24 de março de 2025
DENÚNCIA GRAVE • atualizado em 19/02/2025 às 15:22

Golpistas planejaram bloquear refinarias e distribuidoras no dia seguinte ao 8/1, aponta PGR

Investigação da PF mostrou no processo que relatório de Inteligência do Distrito Federal foi entregue dias antes dos ataques antidemocráticos
Plano dos golpistas era seguir com ataques no dia 9 e bloquear refinarias - Foto: reprodução / redes sociais
Plano dos golpistas era seguir com ataques no dia 9 e bloquear refinarias - Foto: reprodução / redes sociais

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas se baseia em provas contundentes, como um relatório da Subsecretaria de Inteligência do Distrito Federal, entregue dias antes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O órgão monitorava os planos dos golpistas e, portanto, sabia que havia a intenção de radicalizar no dia 9, com um tipo de “greve geral” estimulada por empresários do agronegócio e por líderes dos caminhoneiros que já estavam envolvidos, e depois bloqueios a refinarias de petróleo e distribuidoras de combustíveis.

Os envolvidos falaram sobre uma greve geral pelas redes sociais, anunciando que ela ocorreria no dia seguinte aos atos de vandalismo e violência contra os Três Poderes. “A partir do dia 09JAN23, [a greve] a qual teria apoio de segmentos específicos, tais como, agronegócio e caminhoneiros. Cita-se que a hashtag #GreveGeral teve destaque na trending topics em D3JAN23”, diz trecho da denúncia da PGR destacado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (19).

O plano era realizar um bloqueio em refinarias e distribuidoras de combustível em sete estados ao redor do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Paralisação foi planejada para impedir servidores de acessarem os Três Poderes em Brasília

O plano envolvia provocar uma paralisação nacional, impedindo o acesso de servidores públicos as órgãos, assim como a ocupação de instituições ligadas aos Três Poderes.

A PGR fala em omissão das autoridades da capital tendo em vista que o fluxo de dados e conversas sobre o planejamento dos golpistas foi grande entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023 e os órgãos de segurança do DF não atuaram para evitar ou alertar sobre o que estava por ocorrer.

A gravidade das informações que deixaram de ser compartilhadas confirma que houve omissão dolosa dos garantidores da ordem pública, em prol do plano disrruptivo da organização criminosa – cita a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.

Anderson Torres foi exemplo de omissão

Um exemplo citado é o do próprio ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, estava em viagem em Orlando, na Flórida, durante os atos. Gonet afirma que seu afastamento foi uma “estratégia deliberada” de conivência. Torres está na relação dos denunciados pela PGR.

“A postura adotada, além de fragilizar a percepção pública sobre o comprometimento das autoridades, transmitiu a mensagem de que as forças de segurança estavam alinhadas aos interesses dos violentos”, conclui o PGR.


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