O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (22), durante entrevista ao canal bolsonarista Auriverde Brasil, que acorda todos os dias com a sensação de ter a Polícia Federal (PF) em sua porta. Indiciado em três inquéritos, Bolsonaro relatou receio de se tornar alvo de um mandado de prisão a qualquer momento.
“Eu acordo todo dia com a sensação da PF na porta. Qual acusação? Não interessa”, confessou ele na entrevista ao canal bolsonarista, nesta quarta.
Com isso, fez lembrar a piada da ex-deputada e ex-aliada Joice Hasselman (Podemos/PR), que fazia menção ao “toc, toc, toc” quando a PF chegasse na porta de bolsonaristas investigados que se tornaram seus inimigos viscerais, como no caso do ex-presidente. De 2023, a piada virou meme.
A declaração dessa quarta foi a segunda fragilidade pública de Bolsonaro dos últimos dias. No sábado, ao se despedir da esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que viajou para as festas da posse de Donald Trump nos EUA, enquanto ele teve o passaporte retido, o ex-presidente chorou no aeroporto.
Indiciamentos de Bolsonaro pela PF
O ex-presidente foi indiciado pela PF nas apurações da trama do golpe, por suposta fraude no cartão de vacinação para viajar aos Estados Unidos e pelas joias da Arábia Saudita. O caso mais recente ocorreu em novembro do ano passado, quando a corporação o indiciou por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa junto com diversas aliados e ex-assessores.
No âmbito deste inquérito de novembro, seu candidato a vice na eleição presidencial de 2022, o general Braga Netto, acabou preso em dezembro. O argumento para a preventiva se deu por uma tentativa de obstrução das investigações. Ele teria tentado acesso à delação premiada do ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro Cid.
Apoio a Trump
Sempre aliado das falas do atual presidente dos Estados Unidos, durante a entrevista, o ex-presidente ainda defendeu a atitude tomada por Trump, de excluir os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão teve grande repercussão mundial negativa tanto na OMS quanto entre líderes de outros países.
Para justificar, Bolsonaro falou sobre ações da OMS durante a pandemia da Covid-19 e afirmou, sem apresentar provas, que o presidente da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, estaria subordinado ao Partido Comunista Chinês (PCC).
Ele voltou a lamentar não ter ido à posse de Trump por estar sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na trama do golpe e com isso estar sem o passaporte. O ministro Alexandre de Moraes seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que defendeu a recusa em devolver o documento, porque a viagem aos EUA envolveria apenas um “interesse privado”.
“Eu queria estar nos Estados Unidos para ter essas conversas (com líderes). […] Nunca pensei em sair do meu país em definitivo. Eu sai lá atrás e poderia ter ficado, eu vou lutar pelo meu país”, insistiu.
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