09 de fevereiro de 2025
DIVERGÊNCIA GRANDE

Fundahc alega que recebe por parto R$ 3,1 mil, e não os R$ 25 mil que Mabel tem informado

Em resposta ao anúncio do prefeito de que vai cortar em 40% do contrato fundação reagiu, divulgando os valores; Fundahc disse que está negociando novo plano de trabalho
Sandro Mabel Foto Mel Castro
Sandro Mabel Foto Mel Castro

A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc-UFG) rebateu o prefeito Sandro Mabel sobre o valor pago pelos partos que ele disse chegar a R$ 25 mil, representando R$ 21 mil a mais do que ela garante estar recebendo da prefeitura. A Fundahc informou nesta terça-feira (4) que o valor por parto é de R$ 3.172,72 e que já comprovou esse montante em reuniões com o chefe do Executivo.

Enquanto o prefeito questionava, em entrevista na Câmara Municipal, o valor pago à Fundahc pelos partos nas unidades geridas pela instituição, o vereador Edward Madureira (ex-reitor da UFG) dizia não chegar a R$ 4 mil o custo de cada parto, o equivalente ao informado pela Fundação. Madureira afirmou que esses números foram apresentados ao atual prefeito antes dele assumir o cargo.

Mesmo assim, Mabel reforçou nesta terça sua intenção de rever os valores dos contratos com a Fundahc e disse que a intenção é cortar 40% no valor atualmente contratado. Ele foi contundente sobre os gastos com as maternidades Dona Iris, Célia Câmara e Nascer Cidadão, geridas pela Fundação.  “Não tem cabimento, não. Vai ser cortado em 40% o valor do custo daquele contrato. Não tem cabimento naquele custo. Estamos fazendo um parto a 25 mil reais”, reiterou.

“Não interessa se é de urgência”

Depois, Mabel criticou que o valor seja uma composição do custo que envolve o parto ocorrer na infraestrutura de hospital de urgência. “Não interessa [se é de urgência]”. Ele ainda comparou o custo com o de um parto em um hospital privado da cidade que, segundo ele, cobra R$ 5 mil por parto.  

Mabel seguiu insistindo que vai ter uma redução, “e mesmo assim nós vamos continuar fazendo algumas avaliações”. Ele também acusou algumas unidades geridas pela Fundahc de trabalharem com ociosidade. “O Centro Cirúrgico da Maternidade de Dona Íris trabalha com 83% de ociosidade, e nós pagamos 90%. Eu pago cheio para ocupar só 17%?”, questionou.

Além disso, o prefeito ameaçou novamente romper o contrato. “Se não concordarem, nós vamos tirar a Fundahc. Esse custo, a cidade não pode pagar, e não tem justificativa. Nós vamos fazer uma auditoria grande no ‘para trás’ desses custos aí também, e vamos ver a conclusão que chega”.

A Fundahc encerrou o ano passado com mais de R$ 100 milhões a receber da prefeitura municipal, que vinha mergulhada em escândalos na área da saúde durante a gestão passada.

Fundahc responde sobre declarações de Mabel acerca de custo dos partos

Após as declarações do atual prefeito sobre os valores contratados, nesta terça, a fundação informou em duas notas que está negociando com a Prefeitura e em breve deve divulgar um novo plano de trabalho. Informou também que os valores realmente pagos por parto são bem distantes dos divulgados.

A fundação comparou, inclusive, os R$ 3.172,72 pagos pela Prefeitura ao custo médio nacional para um parto, de R$ 4.763,00. Esse custo é calculado pela Planisa, empresa especialista em gestão de custos para a área de saúde. Leia a íntegra das notas ao final.

A assessoria da fundação enfatiza que os valores cobrados por parto não podem ser vistos isoladamente porque há uma composição agregada. Por exemplo, “serviços pré e pós-parto que são oferecidos para a mãe e para o bebê”, que em uma maternidade privada teriam custos separados, entram na somatória do parto nas maternidades públicas.

O assunto foi abordado nesta terça também pelo assessor corporativo da Fundahc, Rogério de Paula. “Os valores [dos partos] são distribuídos. Existem bebês de alto risco e complexidade, que exigem medicamentos de alto custo, exames a serem feitos em outras unidades”(…) “A Fundahc não se recusa a mostrar seus números”, reforçou ele em entrevista à rádio CBN Goiânia.

Ao responder Sandro Mabel, a Fundahc enviou um balanço de suas atividades em 2024, quando as três maternidades prestaram 134 mil atendimentos, entre consultas, exames, partos, cirurgias eletivas e de emergência, inserção de DIU até testes neonatais. “Segundo dados do Ministério da Saúde, as maternidades municipais de Goiânia são responsáveis por 60% dos nascimentos na Capital, realizando, em média, 880 dos 1.400 partos mensais ocorridos em Goiânia”.

O balanço aponta que os maiores custos das três unidades geridas pela Fundahc são com internações (27,57%), partos (20,69%), leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) (15,95%), pronto-socorro geral (13,56%), UTI adulto (7,50%).

Nota ao Diário de Goiás

Em resposta a solicitação do Diário de Goiás, a Fundahc/UFG informa que está em negociação com a nova gestão da Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, para promover o reequilíbrio financeiro dos convênios firmados. Tão logo o novo plano de trabalho seja aprovado, ele será divulgado para imprensa.

A Fundação reafirma seu compromisso com a garantia da assistência à população e segue à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Assessoria de Comunicação Fundahc/UFG

Nota ao Diário de Goiás

Em resposta a solicitação do Diário de Goiás, a Fundahc/UFG informa que o custo médio dos partos, conforme convênio firmado com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), é de R$ 3.172,72, valor inferior ao custo médio nacional divulgado pela Planisa (R$ 4.763,00), empresa de serviços de Gestão de Custos para a área de saúde, em 2024.”

Assessoria de Comunicação Fundahc/UFG


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