O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, concedeu entrevista ao Diário de Goiás e confirmou a disposição de disputar uma vaga de deputado federal em 2026. Enfatizou que é FICHA LIMPA. Após enfrentar e, segundo ele, superar 144 processos judiciais, Delúbio afirmou estar juridicamente habilitado para concorrer a cargos eletivos e classificou sua situação como de “um menino de três anos de idade, começando de novo”. Ao longo da conversa, defendeu sua trajetória política e destacou a lealdade ao partido e aos princípios que diz ter orientado sua atuação.
Na entrevista, criticou a influência da grande mídia e o que considera interferência política do Judiciário. Em tom de reconstrução, relatou planos de dialogar com diversas bases, incluindo setores da educação, trabalhadores e movimentos sociais, para tentar retomar espaço político no estado.
Sobre a próxima eleição presidencial, defendeu que Luiz Inácio Lula da Silva é altamente competitivo, apontando indicadores econômicos e o legado dos governos petistas como diferenciais. Além disso, destacou que o PT em Goiás buscará ampliar sua bancada, hoje com duas cadeiras federais, para ao menos três deputados eleitos. Delúbio declarou que seu projeto eleitoral será submetido à decisão do partido, mas reiterou a disposição de integrar a chapa proporcional e contribuir com a legenda.
Na entrevista, cunhou várias frases. Uma delas: “A revolução começa na cabeça das pessoas”.
ENTREVISTA – DELÚBIO SOARES (PT)
[ALTAIR TAVARES]
O Diário de Goiás entrevista, hoje, Delúbio Soares, que é, hoje, um dos personagens mais importantes da articulação política, notadamente, vinculado ao Partido dos Trabalhadores. Recentemente, Delúbio divulgou um vídeo falando de lealdade e de resistência. Passou aí muitos anos nesta condição e vai contar essa história para a gente, além de outros fatos importantes das articulações políticas em Goiás.
Delúbio Soares, bem-vindo aqui ao Diário de Goiás para esse nosso bate-papo.
[DELÚBIO SOARES]
Bom dia, Altair. É um prazer muito grande estar com você aqui, pessoa que eu conheço há bastante tempo e um dos maiores jornalistas de Goiás e do Brasil.
[ALTAIR TAVARES]
Obrigado pela gentileza. Delúbio, no vídeo que você divulgou recentemente, você fala de lealdade. Isso tratando, certamente, de toda a história que você vivenciou como tesoureiro do PT, dos processos que enfrentou e que saiu, de certa forma, posso dizer, vitorioso deles.
Quando enfatiza lealdade, você está querendo contar o quê?
[DELÚBIO SOARES]
Primeiro, é uma história que o Brasil todo conheceu do lado contrário, principalmente a grande mídia. A mídia divulgou muitas coisas que não foram corretas, que não aconteceram. Mas tanta conversa, tanta divulgação que transformou as operações do mensalão em paz com a verdade absoluta.
Nós temos que mudar essa versão. Então, o que nesse vídeo eu quis dizer? Eu sempre fui uma pessoa que tive lealdade ao partido, lealdade à verdade.
Não ao partido, à verdade. O que aconteceu nas CPIs todas que eu tive, que foram várias, e CPI por longa data, tempo de CPI, que eu fiquei 21 horas. Nas CPIs no Ministério Público, na Polícia Federal, aonde eu fui 93 vezes, sempre tive o mesmo pensamento.
A mesma verdade que eles queriam colocar na minha boca, coisa que não aconteceu. Eu estou agora começando, depois que eu consegui anular e ganhar todos os processos, transformando… A situação jurídica hoje é de vitória em todos aqueles processos?
Todos os processos. Os que você foi preso, todas as especificações? 144 processos, todos superados.
Todos superados. 144 criminal. Fora os eleitorais, fora os civis, fora os tributários.
E quando o promotor entra no processo, ele entra em três, quatro processos, alguns não têm nada a ver. Entra no criminal, entra no eleitoral, entra rumo a uma questão administrativa, rumo a uma questão tributária. Sempre foi assim.
[ALTAIR TAVARES]
Hoje você é um ficha limpa.
[DELÚBIO SOARES]
Como qualquer cidadão brasileiro que tenha três anos de idade.
[ALTAIR TAVARES]
Inclusive tratando do ponto de vista eleitoral.
[DELÚBIO SOARES]
Também.
[ALTAIR TAVARES]
Nós vamos tratar disso daqui a um pouquinho, essa questão eleitoral. Hoje você é ficha limpa?
[DELÚBIO SOARES]
.. Hoje eu estou como um menino de três anos de idade. Começando, aprendendo a falar, aprendendo a conviver.
Porque você fica 20 anos afastado, agora você tem que aprender tudo de novo. E eu não tenho vergonha de aprender.
