BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em jantar com a bancada do MDB nesta terça-feira (17), o presidente Michel Temer disse que pretende que seu partido continue no comando do Palácio do Planalto a partir de 2019.
“Precisamos eleger um grande número de deputados. Aliás, o meu desejo é que todos aqui, deputados e senadores sejam reeleitos e trazer também outros que possam acrescentar à nossa bancada.
Governadores, deputados, senadores e, eventualmente, o presidente da República”, disse ao discursar para uma plateia com 40 deputados e 10 senadores do partido.
Temer jantou em um restaurante em Brasília, num evento organizado pela liderança do MDB Câmara para receber novos integrantes da legenda. Ele chegou ao local por volta das 21h, quando o esperavam apenas três senadores e o ministro Moreira Franco (Minas e Energia).
Ao entrar ao local, ele não quis responder sobre seu desempenho em pesquisa Datafolha divulgada nesta terça, que mostra que seu governo é rejeitado por 70% da população. Disse apenas que respeita pesquisas e não comentaria a possibilidade de disputar a reeleição.
O presidente jantou ao lado de senadores e foi interrompido por diversas vezes pelos convidados que chegavam ao local.
Ao discursar, Temer repetiu que seu governo foi alvo de um “ataque”.
“Sofremos uma oposição feroz nos quatro, cinco ou seis primeiros meses. Depois, sofremos uma oposição que era de outra natureza, em face de um fato que ocorreu em maio do ano passado e que usaram uma frase falsa para fazer campanha contra o presidente da República”, disse, sem mencionar diretamente a delação do grupo JBS, na qual ele foi gravado pelo empresário Joesley Batista dizendo “tem que manter isso, viu”.
O episódio foi usado pelo Ministério Público para embasar denúncias contra Temer por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. As acusações foram suspensas por decisão da Câmara até que Temer termine o mandato.
“Mas eu tive resistência. Resistência minha? Onde é que eu adquiri essa resistência ou resiliência, como dizem? Eu adquiri no MDB”, completou Temer.
Além de Moreira e dos parlamentares, participaram do evento os ministros Carlos Marun (Secretaria de Governo), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Leonardo Cruz (Esporte).
Na saída do jantar, Temer disse ainda que estuda fazer um pronunciamento à nação na sexta-feira (20), mas não quis dizer o motivo. “Não é para falar de denúncia não. Andaram falando por ai que eu vou fazer um pronunciamento para justificar a denúncia, não tem nada disso. Não tem nada disso. Quando tiver, e se tiver [denúncia] … os advogados é que vão … Eu vou fazer possivelmente um pronunciamento à nação, como chefe de estado”, disse. Indagado sobre o motivo, ele respondeu que “depois conta”.
Ainda no jantar, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), disse que não existe espaço para uma nova denúncia contra o presidente. “Não tem nem pé e nem cabeça. É uma espécie de ameaça velada ao governo”, disse.
A hipótese de que o Ministério Público esteja preparando uma terceira denúncia contra Temer cresceu depois que alguns de seus amigos, como o ex-assessor José Yunes e o coronel João Baptista Lima, foram presos na Operação Skala, deflagrada no fim de março.