O governo brasileiro classificou como “injustificável” a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, além de cancelar os acordos de cotas previamente estabelecidos. A medida, anunciada pelo governo norte-americano nesta quarta-feira (12), pode gerar impactos significativos para as exportações brasileiras, que movimentaram US$ 3,2 bilhões em 2024.
Em nota oficial, o governo Lula lamentou a decisão do presidente Donald Trump, ressaltando que a nova tarifa prejudica as relações comerciais entre os dois países. O Brasil é um dos principais fornecedores de aço semiacabado para os EUA, representando 60% das importações norte-americanas desse insumo essencial. Além disso, o Brasil também figura entre os maiores compradores de carvão siderúrgico dos EUA, com importações que somaram US$ 1,2 bilhão no ano passado.
Para o governo brasileiro, a imposição de barreiras unilaterais desconsidera a longa trajetória de cooperação econômica entre os dois países. Segundo dados do próprio governo dos EUA, os norte-americanos mantiveram um superávit comercial de US$ 7 bilhões com o Brasil em 2024, apenas no comércio de bens.
Diante do impacto negativo da decisão, o governo Lula já articula ações para defender os interesses das empresas e trabalhadores brasileiros. Além do diálogo direto com autoridades norte-americanas, o Brasil não descarta levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida. Destacou o comunicado oficial:
Vamos avaliar todas as possibilidades para contrarrestar os efeitos nocivos dessas tarifas e proteger os interesses nacionais.
Reuniões entre representantes do governo brasileiro e do setor privado já estão previstas para as próximas semanas, com o objetivo de definir estratégias para minimizar os prejuízos e garantir que o comércio bilateral continue de forma equilibrada e benéfica para ambos os países. Confira o nota na íntegra:
Nota do governo brasileiro
O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 12 de março, de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e de alumínio dos EUA provenientes de todos os países e de cancelar todos os arranjos vigentes relativos a quotas de importação desses produtos. Tais medidas terão impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA, que, em 2024, foram da ordem de US$ 3,2 bilhões.
Em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países. Segundo os dados do governo estadunidense, os EUA mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, que foi, em 2024, da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens.
No caso do aço, as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, relação de complementaridade mutuamente benéfica. O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA), insumo essencial para a própria indústria siderúrgica norte-americana.
À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos. Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio.
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