[ALTAIR TAVARES]
Você está exagerando, porque são um três anos de idade com uma experiência gigantesca na política.
[DELÚBIO SOARES]
Gigantesca. Eu, desde os 17 anos, comecei a militar politicamente. Então, desde lá para cá, eu tenho uma profissão, que sou professor da rede pública.
Dei aula muitos anos no Estado de Goiás. Militei muito no movimento de professores, de trabalhadores de educação. E depois no PT, na construção da CUT e do PT.
E aí nós construímos. Eu acho que nós temos uma geração, Altair, que nasceu politicamente em 1980. Alguns nasceram antes.
Mas nós, nos anos 1980, é uma geração totalmente vitoriosa. Por quê? Construímos, recuperamos o movimento sindical.
Construímos a ideia de centrais sindicais, que até então não existia no Brasil. A experiência que teve, a ditadura matou. Um dos slogans era a liberdade sindical, não é?
É, autonomia sindical, negociação. Entre empregados e trabalhadores. E o que aconteceu?
Nós construímos, reconstruímos um movimento social, um movimento sindical. Fundamos, criamos o Sem Terra, o Movimento Sem Terra, outros movimentos, paredista, outros movimentos de trabalhadores rurais. Organizamos o Movimento Popular na CMP, várias organizações que existem hoje de organização do movimento popular, o Movimento de Moradia e, o mais importante, construímos um partido que começou a discutir com os demais partidos de esquerda e construímos uma frente política que chegou à presidência da República em 2002, com o presidente Lula.
Não foi só o PT, o PT é o partido do governo, mas com vários partidos aliados, nós conseguimos, pela primeira vez na história do Brasil, eleger um operário para a presidência da República e fazer um governo para o povo, com o povo. Essa é a diferença do PT com os demais partidos. Foi isso que aconteceu.
Então, nós somos um movimento totalmente vitorioso e uma geração vitoriosa.
[ALTAIR TAVARES]
É por isso que eu falei de experiência, a sua história nesse processo é gigantesca. Mas, voltando à questão dos processos, a sua reputação foi destruída, literalmente. Hoje, não de hoje, mas já há um bom tempo, você está procurando reconstruir ou reconquistar essa reputação.
O que você já conseguiu?
[DELÚBIO SOARES]
Ah, o meu trabalho continuou mesmo quando eu estava com dificuldade. Eu sempre conversei com as pessoas, dialoguei, só que as pessoas, tudo o que eu falava, as pessoas falavam assim, não pode nada, isso aí está no processo, está na Lava Jato, está no Mensalão. E aí foi com o tempo, como esses processos.
A verdade, como dizia o Sócrates lá atrás, em 400 anos antes de Cristo, ele dizia, a verdade não vive o suficiente para envelhecer. Sócrates dizia, há 400 anos antes de Jesus Cristo, a mentira não vive o suficiente para envelhecer. E aqui no Brasil, eu aprendi isso quando eu era menino, lá na roça, lá em Boletim Alegre.
Minha mãe dizia, menino, não mente, que mentira tem perna curta. Traduziu o que o Sócrates dizia. Não mente para mim, que eu vou descobrir.
E aí apoiava, era natural isso, na criação de menino pessoal em perna de roça.
[ALTAIR TAVARES]
Mas aí eu questionei, o que você já reconquistou desse período? Você já conseguiu a vitória jurídica? Já tem cerca de uns dois, três anos, né?
[DELÚBIO SOARES]
A vitória jurídica começou em 2019, quando o STF derrubou a armadilha que ele mesmo criou, que foi a prisão em segunda instância. Ele foi a primeira grande vitória. Quando nós saímos, eu estava preso em Curitiba, o Lula estava preso, o Vaccari estava preso, o Zé Dirceu estava preso, e outros também que não são nossos amigos estavam presos, Eduardo Cunha, o Gin Argello.
Então, nós saímos em liberdade. E foi julgado o processo. O qual nós ganhamos.
O processo estava errado. Aquela vara não era competente para o processo. E depois voltou para o eleitoral e eleitoral na sua homenagem absolvida.
Eu fui absolvido. No caso da Lava Jato? No caso da Lava Jato.
No caso do Mensalão, eu paguei a pena. Fui condenado a oito anos e dez meses de cadeia. Paguei a pena.
Agora, eu, o Zé Dirceu e outros, estamos aguardando passar esse processo eleitoral do ano que vem para que a gente possa entrar com a revisão criminal. E vamos ganhar, porque o Mensalão foi totalmente… O julgamento foi totalmente equivocado.
Revisão criminal significa o quê? Você pedir para julgar novamente o processo. O que nós fomos julgados?
Eu, no meu caso, e do Zé Dirceu, nós não tínhamos mais mandato. O Zé Liceu não tinha mandato e eu nunca tive mandato parlamentar. Então, eu não podia ser julgado do foro, direito de foro, o chamado foro especial.
