Em entrevista ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), que foi afastada após primeira votação de processo de impeachment no Senado, cita o, também afastado, presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), como líder do “golpe”.
“Esse golpe, ele tem um líder. O líder não é o presidente interino [Michel Temer], o líder é o presidente da Câmara [Eduardo Cunha], que foi agora afastado. Um pouco atrasado, mas antes tarde do que nunca. Este líder, eminentemente, representa um setor conservador, extremamente conservador”, afirmou a presidente ao jornalista.
Questionada sobre a relação de aliados próximos que Dilma possuía com Michel Temer, que assumiu a Presidência, e Eduardo Cunha, a presidente ressaltou a necessidade de manter alianças na política brasileira.
“No Brasil, você tem um processo que eu acredito que, talvez, é um dos mais distorcidos do mundo. Aumenta o número de partidos sistematicamente, e cada vez os governos vão precisando de mais partidos para formar a maioria simples e a maioria de dois terços do parlamento. Você tem de ter uma base de alianças. Quanto maior a base de alianças, menos política e ideologicamente alinhada. Então, você passa a ter de construir alianças muito amplas”, afirmou.
Segundo a presidente, desde o início do governo Dilma, Cunha e ela tiveram problemas. “Nós começamos a ter atrito desde o primeiro dia do meu governo, do meu segundo governo. Ao longo do meu primeiro, nós tivemos atritos sistemáticos com ele. Então, essa é uma questão que é muito importante de ser entendida, porque ele age nas trevas. Ele é muito bom de agir nas trevas”, finalizou.
Glenn Greenwald também questionou a presidente sobre impeachment, votações no Senado e futura condução do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), assim como o governo Temer, o qual Dilma chamou de conservador, e programas do governo federal que deverão ser afetados, como o Bolsa Família.
A entrevista foi publicada nesta quinta-feira (19) no site The Intercept. Esta foi a primeira entrevista concedida pela presidente Dilma desde que foi afastada do cargo no dia 12 de maio, após primeira votação no Senado, por 55 votos a 22.
Veja vídeo da entrevista na íntegra:
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