada na segunda-feira (6).

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego) une forças com o Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), em prol do reajuste de 6% no pagamento da data-base de 2023. Além disso, os trabalhadores reivindicam um novo plano de carreira e a equiparação do auxílio locomoção.

Após negativa da proposta por parte dos servidores, a SME alega que irá seguir trabalhando para garantir o atendimento aos estudantes. Sem acordo, a consequência reflete nas unidades educacionais do município, que são impactadas de diferentes formas pela greve. Serviços de limpeza, portaria, merendas, auxiliar de secretaria e auxiliar de sala estão comprometidos.

Impacto da greve na educação

Com a proporção da greve, diversos relatos vêm à tona sobre a atual situação que reflete diretamente na educação goiana. Alguns Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) são obrigados a fazer rodízio diário de agrupamentos (turmas) que receberão atendimento integral (manhã e tarde) ou parcial (apenas um dos turnos).

Segundo a servidora Francielly Mendonça, que atua no CMEI Tio Romão, as 10 turmas da unidade estão fazendo revezamento. Atualmente 5 são atendidas em período integral e as outras 5 em período parcial. Depois as turmas são alternadas. A nova dinâmica tem preocupado os pais que dependem do CMEI para deixar as crianças para irem ao trabalho.

“Toda semana é uma nova organização. Mas a maioria dos pais, eles apoiam a greve. Pois conhecem o nosso trabalho e sabem que é tudo feito com muito carinho e dedicação. Sabem que estamos pedindo somente o que é justo”, afirmou Francielly ao Diário de Goiás. Ela também destaca que na próxima semana somente 4 turmas serão atendidas em período integral.

Crianças estressadas

Além dos adultos, as tensões do dia a dia podem afetar também as crianças. O estresse infantil existe e no atual cenário da greve pode comprometer, inclusive, a vida escolar. “Os alunos estão ficando sem o recreio, pois não tem servidores para inspecionar e acompanhar os alunos. Além disso, a falta de recreio deixa os alunos mais agitados e estressados, dificultando o trabalho do professor”, alega a servidora Elienai Castro, juntamente com os outros colegas que estão em greve da Escola Municipal Bárbara de Souza Moraes.

Uma outra servidora que não quis ser identificada confidenciou sobre os alunos dos CMEIs. Alguns são do berçário e estavam indo embora chorando. “Eles estavam sendo dispensados por volta das 11h30, no horário do sono deles. Alterou a rotina das crianças e elas não sabem como lidar com isso”, afirmou.

Os Auxiliares de Atividades Educativas, responsáveis pela a recepção das crianças na entrada das instituições e na entrega aos pais na saída, tem feito falta para os pequenos. Os trabalhadores em greve destacam que sem esses profissionais na instituição, está ocasionando toda uma mudança na rotina/dinâmica da organização do ambiente escolar.

Sobrecarga e alimentação precária

Além do estresse devido aos horários, a alimentação tem gerado transtorno. Segundo os profissionais em greve da Escola Municipal Bárbara de Souza Moraes o cardápio das crianças precisou ser alterado. “O lanche está sendo diariamente produtos panificados, deixando de seguir o cardápio elaborado pela nutricionista da SME”, denunciam.

Ainda de acordo com os servidores tem até professor realizando o serviço de merenda e limpeza. “Além dos professores alguns servidores contratados estão sobrecarregados. Os contratos administrativos tem que fazer o serviço de dois, ou até mesmo de três servidores. Os professores além do trabalho pedagógico, estão fazendo também o serviço do administrativo”, afirmam.

Necessidades especiais

Em algumas unidades, no início da greve, durante 2 semanas, os alunos NEEs (Necessidades Especiais) foram orientados a não irem para escola. “Um Auxiliar de Atividades Educativas – Cuidador que cuida de um aluno NEE está de greve, mas devido a insistência das famílias e o direito do aluno em frequentar a escola eles retornaram”, afirma Elienai.

Com o direito do aluno, os profissionais especializados também enfrentam a sobrecarga. “Os Auxiliares de Atividades Educativas – Cuidadores que são contratados, estão sobrecarregados pois esses alunos necessitam de cuidado e acompanhamento durante todo o período de aula”, finaliza a servidora. A esperança é de que em nova assembleia na segunda possa ser firmado um acordo para normalizar o ensino.

Questionada, a Secretaria Municipal de Educação informou que seguirá negociando com a categoria. Confira a nota na íntegra:

NOTA

A Secretaria Municipal de Educação (SME) informa que seguirá negociando com a categoria e esclarece que apresentou, na última semana, uma proposta para os servidores administrativos da Educação.

A proposta apresentada ao Sintego garantia o reajuste do auxílio locomoção de R$ 300 para R$ 500 por mês, além do pagamento da data-base e da elaboração do plano de cargos da categoria a partir de dezembro.

A SME Goiânia destaca, por fim, que a proposta, construída com responsabilidade fiscal, foi a segunda apresentada à categoria e que vai seguir trabalhando para garantir atendimento aos estudantes.

Secretaria Municipal de Educação (SME) – Prefeitura de Goiânia”


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