E fui julgado. Quem tinha que me julgar era o júri de primeira instância. Fui julgado na terceira instância, que não tinha jeito de recorrer.
O Zé Dirceu era presidente do PT ou o senhor era… Não, o Zé Dirceu tinha sido presidente do PT. O senhor era tesoureiro.
Ele tinha sido deputado e foi cassado. Então, eu não tinha mais o direito de foro. Então, o que acontece?
Além disso. Sim.
[ALTAIR TAVARES]
É isso que o senhor quer?
[DELÚBIO SOARES]
Sim. O que vai resolver na minha vida? Nada. Hoje, nada. Mas vai mostrar para a minha geração que teve um julgamento equivocado.
Vou pegar o exemplo. Você lembra do caso Dreyfus, que você deve ter estudado, na França, em 1800 e pouco? 1800 e tanto, não é?
. O Dreyfus foi condenado. Está falando no bom sentido.
O Dreyfus foi condenado. Aí, teve um intelectual francês, chamado Emile Zola, que escreveu um artigo para defender o Dreyfus, que era um soldado. E aqui no Brasil, o Rui Barbosa escreveu um também.
E foi uma pressão internacional tão grande que anulou o processo. Só que ele tinha ficado dez anos preso. Não tinha jeito de voltar.
Exato. Mas provou que o exército francês errou. Teve um erro muito grande.
Então, isso é para não que respeitam os erros. Por que nós temos que provar que o Mensalão foi julgado equivocadamente, não tinha prova, inventou uma tese que não existia? Para que não errem novamente.
Nós temos que servir de exemplo para a famosa pílula, para não repetir.
[ALTAIR TAVARES]
O judiciário hoje, na sua visão, depois de todo esse processo, está mais cauteloso, mais cuidadoso?
[DELÚBIO SOARES]
Altair, eu acredito na Justiça. O judiciário brasileiro entrou na mesma situação da mídia brasileira. A mídia brasileira, em 2005, impactou a sociedade. Impactou o judiciário, impactou o PT, impactou a sociedade da compra de voto, que não existia.
Dos 413 depoimentos que teve no julgamento, nenhum confirmou compra de voto, inclusive do Roberto Jefferson. E perante o juiz, o dinheiro do PTB foi para pagar despesas de campanha. Os demais partidos, pergunte para cada um.
Ele acusava todos nós de ter pago os deputados para votar com o governo. Isso não era verdade. O que nós fizemos foi pagar a dívida de campanha dos partidos aliados do governo naquele momento, porque naquela época tudo isso era normal.
Aí criou a tese de compra de voto e nós fomos condenados. E massacrado a imprensa, a imprensa punição, família perseguida. É uma história longa.
E nós temos que ver o seguinte, como superar tudo isso? E aí a questão da resistência. É, por isso que tem o vídeo.
O vídeo que você iniciou falando. Resistência, fé, acreditar naquilo que você fez, acreditar na verdade, acreditar na justiça. E o judiciário, a sua pergunta, o judiciário foi impactado.
Ele foi impactado pelas notícias. Ele foi no mesmo, na mesma onda. Quantas capas de jornais nós tivemos?
Quantas capas de revistas nós tivemos? No caso, o judiciário foi influenciado. Vamos chamar assim, impactado.
Porque é difícil influenciar o juiz, não o ministro. Eu respeito muito os ministros, mas no Mensalão eles erraram totalmente. Na Lava Jato erraram totalmente.
Depois tiveram que refazer. Hoje o judiciário, quando refaz a prisão em segunda instância, que ele aprovou em 2016, para botar na cadeia de novo. O STF, que é o órgão máximo, nós temos que ter claro o seguinte, todos os homens são iguais.
E todos eles, depende de onde estão, e alguns erram. E quando um juiz, um ministro do STF, erra, o ministro Toffoli confessou outro dia num jornal, tem um ano mais ou menos. Eu sabia que o pessoal do Mensalão era inocente, mas eu tinha que condenar.
Para diminuir a pena. Pode um negócio desse? O ministro do STF, ministro de (DIAS) Toffoli, pode pegar a entrevista dele?
Eu tinha certeza que o pessoal era inocente. Condenei.
[ALTAIR TAVARES]
. Por isso que dizem que tem muita subjetividade no judiciário, nos julgamentos, infelizmente.
[DELÚBIO SOARES]
É difícil a gente julgar um ministro. Ontem mesmo, o Barroso dizendo, eu estou vendo agora, o Fórum de Lisboa, lá longe, que no Brasil tem muito direito, que tem que ter menos direito. O ministro do STF está lá para julgar as causas, não é para influenciar da opinião política.
Opinião política se dá no Congresso Nacional, se dá nos partidos.
[ALTAIR TAVARES]
Nisso eu concordo.
[DELÚBIO SOARES]
Perfeitamente.
