18 de maio de 2025
História • atualizado em 19/04/2025 às 14:20

“Foi uma operação de guerra”, conheça a história narrada por JK sobre missão para levar energia a Brasília

Foram necessários quatro meses para retirar o equipamento do fundo do rio, numa época em que não havia guindastes ou tecnologia suficiente para erguer tamanha carga
O ex-presidente Juscelino Kubitschek narrou os principais desafios enfrentados para levar um transformador de 70 toneladas até o Planalto Central. Foto: Reprodução.
O ex-presidente Juscelino Kubitschek narrou os principais desafios enfrentados para levar um transformador de 70 toneladas até o Planalto Central. Foto: Reprodução.

Em um dos relatos mais emblemáticos da construção de Brasília, o ex-presidente Juscelino Kubitschek narrou os principais desafios enfrentados para levar um transformador de 70 toneladas até o Planalto Central. A missão, que ele mesmo definiu como “uma operação de guerra”, envolveu improvisações, engenharia militar, acidentes dramáticos e um símbolo do nascimento da nova capital: a primeira lâmpada acesa em meio ao cerrado.

“Nós tínhamos que levar para lá um gerador de energia elétrica, um transformador que pesava 70 toneladas, mas não havia uma estrada, uma carreta para sair de São Paulo”, recordou JK, explicando o início de uma jornada épica que cruzaria o país. Sem infraestrutura adequada, ele recorreu ao Batalhão de Engenharia do Exército de Itajubá, com uma missão clara: fazer o transporte como se fosse uma missão militar. Ao chegar à divisa entre Minas Gerais e Goiás, o grupo precisou improvisar uma embarcação para atravessar o Rio Paranaíba, mas o inesperado aconteceu:

A embarcação improvisada ali às margens do próprio rio, destinada a fazer o transporte, teve uma alteração no meio do rio e o transformador caiu dentro d’água.

Segundo JK, foram necessários quatro meses para retirar o equipamento do fundo do rio, numa época em que não havia guindastes ou tecnologia suficiente para erguer tamanha carga. “Não havia nada para suspender 70 toneladas. Foi, de fato, um dia de trabalho realizado pelo Batalhão de Engenharia de Itajubá”.

O transformador precisou retornar a São Paulo para ser reparado, e enquanto isso, JK tomou uma decisão crucial: construir uma ponte sobre o Rio Paranaíba, na divisa entre Goiás e Minas Gerais. “Nesse intervalo eu construí a ponte do rio. E então aí já não houve problema porque ele passou sobre a ponte”. A ponte em questão é a Ponte de Itumbiara, também conhecida como Ponte Affonso Penna que se tornou uma das obras emblemáticas do período de construção de Brasília, refletindo o esforço logístico e de engenharia que marcou os anos JK.

Em alguns trechos do percurso, as carretas gigantes exigiram medidas radicais: “Houve pequenas localidades que nós não pudemos evitar, que éramos obrigados a demolir casas e depois reconstruí-las para que aquelas grandes carretas levassem esses materiais pesados”.

A chegada do transformador

Conforme narra Jusselino, todo o esforço valeu a pena quando, enfim, a energia chegou à capital em construção. “Quando esse transformador chegou no Planalto, foi uma festa para nós. Nós vimos acesa a primeira lâmpada, naquele silêncio, naquela solidão… foi uma noite de festa”, relembrou.

Para JK, aquele momento não foi apenas simbólico. Era a prova de que, mesmo diante de tantos obstáculos, era possível instalar uma capital no coração do Brasil, em uma região que até então vivia à margem dos grandes projetos nacionais. “Quando eu acendi no meu quarto a primeira lâmpada, aquilo assinaria a presença do homem num ponto que até ontem era apenas a solidão”.


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