23 de maio de 2025
DRENAGEM URBANA

Diagnóstico do PDDU aponta 14 quilômetros de erosão no Córrego Cascavel e 114 erosões no Taquaral

Etapas do PDDU entregues nesta quarta ao prefeito Sandro Mabel mapearam situação crítica de erosões ligadas à drenagem urbana em 14 bacias hidrográficas
Audiência para entrega do PDDU foi nesta quarta-feira, transmitida ao vivo - Foto: reprodução / Tv Câmara
Audiência para entrega do PDDU foi nesta quarta-feira, transmitida ao vivo - Foto: reprodução / Tv Câmara

Foram entregues nesta quarta-feira (30), em audiência pública, o diagnóstico e o prognóstico para 14 bacias hidrográficas que cortam Goiânia, com projeções para os próximos 30 anos, produzidos dentro do Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU). O documento indicou situações graves, como no Córrego Cascavel, com 14 quilômetros contendo erosões espalhadas, e do Taquaral, com 149 erosões mapeadas.

Os diagnósticos e os prognósticos são as duas primeiras das cinco etapas da produção do PDDU. Entre as tarefas do Plano está a de apresentar estruturas alternativas para resolver problemas de drenagem e com isso oferecer mais segurança à população e proteção ao meio ambiente da Capital.  Mas o estudo chegou a um patamar de contribuir até mesmo para avaliar o custo da correção dos danos que foram apontados.

O trabalho já envolveu mais de 60 profissionais, entre professores, pesquisadores, estudantes envolvidos em diversas etapas para os trabalho de campo, estudos, elaboração e divulgação do PDDU.

 Thiago Mendes, professor e pós-doutor em Geotecnia, apresentou as duas etapas atuais e disse que o grupo contou com um estudo de 2002 sobre processos erosivos nas bacias estudadas que ajudou no início do diagnóstico. Ele observou que os pontos de erosões pluviais e os de alagamento se coincidem e se interligam.

Diagnóstico do PDDU mostra grave situação do Cascavel e do Taquaral

De acordo com a explanação dele na audiência desta quarta-feira, os levantamentos aéreos e topográficos, utilizando drones e softwares específicos, apontaram, por exemplo, os pontos em que córregos importantes, como o Cascavel, estão fora da calha. O Cascavel, segundo o diagnóstico do PDDU, “apresenta 14 quilômetros de problemas erosivos [envolvendo as duas margens]”, disse. O Cascavel tem uma área total de aproximadamente 34 quilômetros.

“A bacia campeã dos processos erosivos pluviais, é a do Córrego Taquaral”, informou Mendes. O diagnóstico apontou que a bacia do Taquaral tem 144 erosões.

O especialista indicou que o PDDR poderá indicar o volume de terra retirado dos locais erodidos, permitindo uma estimativa de custo para corrigir esses problemas e recuperar os pontos de erosão por águas pluviais. Nessa linha, o grupo avaliou técnicas, como, por exemplo, o uso de gabiões e muros de arrimo, e montou até um sistema similar a um aplicativo que permite manusear planilhas com as informações coletadas e facilitar as análises de custo para futuros orçamentos de cada uma das bacias e sub-bacias hidrográficas de Goiânia.

Orçamentos mais rápidos

Ele citou que esse recurso poderá ajudar, por exemplo, a agilizar os orçamentos para casos críticos como das bacias do Taquaral ou do João Leite – que possui 29 erosões. O sistema permite até mesmo orçar cada erosão individualmente.

Como já se esperava, o estudo apontou que as estruturas de lançamento (canos de esgoto e tubulações de águas pluviais, por exemplo) nos córregos são as causas de 60 a 70% das erosões mapeadas nesses dois anos de trabalho.

O grupo criou também um software para o Monitoramento dos Pontos Erosivos (Maiper) contendo todos os pontos de alagamento, com os relatos até por nível de prioridade de risco menor ou maior. O sistema permite ainda sobrepor as estruturas como bocas de lobo e outros pontos de lançamento para ajudar na tomada de decisões quando há grande concentração delas e alguma erosão relacionada à sua atividade.

O vice coordenador do PDDU, e professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás, Raviel Basso, destacou nesta quarta que o momento ainda é de “ouvir e receber contribuições”. Ele defendeu o envolvimento de técnicos para esse tipo de estudo.

“O plano vai nos dar um norte. Identifica os problemas de hoje e propõe para onde queremos ir. Com o aumento da intensidade das chuvas, precisamos de um direcionamento claro. Onde há problemas, atuamos com mitigação. Onde ainda não há, propomos ações preventivas”, apontou o professor

Prefeito falou da importância do PDDU

Na audiência, o prefeito Sandro Mabel recebeu e enfatizou a importância do PDDU para o planejamento urbano da capital, com o conhecimento sobre as condições atuais da drenagem urbana e as medidas necessárias para torná-la mais eficiente e sustentável. “O plano de drenagem faz com que possamos tomar as decisões certas, principalmente com o apoio de especialistas da UFG. Teremos as ações corretas, nos momentos adequados, mapeando todos os problemas e encontrando as soluções”, afirmou o prefeito.

Mabel também citou a necessidade de intervenções tanto em micro quanto em macrodrenagem. “A macrodrenagem hoje não pode ser só colocar a água dentro de um tubo e jogar num córrego. É preciso fazer caixas de absorção e estruturas que permitam drenar a água e recarregar o lençol freático. Esse é o grande plano que nós esperamos com esse trabalho”, sugeriu. 

Marginal Botafogo

O prefeito pediu atenção com a Marginal Botafogo, onde cita que antigas pontes na região da Rua 44 possuem um suporte embaixo delas com paredes grossas, que retém muita água. Elas dificultam o escoamento podendo causar transbordamento, “por isso precisam ser suprimidas”. Ele disse que está atrás de recursos para essa obra: “Estamos buscando cerca de R$ 300 milhões para reformar toda a Marginal”.

O vereador Anselmo Pereira falou como presidente em exercício da Câmara e destacou que a importância história do PDDU para o urbanismo de Goiânia. O parlamentar lembrou da relevância do Plano no contexto dos 100 anos de Goiânia, comemorados em 2033. Mas aproveitou a oportunidade para solicitar aos órgãos do município que estejam prontos para rever projetos por conta do habite-se, “para que eles estejam em conformidade com o PDDU e ele não vire um documento de prateleira”.

Subsídio para o Executivo e o Legislativo

A Diretora Executiva da Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (Funape) da UFG, Sandra Mara Matias Chaves, destacou na audiência que o PDDU pode contribuir com a qualidade de vida e ajudar na prevenção e mitigação de riscos. Além disso, frisou ela, “vai dar subsídios para a Prefeitura e para a Câmara legislar sobre o tema”.

Já a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, destacou que Goiânia teve um PDDU há mais de 90 anos “e agora está prestes do centenário, discutindo de maneira séria e comprometida o próximo PDDU. É um momento histórico”.

Representando Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), a analista da Superintendência de Saneamento Básico, Evânia Vieira da Costa, elogiou Goiânia por ter a iniciativa do PDDU e anunciou que ele vai servir de subsídio e referência para a Agência propor soluções similares.


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