[ALTAIR TAVARES]
Todo mundo poderia assumir essa situação.
[DELÚBIO SOARES]
Se o ministro que vai julgar fala que tem muito direito, qualquer direito ele vai julgar contra. Ele já está dando sinalização que vai jogar a favor de quem? Dos poderosos.
O ministro Barroso agora, que eu ajudei, trabalhei para a indicação dele para o STF. Mas não importa quem se indicou. Uma vez o ministro indicado, ele tem toda a liberdade.
Só que ele está livre para cumprir a Constituição. Ele tem que falar dentro da Constituição e não ficar dando opinião política.
[ALTAIR TAVARES]
Esse é um dos problemas hoje do judiciário?
[DELÚBIO SOARES]
Eu acho que tanto do judiciário quanto do Ministério Público que cada um, não tem aquele negócio de cada um no seu quadrado? Sim. Nós temos que trabalhar.
Quem é da política tem que fazer política, tem que fazer proposta, tem que debater o direito do governo. Governar é o direito da oposição. Fazer a oposição dentro dos limites constitucionais.
Agora, o que acontece? Quando o judiciário entra para a política, não dá certo. Foi assim no mundo inteiro.
E aqui no Brasil nós pagamos por isso.
[ALTAIR TAVARES]
E o inverso? A política entrar no judiciário?
[DELÚBIO SOARES]
Também está errado. Porque são três poderes, não são? A Constituição Brasileira.
Desde a Constituição Brasileira, desde D. Pedro, tem o judiciário, tem o executivo, tem o legislativo. Aí o que acontece?
Um não pode interferir no outro. Por isso que é fundamental ter a política. Nós temos que resolver todas essas questões da política.
[ALTAIR TAVARES]
Quando leva a política para o judiciário, dá confusão. O ministro Dino, se não me engano, ontem ou anteontem, lá nesse mesmo fórum, disse que tem demanda demais no judiciário. Todo dia tem uma demanda.
Ou seja, a política precisa resolver mais os seus problemas. E aí, tem essa questão do projeto, decreto-lei do judiciário sobre o legislativo, sobre o IOF. Nós vamos entrar nesse assunto também, nesses assuntos factuais, já, já.
Voltando a essa questão da sua história. Para a sua reconstituição histórica, enfrentar o processo eleitoral do ano que vem, está no seu projeto?
[DELÚBIO SOARES]
No meu horizonte, como te falei, eu estou totalmente livre das ações judiciais. Estou totalmente tranquilo. Não tem nenhum impedimento de eu ser candidato no ano que vem.
Eu vou colocar, eu tenho que conversar com as pessoas, e vou colocar, um conjunto de pessoas acham isso também, tem discutido comigo, da importância de eu colocar o meu nome para o ano que vem, ao partido do qual eu sou afiliado, ao Partido dos Trabalhadores, vou colocar à disposição do Partido dos Trabalhadores a perspectiva de ser candidato a deputado federal. Aí o partido vai decidir no momento certo, que é junho, julho, por aí, na sua convenção, se for aprovado eu sou candidato, se não for aprovado eu vou continuar militando como sempre.
[ALTAIR TAVARES]
O partido tem reeleição de Rubens Ottoni, reeleição de Adriana Corsi, isso também está no horizonte, né?
[DELÚBIO SOARES]
Está no horizonte total do partido. O partido tem, aqui em Goiás, eram 17 deputados, estão trabalhando para ter 18. Agora serão 18.
Então nós temos 19 vagas na nossa federação, PT, PCdoB, IPV. Eu posso ser um desses candidatos. 19 vagas de candidatos.
Para 18 cadeiras. O PT tem duas, a federação nossa tem duas. Não pode aumentar?
Pode. Então vamos disputar a terceira vaga, a quarta vaga, vamos fazer uma chapa consistente para aumentar a bancada. É nisso que eu quero contribuir.
[ALTAIR TAVARES]
O senhor foi presidente do Sinteco, quando era… Outro nome? É o CPG.
. Foi da diretoria lá com Niso Prego. O senhor acha que ainda tem base na educação?
[DELÚBIO SOARES]
Agora vamos conferir em outubro, se eu vou ter voto ou não vou ter. Não tenho pressa para isso. As pessoas, olha Ottoni, as pessoas me perguntam, como é que você vai fazer a campanha?
Eu sei que tem duas coisas só que eu posso fazer. Eu tenho disposição e as pessoas sabem quem eu sou. Todos os meus colegas que deram aula junto comigo, o ministro do movimento de professores, os meus alunos, todos sempre que eu encontro, é um carinho muito grande.
[ALTAIR TAVARES]
Mas a geração de eleitores mudou muito. O senhor conseguiria conexão com os filhos desses eleitores? Tem que conectar com os netos.
[DELÚBIO SOARES]
Exato, tem que conectar com os netos. Vamos trabalhar para isso. Eu vou conversando com as pessoas.
