“Estão destruindo vidas.” A frase, dita por Keila, representante dos ambulantes da Região da 44, resume o apelo urgente da categoria que cobra diálogo direto com o prefeito Sandro Mabel (UB) diante do endurecimento das fiscalizações e da ausência de uma política pública eficaz para regulamentar o trabalho informal em Goiânia.
Sem respostas do Executivo, os trabalhadores informais denunciam abandono e relatam situações de extrema vulnerabilidade: famílias com aluguel atrasado, energia cortada e crianças passando fome. “Estamos fazendo vaquinha para comprar cesta básica. A prefeitura precisa entender que o que está em jogo é a sobrevivência de centenas de pessoas”, afirmou Keila.
Ao Diário de Goiás, o líder da Associação dos Vendedores Ambulantes de Goiânia (Asvendagyn), André Cavalcante, também reforçou a necessidade de abertura de diálogo com a gestão municipal. “A prefeitura ainda não sinalizou nenhuma reunião com a associação”, disse. A entidade também pede que o debate sobre o projeto de lei em tramitação na Câmara inclua reivindicações específicas dos trabalhadores.
Reivindicações
Segundo André, entre as principais demandas da categoria estão o direito ao trabalho entre 3h e 7h da manhã, para camelôs que atuam no horário noturno, e das 8h às 18h, para quem comercializa água, frutas, água de coco e alimentos em geral. A proposta é manter a atividade regulamentada, com cobrança de taxas e impostos, desde que os trabalhadores possam continuar operando sem perseguições ou ameaças de remoção.
Projeto de lei em tramitação
O vereador Fabrício Rosa (PT) apresentou nesta semana um projeto de lei que prevê a criação de uma Comissão dos Ambulantes e a regulamentação das atividades, principalmente no período da madrugada. O texto ainda está sendo analisado pelos representantes dos trabalhadores, que buscam incluir novos pontos.
“Estamos avaliando o projeto, mas ele ainda não contempla tudo que precisamos. A gente quer segurança para trabalhar, regras claras e a garantia de que não vamos ser retirados do dia para a noite”, pontuou André.
Frustração na Câmara
Na terça-feira (8), mais de 500 ambulantes foram até a Câmara Municipal em busca de apoio. Apesar da mobilização, os trabalhadores deixaram o local decepcionados com o que chamaram de “debate superficial”. “Foi um desrespeito enorme. Pouco se falou da gente, muita gente nem conseguiu entrar no plenário”, afirmou uma das participantes da manifestação.
A categoria denuncia ainda a falta de ações emergenciais para quem já está sem renda. “Estou desde sábado sem trabalhar. Cortaram minha luz, e o aluguel venceu. Ninguém resolve nada. Ficam empurrando de um lado pro outro. O prefeito está massacrando as pessoas”, desabafou outra ambulante.
A mobilização deve continuar nas próximas semanas, com novos atos planejados até que o poder público abra o canal de negociação.
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