19 de abril de 2025
Reafirmou • atualizado em 29/03/2025 às 15:54

Como na coletiva, Bolsonaro admite mais uma vez em entrevista que viu e discutiu minuta do golpe

À Folha de S.Paulo, o ex-presidente afirmou ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio e intervenção federal em 2022, apesar das possibilidades terem sido descartadas
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente confirmou que discutiu as alternativas, no entanto, descartou as possibilidade "logo de cara". Foto: Reprodução
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente confirmou que discutiu as alternativas, no entanto, descartou as possibilidade "logo de cara". Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu pela segunda vez esta semana que viu e discutiu a minuta do golpe com auxiliares e aliados. Como na coletiva de imprensa realizada após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de torná-lo réu pela trama golpista, Bolsonaro voltou a dizer que conversou sobre o estado de sítio e intervenção federal em 2022, após derrota nas urnas.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente confirmou que discutiu as alternativas, no entanto, descartou as possibilidade “logo de cara”, quando entendeu os riscos das ações. Questionado pela equipe de reportagem da Folha sobre os motivos de ter tratado das medidas com os militares, Bolsonaro respondeu que “não tem problema nenhum conversar”.

“Tem que discutir com várias pessoas. Eu tenho muita confiança nos militares. Não tem problema nenhum conversar. Conversa primeiro com o ministro da Defesa. Depois, na segunda reunião que apareceram os caras lá. Existe algo fundamentado, concretamente, para que as pessoas procurem uma alternativa? Chegou à conclusão que, mesmo que tivesse, não vai obrigação. Então esqueci”, argumentou o ex-presidente.

Perguntado se a iniciativa não se tratava de uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro respondeu ainda que para se tratar de golpe seriam necessarias medidas mais profundas e incisivas. “Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história que nos mostra, você não resolve em meses. Anos. E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está na imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O “after day”, como é que fica? Então foi descartado logo de cara“, detalhou, explicando os motivos de ter descartado as possibilidades já de início.

Jair Bolsonaro é acusado de cinco crimes: formação de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência; e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

De acordo com ele, as acusações contra sua pessoas são “graves e infundadas”. “Um dos cinco crimes aí é o dano ao patrimônio. Eles vão ter que demonstrar que eu estava aqui em Brasília. Eu estava nos Estados Unidos. Eu acho que ninguém tem dúvida disso”, apontou Bolsonaro na conversa com a Folha.

“Completamente injusta uma possível prisão. Completamente injusta. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Onde eu tentei dar um golpe? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras“, enfatizou, admitindo que chegou sim a discutir a minuta do golpe.


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