Tenho disposição para isso. Se chegar ao ponto, quando chegar ao processo eleitoral, vamos avaliar. Primeiro tem que ganhar, convencer a maioria do partido, a legenda.
Segundo, depois vou fazer a campanha. Até lá eu vou conversando com as pessoas. Tem que conversar.
O nosso negócio é que eu acho que a política tem que conversar. Nós temos que dialogar, seja com o setor produtivo, o setor os trabalhadores organizados, os trabalhadores que ainda não conseguiram a organização, o movimento popular. O Estado de Goiás vai ter cinco milhões e meio de eleitores o ano que vem.
Tem que votar todo mundo. Tem que trabalhar para ter voto. A disputa é ferrenha, não é fácil.
Até de síndico tem disputa difícil. Não é? Quem mora em prédio, sabe?
Toda vez que tem eleição do síndico, tem um candidato que é mais ou menos consenso, outro mais ou menos assim, e acaba elegendo. Tem surpresas no meio da linha. Toda eleição tem surpresa
[ALTAIR TAVARES]
Tem surpresas no meio da linha. E mudou muito o processo eleitoral de quando o senhor já participava mais diretamente, mas recentemente o senhor esteve nos bastidores.
O senhor está atualizado com as dificuldades e, principalmente, no caso de parlamentares, dizem por aí, muitos analistas, que o sistema de emendas parlamentares tende a fortalecer a renovação dos mandatos e dificuldade talvez o inverso, a reeleição dos mandatos e dificuldade da renovação. Concorda com isso ou não?
[DELÚBIO SOARES]
Se poder econômico valesse sempre, a deputada é muito forte, mas se valesse sempre, jamais Lula seria presidente da República. Jamais em 2002 nós elegemos, o PT, na época eu era tesoureiro do PT, eu usei de ser o presidente, nós elegemos 91 deputados. Sem poder, nós estávamos na oposição com muito pouco recurso.
São duas coisas diferentes. A estrutura ajuda, mas o que define o voto para o Parlamento, o voto para a Presidente da República, é a política. E a mesma coisa no Governo do Estado.
A política, uma vez ela colocada, ela pode vencer ou pode perder. Então, nós temos que ter claro o seguinte, nós temos que trabalhar nesse caso, respeitar os deputados, não temos que brigar com nenhum deputado. Eles foram eleitos, vão, todos têm o direito e a legitimidade de continuar como deputado.
Agora, o deputado não é um cargo permanente, deputado não é uma profissão. Vereador não é uma profissão. Prefeito não é uma profissão.
É uma circunstância na qual os partidos escolhem alguns candidatos e o povo decide. Decide hoje que é deputado, mas pode decidir que seja outro.
[ALTAIR TAVARES]
Delúbio Soares, em entrevista conosco aqui no Diário de Goiás. Você tem aí uma tem uma situação, hoje, dá-se a impressão que o governo Lula ou a esquerda, não especificamente o governo do Lula, a esquerda aprendeu um pouco e agora na reação com a hashtag Congresso inimigo do povo, taxação dos mais ricos, o próprio presidente Lula mostrou esse cartaz. Aliás, uma das imagens mais fortes dos últimos tempos, do ponto de vista de mensagem política.
A esquerda acertou o tom ou acertou o mote da campanha que é justiça tributária?
[DELÚBIO SOARES]
O mote do PT sempre foi justiça, igualdade social. Como se faz no Brasil igualdade social? É ou através do governo e o governo colocando à disposição do mais pobre o orçamento federal.
Uma vez que o orçamento federal foi sequestrado pelo Congresso Nacional, mais da metade dos recursos que tem para investimentos são destinados às emendas. Estou dizendo que as emendas têm que é um cambalacho, não estou dizendo isso. Mas as emendas são para atender problemas pontuais.
Então são 55 bilhões de reais do orçamento do Brasil que é colocado para resolver o problema. Arrumar uma pinguela ali, arrumar uma pontezinha ali, pintar uma escola, trocar o piso de um hospital, que não é fundamental. Isso no Brasil inteiro.
Não estou dizendo que esses 55 bilhões é necessário, é suficiente para resolver os problemas. Fazer um show. Um dia lá em Buriti, eu vi lá os quatro, os três deputados.
Um deputado estadual, um deputado federal e um senador. Lá foram lá, fizeram uma big festa. É aniversário da cidade?
6 bilhões de reais para uma festa. É que foi anunciado. Tem um vídeo do senador Wilder, do Bruno Peixoto e um deputado aí que é, acho que delegado, não é Nilvani, não.
Um deputado. E foram lá, cada um deu um milhão, um milhão e pouco. Para o Buriti.
[ALTAIR TAVARES]
Em emendas. Em emendas. Está vendo como a expressão é muito forte?
