24 de abril de 2025
Mercado de trabalho • atualizado em 23/03/2025 às 17:29

Em Goiás, cidades do interior têm maior crescimento do número de empregos do que Goiânia

A Grupom analisou dados do Caged do mês de janeiro de 2018 a 2025, que demonstraram tendência de que os trabalhadores se estabilizem no interior, não dependendo da busca por oportunidades na capital
A expansão do mercado de trabalho no interior foi influenciada diretamente pelo desenvolvimento do agronegócio e necessidade de mão de obra especializada. Foto: Reprodução
A expansão do mercado de trabalho no interior foi influenciada diretamente pelo desenvolvimento do agronegócio e necessidade de mão de obra especializada. Foto: Reprodução

Um levantamento realizado pela Grupom, a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontam que o interior de Goiás está tendo maior crescimento no número de empregos do que na capital, Goiânia. Foram analisados os dados do Caged do mês de janeiro dos anos de 2018 a 2025, que demonstraram que o interior goiano se estabelece como o principal centro de expansão do mercado de trabalho.

A Grupom observou dados de três áreas específicas: o Interior, a Região Metropolitana de Goiânia (RMG) e a cidade de Goiânia. As análises indicaram que a evolução das admissões do mês de janeiro de 2018 a 2025 subiu de 26.203 para 50.490 no Interior, apresentando um crescimento acumulado de 92,8%, maior que nas outras áreas.

Na Região Metropolitana, o número de admitidos subiu de 7.109 em 2018, para 13.482 em 2025, crescimento acumulado de 89,6%. Já em Goiânia, a menor alta acumulada das três, atingiu 76,8%, indo de 17.461 admitidos em 2018 para 30.871 em 2025.

Expansão das oportunidades no interior

Ao Diário de Goiás, o Diretor Executivo da Grupom Consultoria Empresarial, Mário Rodrigues Neto, explicou que há um processo importante tanto na capital quanto na região metropolitana e no interior. No entanto, a velocidade da geração de emprego nas cidades do interior tem sido maior e mais rápida que a observada na capital.

De acordo com ele, os resultados apontam “um fortalecimento e um aumento de complexidade de opções e oportunidades de emprego no interior, tanto para pessoas que são ligadas ao agronegócio, quanto para profissionais da área de serviços”. O cenário demonstra que está acontecendo “um aumento da complexidade do ecossistema de negócios” para além da capital, complementou Mário.

“Uma consequência direta desse fenômeno é o fortalecimento do setor de serviços em localidades que anteriormente possuíam pouca oferta nessas áreas. Serviços de saúde, beleza, alimentação e entretenimento têm se expandido, reduzindo a necessidade de deslocamento à capital para acesso a tais serviços”, explicou o diretor da Grupom.

Em resumo, está acontecendo uma expansão do mercado nas cidades do interior, principalmente pautadas pelo agronegócio, que tem levado ao crescimento de setores conexos, como logística, tecnologia aplicada ao campo e serviços especializados. Mário aponta que o custo de vida no interior também tem sido um atrativo. “O custo de vida relativamente mais baixo no interior torna essas regiões mais atrativas para novos investimentos e para a fixação de profissionais qualificados”, destacou.

Outro fator que pode ter influenciado nessa dinâmica é o chamado de “dinamismo econômico do interior”, que de acordo com o diretor da Grupom, tem sido impulsionado por incentivos estaduais e municipais voltados para a descentralização do desenvolvimento econômico. “Empresas e empreendedores encontram no interior condições favoráveis para expandir seus negócios, o que reflete diretamente na geração de empregos”, complementou Mário Neto.

Análise dos dados

Com base na análise das taxas de crescimento acumulado e composto anual, o estudo fornece subsídios técnicos e estratégicos para gestores e formuladores de políticas públicas, evidenciando os desafios e oportunidades no cenário do mercado de trabalho em Goiás. Na análise geral, o CAGR (Compound Annual Growth Rate) de 2018 a 2025 foi de aproximadamente 9,3% ao ano, o que demonstra uma evolução contínua no mercado de trabalho.

Conforme a análise da Grupom, o interior continua sendo a região com o maior número absoluto de contratações, tendo maior taxa de crescimento entre as áreas analisadas. Goiânia se manteve na posição dinâmica, com taxa de expansão menor do que as outras regiões, mas ainda significativa. Já a Região Metropolitana, apesar de ser a menor fatia em termos absolutos, apresentou crescimento robusto, próximo ao do Interior.

Confira a análise da Grupom:

A análise geral aponta que o total de admitidos aumentou de 50.773, em 2018, para 94.843, em 2025. Nota-se um avanço significativo a partir de 2021, que se consolida nos anos seguintes, indicando um aquecimento contínuo na dinâmica de contratações.

Segundo o levantamento da Grupom, o destaque está no Interior, visto que o CAGR foi de 9,8%, e obteve a maior proporção de admissões, sendo considerado o principal centro de expansão. Isso indica a possibilidade de implementar políticas que incentivem o desenvolvimento regional, dada a maior disponibilidade de mão de obra.

Na Região Metropolitana de Goiânia, embora a proporção tenha sido menor, a taxa de crescimento de 9,6% revela revela um potencial de expansão, possivelmente ligado ao crescimento de áreas industriais, logísticas e de serviços nas proximidades de Goiânia. Já na capital, embora apresente uma taxa de crescimento inferior, de 8,5%, Goiânia ainda contribui com uma parte significativa do total de contratações, refletindo a robustez econômica do capital nos setores de comércio e serviços.

Perspectivas futuras

A tendência é que as oportunidades de trabalho nas cidades do interior continuem aumentando com o passar dos anos. O cenário atual aponta que, cada vez, os novos especialistas, com formação específica, terão demanda no mercado de trabalho no interior, não necessitando ir para os grandes centros para conseguir inserção no mercado.

“As perspectivas para os próximos anos são positivas. Com a demanda global por commodities em crescimento e a estabilidade do agronegócio como motor econômico, a tendência é que a geração de empregos continue forte no interior. O avanço da tecnologia no setor agropecuário também deve intensificar a necessidade de mão de obra especializada, o que pode gerar oportunidades de qualificação e capacitação profissional nas regiões interioranas”, reiterou Mário.

Conforme o especialista em análises, diante desse cenário, é “fundamental que políticas públicas e iniciativas privadas acompanhem essa dinâmica, garantindo infraestrutura, educação e condições favoráveis para que o crescimento econômico do interior se mantenha sustentável e inclusivo”. O panorama reflete que haverá uma crescente busca por profissionais altamente qualificados nos próximos anos, muitos com formação superior, que são melhor remunerados. “Esse processo pode ser comparado a uma “industrialização” do interior, tendo como base a expansão das agroindústrias”, detalhou Mário Neto.


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