O presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Delegado Waldir, fez um apelo direto aos pais, prefeitos e vereadores para denunciar o transporte escolar irregular no Estado. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (16), ele classificou a situação como “inadmissível” e revelou que 82 veículos já foram retirados de circulação por apresentarem condições precárias.
“É um B.O. gigantesco. Estamos falando de veículos que não têm a menor condição de transportar nem animais, quanto mais crianças”, disse Waldir, ao comentar o estado dos carros vistoriados nas últimas semanas. “Temos Kombis sem cinto de segurança, com pneus carecas, vidros que não abrem, motoristas sem habilitação adequada… Isso é um desrespeito total à vida dos nossos estudantes”.
O presidente do Detran reforçou que os motoristas não estão prestando um favor, mas sim recebendo recursos públicos. “Esses motoristas são pagos com dinheiro da prefeitura. Não estão trabalhando de graça. Então é obrigação entregar um serviço minimamente seguro. Não podemos esperar uma tragédia para tomar providências”, afirmou.
Waldir também criticou o que chamou de “maquiagem“ em veículos feita por empresas para burlar a fiscalização. “Eles preparam o carro só para o dia da vistoria. Depois, voltam a circular em condições lastimáveis. Estamos investigando empresas que vendem esses kits e pode haver responsabilização criminal. A casa vai cair”, enfatizou.
Fiscalização e denúncias
Segundo o Detran-GO, mais de 1.800 veículos já foram fiscalizados desde o início da vistoria semestral, em fevereiro. A estimativa é de que cerca de 5 mil veículos prestem serviço de transporte escolar em todo o estado. O objetivo é vistoriar todos até junho. “Estamos recebendo denúncias inclusive pelo meu Instagram e pelo WhatsApp. Mandem fotos, vídeos, localização. A fiscalização vai chegar”, garantiu o presidente.
Um caso emblemático citado por ele aconteceu em Jussara, onde uma Kombi que transportava crianças foi flagrada com cintos inoperantes, vidros sem limitadores, motorista com CNH categoria B (quando o exigido é categoria D), sem curso de transporte escolar e sem exame toxicológico. “Aquilo ali vai direto pra sucata”, resumiu.

Penalidades
Além da retirada do veículo do sistema, há outras punições previstas. “Encaminhamos os casos mais graves ao Ministério Público. Os responsáveis podem responder criminalmente e perder o direito de prestar serviço de transporte escolar”, destacou.
Para exercer essa função, os motoristas precisam ter mais de 21 anos, CNH nas categorias D ou E, certidão negativa de antecedentes criminais, curso específico para transporte escolar e exame toxicológico em dia.
Apelo aos pais
O Delegado Waldir fez um apelo direto às famílias goianas. “Se o seu filho está andando em um veículo sem cinto, com excesso de passageiros, denuncie. Não espere o pior acontecer. Nós vamos continuar fiscalizando, mas precisamos da ajuda da população. Vamos respeitar nossas crianças e nossas famílias.”
As fiscalizações seguem até 2 de junho. Veículos reprovados terão até 30 dias para corrigir as irregularidades. Caso contrário, serão automaticamente excluídos do sistema de transporte escolar do Estado.
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