O deputado dá. DELUBIO É, mas é o dinheiro do orçamento.
[DELÚBIO SOARES]
Ele tem direito a esse dinheiro do orçamento. Porque está na lei. Os deputados têm direito.
São 550 Bi, dividido por 590 e poucos deputados, 594 parlamentares, 513 deputados, 91 senadores. Esses recursos, vamos lá, dividir por cada recurso. São 40, são 92 milhões por ano por cada deputado.
E cada deputado tem direito, acho que 40 ou 50 milhões de reais na emenda dele. O resto são emendas coletivas. Seja de comissão, seja de bancar.
É muito recurso. É muito recurso. É muito recurso para o que as pessoas possam fazer.
Agora, isso não significa que o deputado consiga se reeleger com esses recursos. Nós já vimos, na época da ditadura, a oposição, o MDB, na época, não tinha recurso nenhum. Mas a ditadura tinha todos os recursos.
Na eleição passada, ontem mesmo nós vimos, o ministro Marinho esteve aqui e ele mostrou claramente, demonstrou nas duas organizações que ele foi debater, tanto na FECOMERCIO como na ADIAL, foram lá conversar, dialogar, e ele mostrou para os empresários. O governo Bolsonaro, na eleição passada, gastou 300 bi, deixou um ronco de 300 bi para garantir a sua reeleição. Mesmo assim, não se reelegeu.
Então, o momento é o debate político. O que nós queremos com o país? Qual o futuro do Brasil?
Nós vamos ter um Brasil, nós queremos um Brasil com trem de alta velocidade entre as cidades com mais de 200 mil habitantes. Isso, nós temos que trabalhar para isso. Para isso, nós temos que começar a construir uma proposta nova.
Mudar o modelo das ruas, não tem mais. Até Goiânia hoje, Goiânia que tinha um trânsito há dez anos atrás totalmente livre, hoje tem horas que você gasta uma hora, duas horas para andar cinco quilômetros. Então, nós temos que desafogar as cidades, valorizar o transporte coletivo, integrar o transporte.
Nós estamos vendo o exemplo da China, da Europa com trem de alta velocidade. Todo mundo vai na Europa quer andar de TGV, todo mundo vai no Japão quer andar de trem bala.
[ALTAIR TAVARES]
Quem dá conta, né? Nem todo mundo dá conta.
[DELÚBIO SOARES]
Mas sabe que é eficiente, é mais rápido do que avião. Uma viagem de trem bala, uma viagem de trem de alta velocidade menos de 400 quilômetros, é mais fácil ir do que é de avião.
[ALTAIR TAVARES]
O tempo de embarque, o tempo de desembarque, o tempo de levantar o voo.
[DELÚBIO SOARES]
Hoje tem de alta velocidade mais de 300, a média é 300 quilômetros por hora, temos até 600. Então é muito importante trazer essa tecnologia para o Brasil. O que nós queremos fazer com a mineração brasileira?
Vamos continuar exportando minério de ferro ou vamos agregar valor? Vamos fazer o aço verde no Brasil ou não? Nós vamos mudar a escola tempo integral total no Brasil e salários decentes para os professores ou não?
E o tema da transição energética. E a transição energética. Duas coisas que nós temos que fazer no Brasil.
A lei do SUS é a melhor lei do mundo. Agora, os equipamentos e o tratamento do SUS deu uma avançada muito grande na pandemia. Se não é o SUS na pandemia, o número de pessoas que poderia ir a óbito era muito maior do que já foi, foi 700 mil.
E ninguém se responsabilizou por esses 700 mil. Então, o atraso da vacina, o atraso do tratamento, a ignorância de não ter lockdown, de fechamento para a doença expandir. A ignorância foi muito grande.
E também, uma das coisas mais importantes que eu já ouvi, só existe um mal no mundo, Antônio. A ignorância. Só existe um bem, o saber.
Vou repetir. Só existe um mal no mundo, a ignorância. Só existe um bem, o saber, que é a ciência.
Esses malucos que teve no governo, propaganda, influência, totalmente dizendo que a Terra não é redonda.
[ALTAIR TAVARES]
Negacionistas.
[DELÚBIO SOARES]
Os negacionistas, pode um negócio desse?
Tem gente que tem curso superior, que estudou, viu o mapa, olha hoje no satélite, vê tudo. Continua com essa ignorância. Então, nós temos que construir o Brasil.
A saúde brasileira tem todos os instrumentos institucionais para ser uma das melhores do mundo. Nós temos que… Nós temos que investir na indústria dos fármacos.
Nós somos, hoje, uma maior dependência nossa é de comprar insumo. Nós temos que estimular as empresas do Brasil a produzirem insumos básicos para fazer os remédios para diabetes, remédio para pressão alta, remédio para evitar, quando se faz um transplante, para evitar a rejeição. Tudo isso tem investimento.
