16 de maio de 2025
Publicado em • atualizado em 05/03/2025 às 16:39

Mabel erra na forma enquanto acerta no conteúdo

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, já  implantou um novo ritmo e um novo estilo na gestão da administração da capital, goste ou não. Mabel acerta no conteúdo ao cobrar dos cidadãos para que cuidem da cidade e não espalhem lixo onde não é local adequado para o descarte.

O prefeito que vai aos lavadores de carro da Praça Tamandaré para exigir que eles mantenham o local limpo faz o que se espera de um gestor, mas a cidade não está acostumada com isso. E o mesmo vale para o caso em que ele parou numa distribuidora de bebidas e fez a mesma cobrança. No primeiro caso, seguidores do Diário de Goiás demonstraram apoio ao prefeito.

O prefeito, no entanto, erra na forma. Ao dizer para um carroceiro que ele não pode jogar lixo na cidade, avisou que poderia mandar o cavalo dele para “fazer salchicha”. Ou seja, iria dar fim a uma propriedade privada do cidadão. Soou como ameaça.

Na distribuidora de bebida, afirmou que o empresário tem que manter o local limpo e ensinar aos seus clientes a manter a limpeza. Em tom de forte pressão, deixou claro que poderia mandar fechar o estabelecimento. Não soou bem de jeito nenhum.

O erro da forma está na contundência da fala do prefeito que tem que seguir o devido processo legal, o direito de defesa, em processos de fiscalização e multa de usuários. Um estabelecimento não deve ser fechado por que o prefeito manda, mas sim por que um processo legal foi conduzido do começo ao fim. Na prática, é a administração quem move a busca do respeito à legislação da cidade.

O entendimento de que o prefeito pode, inclusive, estar cometendo ato de abuso de autoridade com as cobranças que está fazendo mediante ameaças de cassação de licenças e “mandar o cavalo para fazer salchicha” pode gerar uma senhora dor de cabeça ao novo prefeito de Goiânia.

Na prática, basta o gestor ajustar a forma e manter as cobranças que tem feito por que elas tem um fator educativo. Uma cidade que tem um prefeito que cobra e dá o exemplo consegue disseminar uma perspectiva positiva para o município. Mas, depende da forma.

É preferível um prefeito que  cobra do que um que não faz nada ou que fica no gabinete sem promover uma ideia positiva para de respeito à cidade. Mabel não pode perder a empolgação de início de mandato para acomodação.

O jeito “mandão” serve para gestão de empresas, talvez, na perspectiva dele. Mas, não cabe para um prefeito. A cidade esperava e desejava um líder para conduzir a melhoria da qualidade de vida da população. E, dessa liderança se espera um caminho, uma ideia, um posicionamento ou uma referência.

O eleitor goianiense, goste ou não, reforçado por uma estrutura política anterior, dá valor ao gestor que tem “mão forte” e uma voz ativa. Um líder que demonstra força, sem abuso.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .