19 de abril de 2025
DECISÃO JUDICIAL

Deputado do PL é condenado a indenizar Gleisi Hoffmann a quem chamou de ‘amante’

Bolsonarista Ricardo Arruda ofendeu a hoje ministra Gleisi Hoffmann no ano passado chamando ela de “a tal da amante”
Gleisi e PT processaram Arruda - Fotomontagem: redes sociais
Gleisi e PT processaram Arruda - Fotomontagem: redes sociais

O deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR) foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a indenizar a atual ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann. O deputado ofendeu Gleisi, que é deputada licenciada e era presidente do Partido dos Trabalhadores (PT). A decisão é da juíza Tatiana Medina e cabe recurso.

A indenização a ser paga por Ricardo Arruda é de R$ 20 mil por uma postagem do ano passado em que ele chamou Gleisi Hoffmann de “a tal da amante”. A condenação também envolve indenizar o PT no mesmo valor.

Além disso, o parlamentar bolsonarista foi condenado a se retratar publicamente pela postagem. A sentença foi expedida no último dia 27 após ação movida pela ministra e pelo partido, conforme divulgou o portal Uol.

Ofensa dita em vídeo nas redes

Em publicação no Instagram, realizada em outubro de 2024, o deputado se referiu a Gleisi, hoje ministra, como “a tal da amante”.

Em vídeo, o deputado afirmou:  “Olá, tudo bem? Deputado Ricardo Arruda. Pessoal, olha ela de novo aí, a Presidente do PT, a tal da amante, olha aí ela esbravejando porque ouviu a verdade”.

Além disso, na mesma publicação, o deputado sugeriu que “todos os presos de todos os presídios do Brasil comemoraram a vitória de Lula”, referente a sua eleição em 2022. Após a repercussão das postagens, o PT entrou na Justiça alegando que Arruda tentou ligar o partido ao crime organizado.

Publicação foi excluída após milhares de visualizações

À Justiça, Gleisi argumentou que Arruda usou um boato de cunho sexual para desqualificá-la enquanto mulher, “a reduzindo a mero objeto sexual”. Após repercussão, a postagem acabou excluída da rede, “mas Gleisi e o PT apontaram que o constrangimento foi exposto para mais de 267 mil seguidores do deputado até então”, informou o portal.

Em sua defesa, Arruda tentou argumentar com seu direito “à opinião e à liberdade de expressão”. Além disso, afirmou que o post não teve caráter misógino e que usou o termo “amante” como uma “ironia política” veiculada amplamente nas redes sociais.

Leia também: Gleisi Hoffmann apresenta queixa-crime no STF contra Gustavo Gayer e pede indenização de R$ 30 mil

Liberdade de expressão não pode atacar dignidade alheia, aponta juíza

Entretanto, a Justiça concordou com as alegações de Gleisi e do PT e entendeu que a fala foi desrespeitosa. Nos autos, a juíza ainda narrou que a liberdade de expressão não deve atacar a dignidade alheia.

“A finalidade é nitidamente vexatória, visando desqualificar a autora, insinuando que possui relacionamento extraconjugal. (…) A fala emitida, portanto, denota um total desrespeito não só com a figura política, mas também em relação à própria pessoa como ser em sociedade”, cita a magistrada.

Ela continua afirmando:  “Entendo que houve abuso do direito de livre manifestação, não consistindo em mera exposição de sua opinião, mas em divulgação intencional de fato cuja veracidade da informação não é comprovada”.

Ofensa ao PT

No âmbito da ofensa ao PT, a decisão observa que o ataque do deputado ao partido foi baseado numa informação não comprovada. Dessa forma, o entendimento é de que “a publicação associando o partido ao crime teve como objetivo afetar a reputação do PT frente ao eleitorado” em uma narrativa difamatória.

A decisão, informou ainda o Uol, definiu que Arruda deve se retratar publicamente sobre a postagem. Além disso, ele deve pagar as custas processuais e indenizar em R$ 7 mil o partido e a atual líder da Secretaria de Relações Institucionais.

A reportagem não localizou a defesa do deputado Ricardo.


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