Nós temos três coisas no mundo hoje, que movem o mundo. Alimentos, subsolo, quando eu falo subsolo é minério, é água, água é fundamental, é petróleo, tudo que vem de subsolo. Nós temos isso com floresta.
[ALTAIR TAVARES]
E tecnologia.
[DELÚBIO SOARES]
A outra é tecnologia. Desenvolver sem tecnologia é muito difícil.
Por isso que nós temos que investir na educação integral. De 0 a 25 anos. O aluno tem que ficar na escola de 0 a 25 anos por conta do Estado.
E aqueles que podem pagar podem estudar na escola privada, não tem nenhum problema. Tá aí. A escola brasileira hoje, ela é boa na ponta.
A escola pública. As creches, o e-mail, não importa o nome. Pública é de excelente qualidade.
E quando você passa o curso superior, passa do mestrado, o doutorado, o pós-doutorado, você conhece alguma instituição privada que faz. São tudo públicas. E são referências internacionais.
[ALTAIR TAVARES]
Delúbio, sobre a eleição de 2026, pode tomar uma aguinha para ficar mais tranquilo, porque eu estou gastando bastante o verbo aqui.
[DELÚBIO SOARES]
É um prazer muito grande falar com você. Eu agradeço.
Quem é o adversário preferido do PT? Bolsonaro ou alguém do sobrenome Bolsonaro ou Tarcísio de Freitas? Olha aí.
Com a experiência que eu tenho, ninguém pode escolher adversário. Nós temos escolhido o nosso candidato. Será Luiz Inácio Lula da Silva.
Quem vai disputar com o Lula é o problema do… É igual a festa de Parintins. Você já foi?
[ALTAIR TAVARES]
Não, mas acompanho.
[DELÚBIO SOARES]
Eu também nunca tive o prazer de ir. Eu quero uma hora ir. Lá tem o boi garantido e tem o boi caprichoso.
Ninguém do garantido fala mal do caprichoso e vice-versa. Só é o boi contrário. O adversário é que escolhe seu candidato.
Pra mim, nós temos que escolher o nosso. O nosso time. E colocar o nosso time em campo.
O adversário é que faça o trabalho dele.
[ALTAIR TAVARES]
Com os dados de hoje, de pesquisas eleitorais, o contexto dessas questões que envolvem o Congresso, novas campanhas voltadas para taxação dos super-ricos, qual é o grau de competitividade de Luiz Inácio Lula da Silva para a seleção de 2026?
[DELÚBIO SOARES]
Eu creio que é um grau muito importante. O presidente Lula é o político mais conhecido do Brasil. Isso já evita muita coisa.
Ele é respeitado por uma parte significativa da população e tem os negacionistas que falam, que falam que tudo é usar. O Brasil apresentou um negócio chamado fake news, que é natural, é a origem das mentiras políticas que nós sempre tivemos no país. Agora, o Lula é um candidato extremamente competitivo.
Competitivo por quê? Porque ele é conhecido, tem legado, tem um bom governo, está fazendo um bom governo, é o menor índice de desemprego do Brasil hoje, a Bolsa está crescendo, o dólar está caindo, o PIB está crescendo, o Brasil está sendo referência no mundo. Então tem tudo para ganhar a eleição e nós vamos trabalhar para ganhar.
Agora, quem vai decidir é um chamado eleitor. E eu quero aqui aproveitar esse debate para chamar as pessoas para participar do processo eleitoral, discutir a eleição, discutir política, porque se a pessoa não gosta de política e não discute, e não participa, quem gosta vai governar para ele. Então nós temos que envolver o…
[ALTAIR TAVARES]
Essa frase é do presidente Lula, ele já falou isso há muito tempo.
[DELÚBIO SOARES]
Sim, mas eu sou… Discípulo. Não chego a ser discípulo, não.
Tem alguma coisa mais próxima que é discípulo? Não, né? Amigo, discípulo, parente.
Eu gosto, não sou parente do Lula, não. Ele é Silva, eu sou Soares. Ele é mais famoso do que eu.
O Silva é a maior família do Brasil, a Soares é menor. Então, o que que acontece? Acho que nós devemos chamar todo mundo para participar da eleição.
A eleição tem que ser participativa. E aí o eleitor não tem o direito de escolher. A coisa mais importante que a pessoa tem em vida, em vida adulta, é o voto.
Porque nós só temos três igualdades no Brasil. Nós temos uma ampliada igualdade. Quando nasce, toda criança é igual.
Quando morre, todo mundo ou é sete palmas ou vai… Morre, morre, não tem mais isso, né? E quando vota, é igual.
O voto do frentista é a mesma coisa do voto do brasileiro mais famoso que nós temos. Eu não sei se é o Nicolelis, se é o Neymar, se é… Qualquer brasileiro, Roberto Carlos, o voto da dona de casa vale igualzinho no voto do empresário.
