Ao afirmar, em um vídeo de uma reunião, que ficou surpreso ao saber que apenas 2% dos pacientes com câncer são crianças, Marconi Perillo cometeu um grave equívoco na crítica à construção do Hospital Cora. Vida não se resume a estatística: cada existência tem valor único. O ex-governador do extinto PSDB demonstra desprezo pela vida e desrespeito a esses pacientes e ao que eles merecem. Na tentativa de criticar a construção da unidade, em parceria com a Fundação PIO XII, responsável pelo Hospital do Amor de Barretos, ele revela incoerência em relação ao discurso que sustentou em suas gestões sobre a atenção ao ser humano.
Não há razão plausível na insistência do ex-governador em manter uma crítica que ignora quantas vidas serão salvas com a criação de uma referência de atendimento oncológico infantil em Goiás.

Além disso, ao afirmar que passa pela BR-153 e vê um “caixote”, ele revela completo desconhecimento dos fatos. Sua crítica é derrubada pelas ações concretas e pelas fotos da visita recente do conselheiro do TCE, Sebastião Tejota, às instalações internas.
O vídeo da reunião em que ele faz as duas referências mencionadas — publicado e depois removido das redes sociais no final de abril — mostra um encontro no Hospital Araújo Jorge. As imagens refutam a crítica ao “caixotão”: a obra não se resume ao exterior; por dentro, encontra-se em fase final de preparação para iniciar a operação da primeira etapa.
O “caixote” já é um hospital equipado, com estrutura adequada e funcionários em treinamento, como o Diário de Goiás já informou.
Com mais de 44 mil metros quadrados de área construída, o complexo contará com 148 leitos; atendimento ambulatorial oncológico adulto e infantil; serviços de diagnóstico; salas de infusão de medicamentos; centros de reabilitação e quimioterapia; serviços de apoio e pronto atendimento 24 horas; além de leitos de UTI. A ala infantil, que receberá leitos de internação, terá ainda centro cirúrgico, farmácia, centro de exames por imagem e de infusão quimioterápica.
Para concluir, Perillo questiona a modalidade de construção, estabelecida em parceria com a Fundação PIO XII (Hospital do Amor) e pautada na inovação de gestão. O modelo foi aprovado pela legislação da Assembleia Legislativa e submetido a controle e avaliação do Tribunal de Contas do Estado.
Quando se iniciaram as contratações por meio de organizações sociais (OS), o ex-governador enfrentou questionamentos muito mais pesados. A inovação daquela época, apesar dos casos controversos envolvendo OS, superou o período crítico.
Aos opositores cabe a tarefa democrática de fazer oposição — e não há restrição quanto a isso. Mas desprezar a necessidade de um hospital para crianças e adolescentes com câncer em Goiás — e de pacientes de outras unidades federativas encaminhados pelo SUS — não justifica crítica política alguma.
Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .