Após fracassadas tentativas de negociação com a Prefeitura de Goiânia, o Hospital de Câncer Araújo Jorge anunciou, nesta terça-feira (17), a suspensão dos atendimentos oncológicos de primeira consulta regulados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. O município possui uma dívida de mais de R$ 55 milhões com a unidade especializada. A medida será válida, inicialmente, até o dia 1º de janeiro de 2025.
Em coletiva de imprensa, nesta terça (17), o presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), Alexandre Meneghini, justificou que a decisão foi a última alternativa encontrada diante da crise. “Buscamos todos os caminhos possíveis para evitar essa medida. Quero acreditar que até o início do próximo ano possamos retomar os atendimentos normalmente e até ampliá-los com o tempo. Mas isso depende diretamente das ações e posicionamentos das autoridades responsáveis”, afirmou.
A direção do Hospital pontua que, desde 2021, a ACCG tem buscado diálogo com a SMS de Goiânia, porém sem resultados satisfatórios. Com o débito acumulado, o hospital enfrenta dificuldades para honrar compromissos essenciais, como o pagamento de fornecedores, a segunda parcela do 13º salário dos colaboradores e a aquisição de medicamentos.
Esperança de negociação
Meneghini destacou que espera alguma ação por parte da nova gestão da capital. “Conversamos com o secretário de saúde, mas nada foi resolvido. Tentamos diálogo com o prefeito e com o governador. Pela linha de cuidado com o paciente, adaptamos processos internos na instituição. Espero que possamos obter ajuda em todos os níveis de governo. Confio no compromisso do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel, de regularizar os pagamentos do SUS e realizar gradativamente o pagamento dos valores acumulados durante a gestão de Rogério Cruz”, declarou o presidente da ACCG.
Em nota ao Diário de Goiás, o interventor nomeado secretário de Saúde de Goiânia até dia 31 pelo governador Ronaldo Caiado, com o aval do prefeito eleito Sandro Mabel, médico Márcio de Paula Leite, declarou que “todos os esforços estão sendo empenhados para minimizar os problemas”. No entanto, Leite destacou que “15 dias de intervenção não serão suficientes para solucionar os problemas, visto que os atrasos vêm sendo acumulados há muitos meses”. (Confira a nota na íntegra ao final da matéria)
Desde que foi eleito, Sandro Mabel vem afirmando que vai regularizar os repasses ao Hospital Araújo Jorge. Em reunião com a diretoria do Hospital no dia 21 de outubro, Mabel chegou a apresentar um plano para regularizar os repasses financeiros, declarando que a saúde será uma das suas prioridades de governo.
Na nota enviada pela equipe do gabinete de crise da Saúde, foi informado que Mabel “vem conversando e negociando com os prestadores e fornecedores”. Ele afirmou, ainda, que começará sua gestão pagando todos em dia e que os valores atrasados e não pagos da gestão de Rogério Cruz (Solidariedade) serão negociados e pagos em parcelas.
A ACCG reforça que, para solucionar a crise, será necessário um repasse imediato dos recursos pendentes, garantindo a sustentabilidade financeira do hospital e a continuidade do diagnóstico e tratamento oncológico.
Como ficarão os atendimentos
A estimativa do Hospital de Câncer Araújo Jorge é que a suspensão dos primeiros atendimentos oncológicos até o dia 1º de janeiro de 2025 afetará cerca de 200 pessoas, que deixarão de receber os cuidados nesse período. A direção esclarece que os pacientes impactados devem procurar o Complexo Regulador da SMS para obter mais informações.
O presidente da ACCG garantiu que o atendimento aos pacientes que já estão em tratamento não será interrompido. “Atendemos pacientes de todos os municípios goianos e também de outros estados. Fazemos de tudo para manter os serviços operando”, reforçou Alexandre Meneghini.
Confira abaixo a nota da equipe do gabinete de crise na íntegra:
“Em resposta às demandas da imprensa sobre as dificuldades enfrentadas por unidades de saúde filantrópicas e parceiras por falta de repasses da atual gestão municipal, o interventor Márcio de Paula Leite e toda equipe do gabinete de crise informam que todos os esforços estão sendo empenhados para minimizar os problemas e os transtornos enfrentados pela população que busca atendimento médico na capital.
Ele reforça que os 15 dias de intervenção não serão suficientes para solucionar os problemas, visto que os atrasos vêm sendo acumulados há muitos meses e que o trabalho é feito para equalizar o que é possível, considerando ainda os valores bloqueados pela justiça.
Os trabalhos estão sendo realizados com o acompanhamento do prefeito eleito Sandro Mabel e do próximo secretário municipal de saúde de Goiânia, Luiz Gaspar Pellizzer.
Sandro Mabel, por sua vez, informa que vem conversando e negociando com os prestadores e fornecedores. Ele afirma que começará sua gestão pagando todos em dia e que os valores atrasados e não pagos desta gestão serão negociados e pagos em parcelas.“
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