07 de julho de 2025
Política

#CongressoInimigoDoPovo: crise entre governo e Congresso vira guerra digital e viraliza nas redes sociais

Mais de 1,4 milhão de publicações abordaram o episódio desde o início do embate. Só a hashtag #CongressoInimigoDoPovo foi citada mais de 408 mil vezes
A figura mais diretamente atingida foi o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que presidiu a sessão que derrubou o decreto presidencial. Foto: Reprodução.
A figura mais diretamente atingida foi o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que presidiu a sessão que derrubou o decreto presidencial. Foto: Reprodução.

O conflito político entre o governo Lula e o Congresso Nacional ganhou contornos inesperados nesta semana: deixou os bastidores da política institucional e explodiu no campo simbólico das redes sociais. A derrubada do decreto que retirava isenções do IOF para instituições financeiras provocou forte reação virtual e, com ela, a ascensão da hashtag #CongressoInimigoDoPovo, que se tornou símbolo de um novo desgaste entre eleitores e parlamentares.

Mais de 1,4 milhão de publicações abordaram o episódio desde o início do embate. Só a hashtag #CongressoInimigoDoPovo foi citada mais de 408 mil vezes. Outros termos como #CongressoDaMamata (502 mil), #HugoMottaTraidor (238 mil) e #RicosPaguemAConta (83 mil) também entraram para os trending topics nas redes, acompanhados por memes, sátiras e duras críticas à condução do Legislativo no caso.

A figura mais diretamente atingida foi o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que presidiu a sessão que derrubou o decreto presidencial. Alvo preferencial das postagens, Motta passou a ser retratado como símbolo de um Congresso distante das pautas populares. Em montagens compartilhadas amplamente no X (ex-Twitter), ele aparece sentado sobre pilhas de dinheiro, pedindo corte em programas sociais, uma imagem que cristaliza o sentimento de traição à população mais vulnerável.

“O Congresso vota com os ricos e despreza o povaréu”, esse foi o tom dominante nos comentários e memes que varreram o ambiente digital. O clima de indignação não ficou restrito a militantes ou perfis ideológicos. O episódio mobilizou desde influenciadores progressistas até eleitores independentes, refletindo uma insatisfação acumulada em temas como desigualdade fiscal, privilégios do Legislativo e falta de transparência.

O movimento virtual também abriu espaço para pautas antes periféricas ganharem força, como a taxação de grandes fortunas, a redução da jornada 6×1, o fim dos gastos excessivos dos parlamentares e o debate sobre o aumento no número de deputados. Para muitos usuários, o caso do IOF foi só a faísca: o combustível da revolta está acumulado há tempos.

O ministro do STF, Gilmar Mendes, comentou indiretamente a tensão durante evento em Lisboa, sugerindo uma “pausa para reflexão”. Mas o apelo à moderação contrasta com o atual estágio da crise: o desgaste do Congresso é real, a crise de imagem é profunda e a trégua parece distante.


Leia mais sobre: / / / / Cidades / Notícias do Estado / Política