19 de abril de 2025
ATOS GOLPISTAS

Goiana está entre fugitivas dos atos de 8 de janeiro que foram para a cadeia nos EUA

Quatro mulheres romperam tornozeleira, escaparam do Brasil, mas foram detidas ao tentar entrar ilegalmente nos EUA; elas aguardam deportação
Rosana Maciel Gomes tentou escapar de punição pelos atos golpistas e acabou presa nos EUA - Foto: reprodução redes sociais
Rosana Maciel Gomes tentou escapar de punição pelos atos golpistas e acabou presa nos EUA - Foto: reprodução redes sociais

A ex-empresária e motorista de aplicativo goiana Rosana Maciel Gomes, 51, está entre as quatro brasileiras presas nos Estados Unidos (EUA) ao tentar entrar ilegalmente no país. As mulheres são fugitivas de medidas judiciais por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. As informações sobre as prisões e deportações previstas foram confirmadas pela Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) ao portal UOL.

De acordo com a ICE, a goiana e outras duas brasileiras foram presas em 21 de janeiro de 2025, um dia após a posse de Donald Trump, que, ao assumir a presidência dos EUA, prometeu deportar imigrantes ilegais em massa, iniciando os processos na mesma semana. A quarta integrante do grupo foi presa dias antes.

Atualmente, segundo o portal, todas estão detidas em centros de imigrantes no Texas e aguardam a expulsão para o Brasil.

Como elas fugiram

As quatro mulheres deixaram o Brasil no primeiro semestre de 2024 e buscaram refúgio na Argentina. Com o avanço dos pedidos de extradição emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), decidiram fugir para os Estados Unidos no final do ano passado. O objetivo era solicitar asilo político, apostando na nova administração republicana.

A primeira prisão ocorreu no dia 12 de janeiro, quando Raquel Souza Lopes tentou atravessar ilegalmente a fronteira pela cidade de La Grulla, no Texas. Já no dia 21, foi a vez de serem presas a goiana Rosana, Michely Paiva Alves e Cristiane da Silva, detidas ao ingressar em solo dos EUA pela região de El Paso, também no Texas.

A Patrulha de Fronteira dos EUA não detalhou as circunstâncias exatas da detenção, mas informou que todas foram processadas sob um regime de “expulsão acelerada”, que apressa a deportação sem necessidade de audiência perante um juiz de imigração. De acordo com o portal, o governo norte-americano confirmou que as presas serão devolvidas ao país de origem.

A promessa de deportação em massa feita por Donald Trump acelerou as ações das autoridades migratórias. Em seu discurso de posse, o presidente afirmou que “toda entrada ilegal será imediatamente interrompida” e que os EUA “devolverão milhões de criminosos estrangeiros aos lugares de onde vieram”.

O passado das presas

As quatro detidas possuem mandados de prisão emitidos pelo STF e respondem a processos relacionados aos atos de 8 de janeiro. Três delas foram condenadas a penas que variam entre 14 e 17 anos de reclusão, enquanto uma é ré e tem mandado de prisão em aberto. Para a fuga, elas romperam as tornozeleiras eletrônicas.

O Itamaraty informou que, por razões legais, não pode divulgar informações detalhadas sobre a assistência prestada às cidadãs brasileiras presas nos EUA.

Saiba mais sobre as quatro foragidas:

Rosana Maciel Gomes, 51 anos, Goiânia (GO)

Rosana foi presa dentro do Palácio do Planalto na hora da depredação. No celular, tinha mensagens pedindo golpe militar. Ela tem dois mandados de prisão em aberto e um pedido de extradição.

Foi condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. Fugiu do Brasil para o Uruguai e, em seguida, para a Argentina. Em novembro de 2024, escapou rumo aos EUA, passando pelo Peru, Colômbia e México. Foi presa em 21 de janeiro em El Paso e permanece detida.

De acordo com o portal, a defesa dela no STF alegou, que “quando [Rosana] entrou no Palácio do Planalto, viu que os bens públicos estavam danificados e não danificou qualquer bem, tanto que ficou em estado de choque de ver uma situação daquela”. No momento a defesa disse que não poderia comentar sua situação no exterior.

Raquel Souza Lopes, 51 anos, Joinville (SC)


Condenada a 17 anos de prisão por cinco crimes relacionados aos ataques de 8 de janeiro. Saiu do Brasil clandestinamente pela Argentina e seguiu por Chile, Peru e Colômbia até o México. Tentou entrar nos EUA em 12 de janeiro e foi presa em La Grulla, Texas.

Sua advogada no STF abandonou o caso em dezembro. Em conversa com o UOL, o filho de Raquel, Acenil Francisco, disse que a família “está correndo atrás de um advogado para fazer a defesa dela

Michely Paiva Alves, 38 anos, Limeira (SP)


Ré por cinco crimes, incluindo financiamento dos atos de 8 de janeiro. Admitiu à Polícia Federal que custeou parte do ônibus que levou 30 pessoas de Limeira a Brasília. Fugiu para a Argentina, passou por Peru e Colômbia e foi presa em El Paso em 21 de janeiro.

No momento a defesa não foi localizada, mas no processo a defesa dela argumentou que “não há provas de que a acusada depredou o Congresso Nacional, bem como [de que] participa de movimentos criminosos”.

Cristiane da Silva, 33 anos, Balneário Camboriú (SC)


Condenada a um ano de prisão por incitação ao crime e associação criminosa. Alegou que viajou a Brasília “para passear”. Fugiu para Buenos Aires e depois tentou ingressar nos EUA. Foi presa em 21 de janeiro e permanece detida em El Paso.

No STF, a defesa dela afirmou que Cristiane “não estava envolvida no protesto e sequer esteve acampada durante dias” para incitar as Forças Armadas a darem um golpe. Ela disse que foi a Brasília “para passear”. Mas à PF, ela afirmou que pagou R$ 500 na passagem de um coletivo que transportou militantes. Diante da prisão nos EUA, a defesa de Cristiane afirma que estão sendo tomadas medidas para resolver a situação dela.


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