24 de março de 2025
FALSO BOMBEIRO • atualizado em 24/02/2025 às 15:39

Falso bombeiro que tentou entrar com crianças no presídio tinha projeto em escola de Hidrolândia

Homem fez até “formatura” de crianças da escola dentro da Câmara Municipal da cidade, sem suspeitas de que ele não era bombeiro de verdade
Carro onde investigado levou as crianças era plotado com nome do projeto que funcionava em escola de Hidrolândia no ano passado- Foto: DGPP
Carro onde investigado levou as crianças era plotado com nome do projeto que funcionava em escola de Hidrolândia no ano passado- Foto: DGPP

Uma escola de Hidrolândia abrigou o projeto do falso bombeiro que foi preso tentando entrar no Complexo Prisional Policial Penal Daniella Cruvinel, em Aparecida de Goiânia, levando cinco crianças entre 12 e 14 anos. O caso foi revelado pela Diretoria-Geral de Polícia Penal, (DGPP), como mostrou o Diário de Goiás, no sábado (22).

O homem é Glézio Bruno Matias que se passava por tenente do Corpo de Bombeiros de Goiás e dizia que as crianças faziam parte do Programa “Bombeiro Resgate”. Segundo declarou, o programa é voltado para crianças e adolescentes entre 8 e 15 anos. De fato, o programa funcionou dentro de uma escola de Hidrolândia, mas o homem nunca foi bombeiro e usava documento falso para ter acesso às crianças e ganhar a confiança dos pais.

Segundo apurou a Tv Anhanguera nesta segunda-feira (24), que o projeto funcionou na Escola Aliança, em Hidrolândia. As crianças do projeto são moradoras no Setor Garavelo Sul, localizado na mesma cidade.

Imagens obtidas pela emissora mostram que Glezio transitava pela unidade. Além disso, chegou a uniformizar as crianças do projeto, parecido com o que o  Corpo de Bombeiros faz com o programa Bombeiro Mirim, o único da corporação voltado ao público infantil.  

Tudo indica, ainda, que nem a escola nem os pais sabiam da situação irregular de Glézio. No dia em que foi preso, ele não portava autorização para estar com nenhuma das crianças.

“Treinamento” em hospital e “formatura” na Câmara

Uma mãe afirmou à tv que ele selecionou alunos da escola para o curso e que chegou a fazer treinamento com eles no Hospital Municipal de Hidrolândia, levando as crianças em outras instituições. No dia do flagrante, o falso bombeiro confessou aos agentes penais que tinha estado em um cemitério e até em um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A atual direção da escola afirmou à tv que a direção anterior apoiava o projeto, mas que ele  deixou de funcionar dentro da unidade no início de 2025. Mas, enquanto vigorou, em 2024, Glézio organizou até mesmo uma “formatura” dos alunos da escola que faziam parte do projeto e o evento aconteceu no plenário da Câmara Municipal de Hidrolândia. A “formatura” foi registrada em fotos que mostram os alunos com seus certificados de conclusão oferecido pelo falsário.

Falso bombeiro vai responder em liberdade

O falso bombeiro passou por audiência de custódia e agora vai responder em liberdade pelo uso de documento falso e usurpação de função pública. Ele pode responder por outros crimes em virtude do envolvimento de crianças nos fatos.

O Corpo de Bombeiros chama a atenção sobre a existência de outros projetos focados para crianças, mas que não são da Corporação. Em muitos casos, explica Pedro Niverson, major dos bombeiros. Ele alerta que geralmente são programas de bombeiros civis que cobram taxas ou inscrições, para o fardamento e o certificado, por exemplo. “Se a pessoa já está cobrando, pode ter certeza que não é vinculado ao Corpo de Bombeiros de Goiás”, destacou na entrevista.

A situação inusitada ocorreu na sexta-feira (21) e só chamou a atenção porque bombeiros são militares e sabem que o acesso de menores de 18 anos no presídio não é autorizado. Além disso, o falso bombeiro levava as cinco crianças dentro de um carro, excedendo a capacidade.

“Os policiais penais do Grupo de Guaritas e Muralhas (GGM) desconfiaram da identificação funcional, da forma em que ele tratava as crianças e do fardamento, que não era igual ao utilizado pelos Bombeiros Militares”, informou a DGPP.

Ao averiguar o documento do “militar”, os servidores identificaram que se tratava de uma carteira falsa. Glézio foi preso em flagrante.

A reportagem não localizou o contato de Glézio ou da defesa dele. O espaço permanece aberto para a versão do investigado.


Leia mais sobre: / / / Aparecida de Goiânia / Cidades / Geral