16 de maio de 2025
Mundo

Brasil sobe 47 posições em ranking de liberdade de imprensa

Segundo o ranking a mudança reflete um clima menos hostil ao jornalismo após o fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro
O país passou da 110ª posição em 2022 para a 63ª colocação neste ano, numa melhora considerada expressiva pelos organizadores
O país passou da 110ª posição em 2022 para a 63ª colocação neste ano, numa melhora considerada expressiva pelos organizadores

O Brasil subiu 47 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2025, divulgado nesta quinta-feira (2) pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O país passou da 110ª posição em 2022 para a 63ª colocação neste ano, numa melhora considerada expressiva pelos organizadores. Segundo a RSF, a mudança reflete um clima menos hostil ao jornalismo após o fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O levantamento, que analisa as condições para o exercício do jornalismo em 180 países, considera cinco indicadores: político, social, econômico, marco legal e segurança. Em 2025, o fator econômico foi o que mais impactou os resultados globais, refletindo desafios como concentração de propriedade, pressões de anunciantes e incertezas financeiras.

Apesar da melhora brasileira, o cenário mundial é de alerta. Segundo a RSF, seis em cada dez países caíram no ranking, e pela primeira vez desde o início da série histórica, a liberdade de imprensa é considerada “ruim” em metade dos países avaliados. Apenas um em cada quatro países tem situação “satisfatória”. A pontuação média global ficou abaixo de 55 pontos, indicando que o jornalismo enfrenta condições “difíceis” na maior parte do mundo.

Para Anne Bocandé, diretora editorial da RSF, a fragilidade financeira das empresas jornalísticas tem relação direta com a qualidade da informação disponível à sociedade. “Sem independência econômica, não há imprensa livre”, afirma. Segundo ela, a vulnerabilidade dos veículos compromete o pluralismo e os torna suscetíveis a pressões políticas e econômicas.

A organização também chama atenção para o papel das grandes empresas de tecnologia. O domínio de plataformas como Google, Facebook e Amazon na distribuição de conteúdo e na captação de recursos publicitários fragiliza a sustentabilidade do jornalismo profissional. Em 2024, o gasto global com publicidade em redes sociais atingiu US$ 247,3 bilhões, aumento de 14% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, essas plataformas favorecem a disseminação de conteúdos manipulados, agravando a desinformação.

Retrocesso em países vizinhos

Enquanto o Brasil apresentou avanço, países como Argentina e Peru sofreram quedas expressivas. A Argentina caiu para a 87ª posição, impactada pelas ações do governo Javier Milei, que desmantelou a mídia pública, estigmatizou jornalistas e usou a publicidade estatal como forma de pressão política. Já o Peru aparece na 130ª posição, após perder 53 lugares desde 2022, em meio a assédio judicial, campanhas de desinformação e ataques à imprensa independente.

Nos Estados Unidos, que ocupam a 57ª colocação, a segunda presidência de Donald Trump é apontada como fator de deterioração do ambiente jornalístico. O relatório destaca a politização de instituições, hostilidade contra jornalistas e a redução do apoio à mídia independente. Um dos marcos foi o fim do financiamento federal da Agência de Mídia Global dos EUA.

Regiões mais perigosas

O Oriente Médio e o Norte da África continuam sendo as regiões mais perigosas para jornalistas. A RSF destacou o massacre de profissionais da imprensa em Gaza durante operações do exército israelense. Com exceção do Catar (79º), todos os países dessas regiões estão em situação considerada “difícil” ou “muito grave”.

Além da violência direta, outro fator de preocupação é a concentração de propriedade da mídia: em 46 países, os meios de comunicação estão sob controle de poucos grupos ou do próprio Estado, ameaçando o pluralismo informativo.


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