Nesta terça-feira (8), camelôs que atuam na região da Avenida 44, um dos maiores polos de comércio popular de Goiânia, ocuparam a Câmara Municipal da capital em protesto contra a proibição imposta pela Prefeitura de realizarem vendas nas calçadas e vias públicas da região. Os trabalhadores cobram diálogo, criticam a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e denunciam o uso excessivo da força durante fiscalizações.
Segundo os ambulantes, a fiscalização está mais rígida desde o último dia 31 de março, quando entrou em vigor a determinação da prefeitura para desocupação total das ruas. Desde então, a categoria tem realizado protestos diários e acusa a GCM de truculência. Um dos casos mais graves denunciados foi o de uma cliente, que teria sido atingida por uma bala de borracha no último fim de semana, durante a repressão a uma manifestação, conforme divulgado pelo Bom Dia Goiás.
Os protestos têm causado tensão na Avenida 44, com presença constante de policiais militares e guardas civis, uso de spray de pimenta e registros de confrontos. Nesta terça-feira, o clima ficou ainda mais acalorado, com relatos de empurra-empurra e dificuldades para lojistas abrirem as portas pela manhã. Muitos comerciantes relataram prejuízos devido ao afastamento de clientes.
Mesmo com a pressão dos camelôs, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, reafirmou sua posição em coletiva na semana passada: “Nós não vamos recuar, não”, afirmou. Segundo ele, a medida é necessária para organizar o espaço público e garantir condições adequadas de circulação e funcionamento do polo comercial. Confira a declaração feita pelo prefeito na íntegra:
Prefeitura oferece alternativas, mas camelôs reclamam
A Prefeitura de Goiânia informou que oferece duas alternativas aos ambulantes retirados: transferência para a Feira Hippie ou alocação em galerias da região da 44. De acordo com a gestão, mais da metade dos camelôs já teria aderido a essas opções. Mabel ressaltou que os interessados estão recebendo bancas na Feira Hippie sem custo adicional, pagando apenas a taxa comum do espaço.
“Estamos dando uma banca para o cara de graça na Feira Hippie. Ele paga a taxa como os outros pagam. Mas não vai estar comprando ponto por R$ 80 mil. Ele está ganhando de graça”, declarou o prefeito.
No entanto, os ambulantes alegam falta de clareza na indicação dos pontos oferecidos e temem que os locais sejam pouco movimentados. Muitos também dizem não ter condições financeiras de arcar com os custos de aluguel ou condomínio das galerias após o período inicial com descontos.
Lojistas apoiam ação da prefeitura, mas clima é de insegurança
Enquanto os ambulantes se mobilizam por permanência nas ruas, parte dos lojistas da 44 apoia a ação da prefeitura. Para eles, a retirada dos camelôs das calçadas é necessária para garantir a fluidez do comércio e segurança para clientes. “Temos 13 mil lojistas na 44. Por que 300 ou 400 têm que trabalhar ilegal?”, questionou Mabel. Apesar do apoio, o clima na região é de instabilidade, com protestos diários.
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