Mas quem tem mais poder econômico arruma mais votos, né? Mas isso depende… Por isso que eu estou trabalhando há vários anos para trabalhar a consciência política.
A revolução está dentro da cabeça das pessoas. Não é no corpo. Nós temos que ganhar mentes e corações, como dizia lá atrás, para que as pessoas possam entender o que é um processo de uma sociedade com justiça social, uma sociedade…
Trabalhar para uma sociedade igualitária é o que está no nosso manifesto, para que a gente possa construir um novo patamar onde homens e mulheres têm os mesmos direitos e o mesmo tratamento. Onde as pessoas, todas elas, não importa a origem, se é origem da comunidade africana, se é da comunidade europeia, se é da comunidade andina, asiática, convivem no Brasil. O Brasil é um misto de tudo isso aqui.
Normalmente, tem um preconceito muito grande com os afrodescendentes. Muito grande. E já melhorou muito.
Mas nós temos que melhorar. Não é melhorar, tem que ter igualdade racial no Brasil.
[ALTAIR TAVARES]
O senhor não quis falar de adversários, mas uma das dificuldades dos adversários é entrar no Nordeste, onde Lula tem, historicamente, uma votação acima de 55%. Me corrija se eu estiver equivocado. Mas, ao mesmo tempo, Lula tem dificuldade no Sul.
A tendência do ano que vem é essa diferença ser marcante novamente?
[DELÚBIO SOARES]
Eu tenho trabalhado muito, conversado com as pessoas, para que a gente possa trabalhar para que a eleição seja resolvida no primeiro todo. Isso é possível. Na eleição passada, Lula estava na oposição e o ex-presidente estava na situação em que…
O adversário. O concorrente. O contrário, vamos chamar o contrário.
O contrário estava na situação. Queimou 300 bilhões de dólares do orçamento para garantir a sua eleição. Não conseguiu.
O adversário já não vai ter toda essa máquina à sua disposição. O que vai acontecer na eleição? É possível manter o mesmo patamar que o Lula teve no Nordeste.
E é possível aumentar o patamar do Lula nas cidades, nas regiões que o Lula perdeu a eleição com o adversário. Isso é possível fazer? É possível fazer.
Em Goiás mesmo, nós vamos… Seja quem for o candidato a presidente da República, eu não vou escolher o adversário, nós vamos aumentar a votação em 5, 6% aqui em Goiás do Lula no primeiro turno. Vamos aumentar a bancada.
5, 6 pontos. Nós tivemos 36% no primeiro turno. Vamos ter 40% então.
O Lula já teve mais de 50%. Já teve, mas hoje não teve. Quando você fala do Nordeste, a eleição contra o Collor.
A eleição é momento. Nós perdemos no Nordeste. Ganhamos no Rio Grande do Sul.
Ganhamos em Brasília. Ganhamos vários centros importantes. Ganhamos a eleição na cidade de São Paulo.
Então vários centros importantes nós ganhamos no Sul. E perdemos no Nordeste. Depois as coisas foram modificando, nós tivemos uma votação extraordinária no Nordeste e querendo mantê-la.
Você viu a carreata? A carreata não. O Lula foi participar da festa do 2 de julho na Bahia.
A maior multidão que foi atrás dele. É muito importante. E Rio de Janeiro tem o fator paz também.
Vamos discutir. Essas alianças, elas serão… Todo mundo fala, o fulano não vai estar com o Lula, o fulano vai estar na oposição.
Vamos aguardar o tempo. O tempo é muito importante no fato. Nós estamos há um ano e pouco da eleição.
Nós vamos ter a eleição em outubro do ano que vem. Nós temos 13 meses, quase 14 meses ainda da eleição. E vamos construindo.
Vamos fazer as alianças. As alianças são importantes. O trabalho em cada cidade, em cada estado é importante.
E vamos construindo isso. O PT está renovando o seu diretório agora, aqui em Goiás mesmo. Nós vamos ter uma reestruturação do partido.
A professora Neide vai ser a nossa presidente municipal. E a companheira Adriana Costa, a delegada Adriana, nossa deputada federal, será a presidente estadual do partido. E nós vamos…
O Edinho vai ser o nosso presidente nacional. Respondendo a sua pergunta, eu só serei candidato interno do PT quando eu tiver mais condições, mais estrutura. Por que eu falo estrutura?
Eu saí de um processo, fiquei 20 anos respondendo e lutando para mostrar a minha inocência. Consegui mostrar a minha inocência. Agora eu tenho que reconstruir.
Aquelas pessoas que estavam no partido, que estavam estruturando o partido, elas devem dirigir o partido. Eu tenho falado para as pessoas. Nem delegado nacional do Congresso, eu vou ser delegado estadual para dar minha contribuição aqui no Estado. E outros companheiros ir para o diretório nacional.
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